“Pois todos nós recebemos da sua plenitude, e graça sobre graça” (João 1:16)
Acima de tudo, temos que ter em mente duas coisas:
1. Deus quer que nós O busquemos cada vez mais.
2. Deus também quer que nós saibamos que, por maior que seja o nosso esforço, nós não vencemos sem a graça Dele.
Já vimos muito sobre este primeiro aspecto. Se nós não buscarmos a Deus, não adianta ficar clamando por uma “melhora”, pois você mesmo estaria dando um atestado vivo de que não quer memória alguma. Não adianta nada alguém buscar a ajuda de outro, se ele não ajuda a si próprio. Certa vez um irmão da igreja disse para o pastor orar e interceder por ele, porque a situação na casa dele estava “preta”. Ele se dizia desesperado e que precisava de ajuda em orações por ele. Então, o pastor propôs fazer jejum e se unir em uma corrente de oração com ele, durante pelo menos três dias de abstinência alimentar.
Mas, quando o irmão ouviu isso, disse: “Mas não agora, pastor, porque agora eu vou para a praia e quero é curtir a vida. Mas você pode ficar jejuando por mim!”; imediatamente o pastor retrucou: “Eu é que vou jejuar por você, enquanto você que está com o problema quer sair e ‘curtir a vida’? Eu vou jejuar por você é coisa nenhuma!”. O pastor está absolutamente certo. Como é que ele vai se colocar em oração intercessória pelo irmão da igreja, ficando em jejum durante três dias, se o próprio irmão não ajuda a si mesmo, não ora, não jejua, e quer ir “curtir a vida” na praia sem querer saber de Deus?!? É óbvio que ninguém vai ajudar um hipócrita desses!
Na vida espiritual é a mesma coisa. Antes de tentarmos colocar alguma coisa na “conta” de Deus, devemos ter em mente se estamos fazendo nós mesmos a nossa parte. Se nós realmente queremos sair de determinado pecado em específico, então nós vamos mostrar isso para Deus, buscando a Ele cada vez mais e também cortando certos benefícios em sacrifício agradável a Ele. Isso significa que nós estamos querendo sair do pecado não apenas por uma disposição intelectual, mas por uma disposição do mais profundo do coração; que não estamos falando apenas em palavras, mas também em ações!
Se você não ajuda a si mesmo, não adianta ficar clamando para que Deus faça por você aquilo que é da sua parte! Mas eu estou anulando a graça de Deus com este discurso? De maneira nenhuma! Deus quer nos deixar conhecer que Ele não atua sem uma disposição de nossa parte, da mesma forma que ele também quer nos revelar que por mais que nós lutemos e nos esforcemos ao máximo, isso ainda não é suficiente sem a graça de Deus! Podemos ocupar o nosso dia INTEIRO em oração, jejum, leitura bíblica, louvor, oração em línguas e qualquer outra atividade cristã que seja, que mesmo assim isso muitas vezes não é o suficiente para matarmos a carne e vencermos o pecado.
Isso certamente nos trará uma melhora, mas não uma vitória em definitivo. E é aí que entra ainda mais fortemente a graça de Deus e a misericórdia Dele. Ele sabe que nós não conseguimos por conta própria, então Ele atua juntamente conosco para nos garantir a vitória. A graça de Deus entra em ação e supre aquilo que nós, mesmo nos esforçando ao máximo, não conseguimos realizar. Aquilo que nós não conseguimos pelo esforço próprio, Deus nos concede pela Sua Graça!
Ou seja, tudo aquilo que Deus quer ver é uma disposição integral de sua parte, se dedicando ao máximo a Ele, acima de todas as demais coisas, O priorizando sobre tudo e sobre todos, sendo o foco em sua vida – o alfa e o ômega -, e deste modo Deus libera, pela Sua Graça, a misericórdia necessária para que nós tenhamos a força precisa para vencer as tentações, que nós não temos por conta própria. Deus quer nos levar a conhecer que se não buscarmos a Ele, não haverá intervenção do Espírito (o Espírito será apagado – 1Ts.5:19); e também quer nos levar a conhecer que, por mais que busquemos, busquemos e busquemos, é somente pela Sua infinita graça e misericórdia sem fim que nós continuamos em pé e não caímos – pela fé (Rm.11:20)!
Uma liustração pode servir para ajudar: Imagine um homem que está preso em um buraco, não conseguindo sair de lá de jeito nenhum, pois ele sair daquele lugar está além de suas possibilidades humanas. Então, chega alguém que vê o homem dentro do buraco, naquela situação, e decide deixar tudo aquilo que está fazendo para prestar auxílio àquela pessoa. Ele, então, estende os seus braços para ajudá-lo a sair do buraco, mas o homem que lá dentro se encontra simplesmente não quer sair dali, não segura o braço amigo de quem quer ajudá-lo, nem faz esforço nenhum para sair daquele lugar.
Embora o homem bom esteja constantemente com os seus braços na direção daquele que se encontra naquele buraco, para prestar ajuda, aquele indivíduo simplesmente deixa o homem bom com o braço esticado à toa, durante horas. Não se movimenta, não estica os seus braços também, nem sequer agradece o apoio recebido! Ele simplesmente despreza e ignora o homem que está de bom coração querendo prestar ajuda a ele. Então, depois de muito tempo, aquele homem bom vai embora e enfim o sujeito preso no buraco acaba morrendo.
Em outra situação semelhante, um outro homem se encontra naquele buraco, mas não se mostra conformado por estar lá. Durante muito tempo lutou, suou, batalhou e tentou de todas as formas e maneiras possíveis sair daquele buraco. Ele gritava, mas ninguém ouvia. Ele tentava subir aquele buraco sozinho, mas em vão. Então, passa aquele mesmo homem bom por ali perto e, ouvindo os clamores de quem lá se encontrava, decide ir ajudá-lo a sair daquela situação, e estende os seus braços assim como fez com o outro homem.
Diferentemente daquele primeiro homem que se encontrava no buraco, este outro se esforçou e com todas as suas forças e se apoiou nas mãos do homem bom que o ajudava, e finalmente conseguiu sair daquele buraco, sendo salvo pelo homem bom que o ajudou. É exatamente este mesmo quadro que acontece no reino espiritual. Deus está sempre com as mãos esticadas para salvar até mesmo o pior dos pecadores, mas infelizmente muitas pessoas desprezam e menosprezam a ajuda que Deus pode conceder a elas.
Tais pessoas simplesmente preferem deliberadamente continuar naquela situação decadente dentro daquele buraco, presos em meio a vícios e a tudo quanto é tipo de pecado. Acabam se acomodando àquela situação, acabam formando “pecados de estimação” e gostam daquilo. Quando Deus concede misericórdia a eles, estendendo as suas mãos para ajudá-lo a sair daquela circunstância, eles simplesmente ignoram-O e preferem continuar praticando todas as imoralidades sexuais, vícios, violência, mentira, ódio, pornografia, prostituição, homicídio, adultério, homossexualismo, idolatria, feitiçaria, e por aí vai.
Não querem abandonar a situação de pecado e, além de rejeitar a ajuda de Deus, acabam cavando por si mesmos “um grande abismo” (Lc.16:36) cada vez maior. Não adianta nada implorar pela misericórdia de Deus, se não existe ação de sua parte. Não adiata gritar e clamar, se quando o homem bom chega e estende as suas mãos, você continua somente gritando e gritando, mas não toma a ATITUDE de apoiar em seus braços e receber a salvação.
Não adianta nada o crente ficar pecando e não tomar atitude nenhuma com relação a isso, ou dizer para Deus ter misericórdia dele, sendo que ele mesmo não toma atitudes para sair daquela situação, não se esforça, não pratica boas obras, não ora e não busca a Deus; enfim, não faz a sua parte de tomar atitude em agir em direção a Ele, se achegando a Ele para que Ele se achegue a vós. Quanto a essas pessoas, elas estão apenas acumulando os seus pecados para o “grande dia da ira de Deus” (Ap.6:17). Jesus é extremamente misericordioso e fica muito, muito tempo com os braços abertos em sua direção, ele já fez o que foi necessário para que você seja salvo, ele já estendeu os seus braços a você, ele já pagou o preço na cruz.
Agora é a sua vez de receber essa salvação, de se lançar aos pés daquele que deu a sua vida a você. Ele de fato fica muito, muito tempo com os braços esticados para salvá-lo daquele fundo do poço, mas se você não recebe essa salvação, só estará acumulando os seus pecados para o dia da ira de Deus, até o momento em que ele finalmente irá ENTREGÁ-LO de vez ao pecado; isto é, vai deixá-lo definitivamente naquele poço, após você rejeitar a salvação, até o estado de morte espiritual:
“Ou será que você despreza as riquezas da sua bondade, tolerância e paciência, não reconhecendo que a bondade de Deus o leva ao arrependimento? Contudo, por causa da sua teimosia e do seu coração obstinado, você está acumulando ira contra si mesmo, para o dia da ira de Deus, quando se revelará o seu justo julgamento” (Romanos 2:4,5)
“Porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e os seus corações insensatos se obscureceram. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos e trocaram a glória do Deus imortal por imagens feitas segundo a semelhança do homem mortal, bem como de pássaros, quadrúpedes e répteis. Por isso Deus os entregou à impureza sexual, segundo os desejos pecaminosos dos seus corações, para a degradação dos seus corpos entre si. Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram a coisas e seres criados, em lugar do Criador, que é bendito para sempre. Amém” (Romanos 1:21-25)
Mas para aquelas pessoas que realmente se esforçam em buscá-Lo, ele NUNCA os rejeitará; porque essas pessoas querem e se esforçam para sair daquela situação e, quando Jesus estica os seus braços para libertá-los, eles se lançam aos seus braços de tal maneira que ninguém poderá os arrancar das suas mãos.
“Eu lhes dou a vida eterna, e elas jamais perecerão; ninguém as poderá arrancar da minha mão” (João 10:28)
Aleluia!!!
Essas pessoas são salvas e libertas de todo o pecado, pois “se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo.8:36). Mas – lembre-se sempre – que essa libertação não vem senão depois de você tomar uma atitude efetiva em direção a Ele, se esforçando em se achegar a Ele. Não adianta nada Cristo estar com os braços estendidos em sua direção, se você não corre em direção a ele. As obras e ações de nossa parte são necessárias para a nossa salvação, mas não vai ser por meio delas que nós seremos salvos.
Se nós não nos esforçarmos em obras, nunca sairemos daquele fundo do poço, ainda que Cristo esteja com os braços abertos na nossa direção, porque ele nos concede o livre-arbítrio e não obriga e nem força ninguém a ser salvo ou liberto contra a sua própria vontade. Mas, quando nós corremos em direção a ele, é ele quem nos salva. Ninguém poderá dizer que foi salvo “por si mesmo”, porque foi Jesus quem o salvou pela Sua misericórdia.
Da mesma forma que ninguém que está no fundo do poço diz que “salvou a si mesmo” ou por causa de seu próprio esforço, mas sim que aquele que estendeu as suas mãos para ele foi quem o salvou, assim também é Cristo quem nos salva, não por causa de nós mesmos ou pelos nossos esforços (embora eles sejam necessários), mas por si mesmos não são o suficiente nem para vencer o pecado e nem para ser salvo. É somente Cristo que, pela Sua Graça, nos salva. Nós merecemos estar naquele fundo do poço, mas o favor de Deus é imerecido (este é o significado de “graça”: “favor imerecido”), e ele estende os seus braços para que nós sejamos salvos por Ele.
Não podemos dizer que fomos salvos por causa de nossas obras, porque por mais que nos esforçássemos ao máximo, ainda assim não seria o bastante para fugirmos daquela situação. Foi somente e tão-somente pela Graça e Misericórdia da parte de Deus que ele enviou o Seu Filho Unigênito, para estender os braços naquela cruz, em sua direção, e você recebendo-o será salvo. A salvação somente pela graça, por meio da fé, não exclui a necessidade de obras neste projeto, pois é responsabiidade nossa nos esforçarmos em direção a Cristo.
Sem elas, nós somos apenas crentes meia-boca, com uma fé morta, que grita, grita e grita para que alguém os livre daquele abismo, mas quando alguém estica a mão, simplesmente desprezamos e não agimos em sua direção. Quando alguém é liberto daquela situação em que se encontra, jamais poderá dizer que foi salvo por causa de seu próprio esforço (se fosse por isso estaria lá para sempre), mas somente por causa do favor daquele homem bom, que misericordiosamente esticou as suas mãos para libertá-lo.
Se não fosse por este homem, ninguém seria salvo. Se aquele homem não estivesse passando ali naquele exato momento, ninguém se salvaria. Se ele não esticasse as suas mãos em sua direção, e te livrasse dali, você poderia continuar tentando e se esforçando pelos “séculos dos séculos” que prosseguiria naquele estado decaído, contando apenas com uma ou outra vitória parcial, mas nunca com a vitória total que nós só encontramos em Cristo.
O mesmo quadro acontece com a questão do pecado. É necessário o esforço e a atitude de nossa parte, nos empenharmos ao máximo correndo em direção a Ele, mas devemos saber que nem mesmo TODO o nosso esforço do mundo, todas as obras, todos os esforços, todo o nosso tempo, será capaz de, por si só, nos oferecer a saída daquela situação.
É somente quando praticamos todas essas obras e reconhecemos que mesmo assim não passamos de pobres pecadores que não conseguem se libertar dos pecados, que atua a “superabundante graça de Deus” (2Co.9:4) em nossas vidas, nos concedendo imerecidamente aquilo que nós por si mesmos não conseguiríamos jamais obter – a libertação, a cura, a salvação. O mesmo Jesus que esteve com os braços abertos naquela cruz, há dois mil anos atrás, para te salvar, está com os braços abertos em sua direção hoje, esperando que você o receba: Corra em direção a Ele!
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Por: Lucas Banzoli.
Extraído de meu livro: "Como Vencer o Pecado".
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