Diante do que é aqui exposto, o argumento da suficiência das Escrituras pode ser demonstrado como se segue:
1. A Sagrada Escritura é suficiente para a salvação.
1.1 Constitui os atributos que são básicos para a salvação.
1.2 Se é “perfeito”, é também “suficiente”.
1.3 “Toda” boa obra implica em suficiência.
1.4 Mais argumentos para a suficiência das Escrituras.
1.5 Refutações.
2. A referência não é somente ao Antigo Testamento.
2.1 O argumento não exclui a suficiência bíblica.
2.2 Cartas de Paulo como Escritura.
2.3 Evangelho de Lucas como Escritura.
2.4 Portanto, a referência inclui o Novo Testamento.
3. Se é suficiente, é única regra de fé.
4. Portanto, a Sagrada Escritura é suficiente para a salvação independentemente das tradições católicas.
Vamos examinar cada argumento mais de perto.
1. A SAGRADA ESCRITURA É SUFICIENTE PARA A SALVAÇÃO
Como texto base iremos analisar o texto já acima exposto por Paulo em 2 Timóteo 3.14-17, que nos mostra de maneira clara e lúcida a suficiência das Escrituras:
“Quanto a você, porém, permaneça nas coisas que aprendeu e das quais tem convicção, pois você sabe de quem o aprendeu. Porque desde criança você conhece as Sagradas Letras, que são capazes de torná-lo sábio para a salvaçãomediante a fé em Cristo Jesus. Toda a Escrituraé inspirada por Deuse útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja perfeito eplenamente preparadopara toda boa obra” (2 Timóteo 3.14-17)
1.1 CONSTITUI OS ATRIBUTOS QUE SÃO BÁSICOS PARA A SALVAÇÃO
Paulo, no texto acima mencionado, afirma categoricamente que as Escrituras são capazes de tornar o homem sábio “para a salvação” (v.15). Ora, se a Escritura NÃO fosse suficiente para a salvação, necessitando da tradição e do Magistério de alguma instituição religiosa, então segue-se logicamente que ela não seria o suficiente para fazer do homem sábio “...para a salvação”! Neste caso, a Escritura seria suficiente para fazer o homem sábio para muitas coisas, tais como ler a tradição, consultar o Magistério, ir à missa, rezar o terço e todas as demais ladainhas, etc, mas não para fazer o homem sábio PARA A SALVAÇÃO!
Isso nos mostra que o fundamento da Sola Scriptura como sendo suficiente para a salvação pessoal é mais do que válido, uma vez sendo confirmado por Paulo como aquilo que faz o homem sábio para a SALVAÇÃO pela fé em Cristo Jesus. Perceba nessa menção curta de Paulo alguns dos vários pontos interessantes que podemos encontrar aqui. Em primeiro lugar, essa salvação, como diz Paulo, se encontra claramente nas “Sagradas Letras” (v.15). O paralelo referencial no contexto não inclui uma “tradição” ou um “magistério”, mas sim “toda Escritura” (v.16). São as Sagradas Letras que são capazes de tornar o homem sábio para a salvação, e neste contexto não vemos qualquer tipo de menção a uma tradição secular – a menção é somente as Escrituras – então, perguntaríamos:
Como pode Paulo colocar como único fundamento no texto acima a Sagrada Escritura como capaz de fazer o homem sábio para a salvação, se a Escritura, ao contrário, não é suficiente para a salvação do ser humano? Esta contradição em primeira ordem atormenta a mente dos “teólogos” romanistas. Paulo deixa claro que a Sagrada Escritura é suficiente para fazer o homem sábio para a salvação. Seria muito estranho se Paulo apontasse a Escritura como sendo o meio capaz de tornar sábio para a salvação se ela não fosse suficientemente capaz para isso. O texto bíblico acima nos deixa apenas uma opção realmente disponível: A Sagrada Escritura é realmente suficiente para fazer o homem sábio para a salvação. Portanto, aí está a suficiência bíblica para a salvação! A Sagrada Escritura é suficiente e, para negar esse fato, nem mesmo o maior dos malabarismos católicos é suficientemente capaz de negar!
Outro argumento igualmente valioso que podemos encontrar acima diz respeito à ampla qualificação das Escrituras em diversos aspectos que constituem os pontos básicos da salvação do ser humano, tais como:
Ø É divinamente inspirada (v.16)
Ø É proveitosa para os principais aspectos da salvação, tais como:
Ø Ensinar (v.16)
Ø Redarguir (v.16)
Ø Corrigir (v.16)
Ø Instruir em justiça (v.16)
Ø Repreender (v.16 – SBB)
Ø Argumentar (v.16 – CNBB)
Ora, estes são os pontos básicos e fundamentais para a salvação do homem. Sendo assim, é incoerente crer que com todos os pontos básicos da salvação, o que Paulo realmente estava querendo dizer é que a Sagrada Escritura NÃO é suficiente para a salvação. Isso não condiz com o pensamento expressado pelo apóstolo. Toda Escritura é: (a) divinamente inspirada; (b) proveitosa para ensinar; (c) para redarguir; (d) para corrigir; (e) para instruir em justiça. Francamente, mas alguém que lê todas essas coisas e mesmo assim ainda insiste em dizer que a Bíblia NÃO É SUFICIENTE precisa de uma assistência psicológica séria. É óbvio que a Escritura é suficiente.
Se eu sou plenamente ensinado em questões doutrinárias (ensino), para redarguir (argumentar), para corrigir os outros e para instruir no caminho da justiça em um livro “divinamente inspirado por Deus” (2Tm.3:16), então logicamente ele me é suficiente. Isso é tão somente lógica e bom senso (algo realmente difícil para os católicos exercitarem). Portanto, a Sagrada Escritura é suficiente para a salvação e constitui em si mesma todos os pontos básicos para o ensino (doutrina) que perfazem o próprio ensinamento da Sola Scriptura.
1.2 SE É “PERFEITO”, É TAMBÉM SUFICIENTE
Mas o ponto mais forte através da leitura cuidadosa de 2 Timóteo 3.14-17 é onde Paulo conclui: “...para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente preparado” (v.17). Opa! Perceberam o que a Escritura é capaz? Será que ela é capaz de fazer o homem insuficientemente preparado [pois necessita das tradições e do Magistério...] ou perfeitamente capacitado? É, ao que parece, agora a descrença dos católicos é puramente por questão de cegueira espiritual em não querer aceitar o ÓBVIO das Escrituras. As Sagradas Letras fazem com que o homem de Deus seja PERFEITO! Ora, como é que as Escrituras fazem o homem de Deus “PERFEITO” (v.17) já que ela é até mesmo insuficiente em questões doutrinárias e, ainda mais, insuficiente para levar o homem à salvação?
Pode alguém que se torna “perfeito” (v.17) através de “toda Escritura” (v.16) ser INSUFICIENTE para ser salvo [mesmo sendo ‘perfeito’!?] e INSUFICIENTE para ser doutrinado? Que tipo de homem de Deus “PERFEITO” é esse??? É óbvio que os católicos se tornam míopes às Escrituras de maneira bem proposital, pois não querem confessar o óbvio de que, se a Sagrada Escritura é capaz de fazer o homem de Deus PERFEITO, então se segue logicamente que ela é: (a) doutrinariamente suficiente para isso, ou então o homem seria imperfeito; (b) suficiente para a salvação, ou então o homem não seria capaz de ser salvo através das Escrituras, mas como pode alguém que é feito “perfeito” (v.17) pelas “Escrituras” (v.16) ir para o inferno???
Diante dos fatos óbvios aqui expostos, qual foi a reação dos teólogos católicos em frente a algo tão forte contra a doutrina maligna deles? Como eles “se safaram” dessa? Geralmente, adulterando a Bíblia. Às vezes, dependendo das circunstâncias, fazem-se necessárias medidas extremas para anular a autoridade das Escrituras. Algumas traduções católicas decidiram aniquilar com o original grego, tal como a versão católica da “CNBB” que tomou a liberdade de traduzir o texto em pauta da seguinte maneira:
“Assim, a pessoa que é de Deus estará capacitada e bem preparada” (Versão católica da CNBB)
Onde Paulo escreve que através das Escrituras o “homem de Deus será perfeito e perfeitamente preparado” (v.17), os teólogos católicos que não sabem nada de grego (mas sabem muito em questão de corromper a Palavra de Deus), preferiram tomar a liberdade de DIMINUIR COMPLETAMENTE O TERMO para “estar capacitada e bem preparada” (CNBB)! Ora, nem sequer as próprias versões CATÓLICAS mais sérias tomam esse mesmo barco da adulteração como fruto do mais fino e puro desespero. A “New Jerusalém Bible” traduz: “torna-se totalmente equipado”; a versão francesa da Bíblia de Jerusalém traduz: “de modo que o homem de Deus seja perfeito”; a versão espanhola da Bíblia de Jerusalém traduz: “assim o homem de Deus será perfeito, capacitado para toda boa obra”; e a própria versão “Ave Maria” traduz da seguinte maneira o mesmo verso: “Por ela [a Escritura], o homem de Deus se torna perfeito, capacitado para toda boa obra” (2Tm.3:17)!
A versão “King James”, considerada até hoje a melhor versão de todos os tempos, se desvia das traduções moderninhas de algumas versões católicas que consistem em adulterar o texto bíblico em seu favorecimento e traduz corretamente o verso da seguinte maneira:
“Assim o homem de Deus será perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (Versão do Rei Tiago - inglesa)
Assim vemos que as traduções católicas de maior respeito, assim como as melhores versões a nossa disposição (como é o caso da versão King James) anulam a tentativa desesperada dos católicos em atribuir às Escrituras meramente uma “capacitação bem preparada”. Antes, a referência tem relação a um preparo completo – PERFEITO – para que o homem de Deus seja perfeitamente habilitado. E isso destrói as falsificações e as interpretações vazias dos católicos. Ora, se as Escrituras fazem o homem de Deus PERFEITO e PERFEITAMENTE CAPACITADO [repito: perfeito... perfeitamente capacitado], então é óbvio que ela é suficiente como regra de fé e doutrina, capaz de fazer o homem de Deus completamente preparado, e para toda boa obra. Como bem disse Atanásio de Alexandria: “Estes simplesmente fecham os seus olhos para o sentido óbvio das Sagradas Escrituras” (Atanásio, “A Criação e a Queda”). É como se eu dissesse:
“Eu sou perfeitamente amado por Deus”; e depois:
“Eu sou suficientemente amado por Deus”.
Será que a primeira anula ou diminui a segunda? É claro que não!!! Os “teólogos” católicos apanham até da gramática para convencer os seus fieis que pouco ou nada leem de Bíblia para fazê-los engolir uma doutrina herética de que a Sagrada Escritura não é suficiente. Conquanto Paulo tenha dito que ela é capaz de fazer o homem de Deus perfeitamente preparado, isto implica em suficiência. De duas, uma: Ou o homem de Deus é suficientemente preparado para toda boa obra; ou então ele é “insuficientemente perfeito”.
Como a segunda opção é contraditória em si mesma (algo que é PERFEITO não pode ser INSUFICIENTE ou IMPERFEITO ao mesmo tempo) e também o contexto deixa claro que as Escrituras fazem o homem de Deus PERFEITAMENTE CAPACITADO – e não “insuficientemente” – logo, fica muito claro o sentido textual de que Paulo apresentava mui claramente a suficiência das Escrituras, a fim de que sejamos perfeitamente preparados – em ensino, correção, doutrina e instrução (v.16) – para toda boa obra (v.17). Infelizmente o fruto da cegueira espiritual dos descrentes (2Co.4:4) acaba sendo não apenas um desconhecimento bíblico gritante, como também atesta a preguiça em olhar um palmo a frente de seus narizes ao ponto de ir consultar um dicionário:
Significado de Perfeito
adj. Que reúne todas as qualidades; que não tem defeitos; ideal, impecável; excelente. Completo, absoluto, total.
Quando os católicos afirmam que “Paulo não diz que a Bíblia é suficiente”, estão apenas dando um atestado de debilidade interpretativa. É óbvio que “perfeição” não significa “suficiência”, católicos. Perfeição significa, na verdade, algo que vai MUITO ALÉM DE “SUFICIÊNCIA”, perfeição significa “COMPLETO, PLENITUDE, ABSOLUTO, TOTAL”. E é exatamente este o conceito básico de Sola Scriptura: Que as Escrituras são completas, absolutas, totais. Elas não necessitam do Magistério de alguma instituição religiosa e nem de uma tradição corrompida ao longo dos séculos com centenas e mais centenas de acréscimos doutrinários; ao contrário, ela contém tudo aquilo que é suficiente, absoluto e pleno para a salvação do ser humano. Para a infelicidade dos católicos, eles não sabem o que é “suficiente”.
Qualidade de suficiente
adj. Tanto quanto necessário; bastante: quantia suficiente.
Se a Sagrada Escritura é capaz de fazer o homem de Deus PERFEITO E PERFEITAMENTE HABILITADO, então ela me é suficiente. Simples assim!
1.3 “TODA” BOA OBRA IMPLICA EM SUFICIÊNCIA
O último argumento que irei apresentar a partir desta leitura do texto de 2 Timóteo 3.14-17, é a conclusão final do Apóstolo com relação as Sagradas Letras: “Assim o homem de Deus será perfeito e plenamente preparado para toda boa obra” (2Tm.3:17). Eu diria que este é o golpe final na doutrina romanista que ataca a Bíblia. É o fatality final na doutrina dos católicos. Se a Bíblia é insuficiente (como os católicos soberbos precipitadamente afirmam com ar de arrogância e superioridade para a maravilha da tradição deles), então ela não seria capaz de fazer o homem perfeito para TODA boa obra, mas apenas para parte delas, pois é exatamente nisso que consiste “insuficiência”. Isso é somente lógica. Novamente teremos que retomar ao significado de “insuficiente” no dicionário:
Significado de Insuficiente
adj. Que não é bastante: alimentação insuficiente. Incapaz, inepto, incompetente.
Você pode se assustar, mas é exatamente isso o que os católicos pensam da Bíblia. Afinal, para eles a Sagrada Escritura é exatamente isso mesmo: insuficiente, isto é, incapaz, inepto, incompetente. A maior surpresa para nós, então, é vermos esta “coisa insuficiente” que significa ser “incapaz, inepto e incompetente” ter tanta autoridade ao ponto de fazer o homem plenamente capacitado para TODA BOA OBRA! Ora, se é insuficiente, então não poderia ser “toda”, mas apenas parte destas “boas obras”, não é mesmo? Afinal, se julgam que a Bíblia não é o bastante [in-suficiente, i.e, incapaz, inepto, incompetente], então estaríamos entrando em uma contradição muito séria aqui em afirmar que algo que “não é o bastante”, é o bastante para TODA boa obra! O original grego traz o verso 17 da seguinte maneira:
“ina artioV h o tou qeou anqrwpoV proV pan ergon agaqon exhrtismenoV"
Destronando as “interpretações” católicas, a palavra grega “artios”, de acordo com o léxico da Concordância nominal de Strong, significa:
Strong’s Concordance
739 – artios: por implicação, completo; perfeito.
Em concordância com isso (mas em discordância com os católicos, é claro), a palavra grega “pas” significa:
Strong’s Concordance
3956 – pas: uma palavra primária; tudo, todo, toda, o todo: - todos... completamente.
A conclusão perfeita através de tudo isso é que a Sagrada Escritura, divinamente inspirada, é suficiente e capaz de fazer o homem de Deus completamente apto e perfeito, plenamente habilitado para toda e qualquer boa obra! Não é insuficiente coisa nenhuma!!! Perceba aqui como Paulo é enfático em usar adjetivos que denotam clarissimamente a completa autoridade e suficiência absoluta das Escrituras, que por si só fazem o homem ser “perfeito... perfeitamente instruído... para toda boa obra”! Ele jamais faria uso de tudo isso caso visualizasse as Escrituras como pensam os hereges do catolicismo: como algo insuficiente, incapaz, inepto, incompetente, que não é o bastante, que necessita das tradições, que não faz o homem totalmente capaz de ser salvo, que não contém nem perto da plenitude das doutrinas do catolicismo.
Sumariando, Paulo não tinha o conceito católico em mente em fazer tais declarações (que você NUNCA vai ouvir numa missa...), pois isso tudo nos remete a uma completa, plena, perfeita e suficiente autoridade das Escrituras em regra de fé e doutrina para fazer o homem de Deus sábio para a salvação e plenamente preparado para toda boa obra!!! Ou seja, nós não precisamos de uma tradição oral ou de um magistério (ou de um “papa”), pois as Escrituras por si só já são suficientes para fazer o homem ser completamente perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra!
Afinal, “tudo o que foi ESCRITO, para nosso ensino foi ESCRITO, para que pela paciência e consolação das ESCRITURAS tenhamos esperança” (Rm.15:4)! O ensino e a esperança provém das Escrituras.Não precisamos de mais nada junto ou além das Escrituras para sermos perfeitos ou para fazermos toda boa obra. O que vai além disso não torna o homem “mais perfeito ainda”; pelo contrário, pode servir muito bem para infundir “doutrinas estranhas” (Hb.13:9) dentro da Igreja. E Paulo já nos alertou contra isso: “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema” (Gl.1:8). Por isso, é real e sensato tomarmos a mesma iniciativa de Irineu de Lyon, do bispo Cirilo de Jerusalém, de Eusébio de Cesaréia e de Gregório de Nissa:
"De nada mais temos aprendido o plano de nossa salvação, senão daqueles através de quem o evangelho nos chegou, o qual eles pregaram inicialmente em público, e, em tempos mais recentes, pela vontade de Deus, nos foi legado por eles nas Escrituras, para que sejam o fundamento e pilar de nossa fé" [Irineu de Lyon, "Contra as Heresias" 3.1.1, p. 414]
"Que este selo permaneça sempre em tua mente, o qual foi agora, por meio do sumário, colocado em teu coração e que, se o Senhor o permitir, daqui em diante, será elaborado de acordo com nossas forças por provas da Escritura. Porque, concernente aos divinos e sagrados Mistérios da Fé, é nosso dever não fazer nem a mais insignificante observação sem submetê-la às Sagradas Escrituras, nem sermos desviados por meras probabilidades e artifícios de argumentos. Não acreditem em mim porque eu vos digo estas coisas, a menos que recebam das Sagradas Escrituras a prova do que vos é apresentado: porque esta salvação, a qual temos pela nossa fé, não nos advém de arrazoados engenhosos, mas da prova das Sagradas Escrituras" [Bispo Cirilo de Jerusalém, "The Catechetical Lectures”, Lecture 4.17]
"A generalidade dos homens ainda flutua em suas opiniões acerca disto, as quais são tão errôneas como eles são numerosos. Quanto a nós, se a filosofia gentílica, que trata metodicamente todos estes pontos, fosse realmente adequada para uma demonstração, com certeza seria supérfluo adicionar uma discussão acerca da alma a tais especulações. Mas ainda que tais especulações procedessem, no que se refere ao assunto da alma, avançando tanto quanto satisfizessem ao pensador na direção das conseqüências já antevistas, nós não estamos autorizados para tomar tal licença - refiro-me a sustentar algo meramente por que nos satisfaz; pelo contrário, nós fazemos com que as Sagradas Escrituras sejam a regra e a medida de cada postulado; nós necessariamente fixamos nossos olhos sobre isto, e aprovamos somente aquilo que se harmoniza com o sentido de tais escritos" [Gregório de Nissa, Da Alma e da Ressurreição]
“Faz muito e bem longo tempo, querido Avircio Marcelo, que tu me ordenaste escrever algum tratado contra a heresia dos chamados "de Milcíades", mas até agora de certa maneira sentia-me indeciso, não por dificuldade em poder refutar a mentira e dar testemunho da verdade, mas por temor de que, apesar de minhas precauções, parecesse a alguns que de certo modo acrescento ou junto algo novo à doutrina do Novo Testamento, ao qual não pode juntar nem tirar nada quem tenha decidido viver conforme este mesmo Evangelho” [Eusébio de Cesaréia, História Eclesiástica, Livro V, cap.16 e v.3]
Ao contrário dos Pais da Igreja primitiva, os católicos romanos do século XXI acrescentam muitas doutrinas estranhas ao Novo Testamento, não tem a Sagrada Escritura como regra e medida de cada postulado, criam doutrinas que não se harmonizam com o sentido das Escrituras, não elaboram as suas doutrinas de acordo com as provas da Escritura, fazem muitas “observações” sem nem abrir as Escrituras, e tem como pilar e fundamento da fé o Magistério da Igreja, bem como as suas tradições humanas, antes que a Sagrada Escritura, pois, para eles, as doutrinas advêm de arrazoados engenhosos pela “sabedoria humana”, e não pela “prova das Sagradas Escrituras”, que são capazes de fazer com que “o homem de Deus seja perfeito e plenamente preparado para toda boa obra” (2Tm.3:17).
1.4 MAIS ARGUMENTOS PARA A SUFICIÊNCIA DAS ESCRITURAS
Este último argumento de suporte é independente dos últimos três, que estavam ligados a nossa base deste estudo – o texto de 2 Timóteo 3.14-17 – e busca também oferecer outros fundamentos bíblicos para o fato da Sagrada Escritura ser suficiente como regra de fé e doutrina, e para a salvação do ser humano. Para isso analisaremos alguns textos a seguir:
“Jesus, pois, operou também em presença de seus discípulos muitos outros sinais, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (João 20:30,31)
Um argumento dos católicos a favor da chamada “tradição oral” provém exatamente do fato de que houve “coisas” que não foram escritas e mensagem pregadas oralmente pelos apóstolos (e que não constam na Bíblia) e que, portanto, aí está o tal “fundamento” para os acréscimos doutrinários católicos! Você pode ficar surpreso, mas eles querem que nós acreditemos que essas tais coisas que “não estão escritas neste livro” dizem respeito exatamente àquele monte de heresia pagã que a Igreja Romana adicionou ao longo dos séculos! Pasme! O argumento é tão fraco, que há muito pouco tempo atrás um espírita fez uso exatamente deste mesmo “argumento” para sustentar as doutrinas kardecistas em um debate comigo.
Não vou apresentar aqui como eu o refutei, mas passo isso simplesmente para mostrar como este “argumento” dos católicos é uma falácia fraquíssima de baixíssimo nível. Em primeiro lugar, porque qualquer seita herética (como a daquele espírita a pouco mencionado) poderia fazer uso dele para “fundamentar” as suas doutrinas diabólicas não-bíblicas e anti-bíblicas (não apenas a seita católica). Afinal, tem um montão de coisas que João não escreveu, tá certo? É óbvio que um cristão sincero e honesto não vai cair em qualquer conversa fiada de quinta categoria e vai se fundamentar naquilo que está escrito – Escrituras – ao invés de crer em “alguma coisa que não foi dita” e que qualquer seita pode fazer uso dela, e ainda ACHAR [achismo] que isso dá base exatamente àquelas doutrinas heréticas pregadas pela ICAR ou por qualquer outra seita.
O fato é que é muitíssimo mais provável o diabo incluir “doutrinas estranhas” (Hb.13:9) no seio da Igreja com essas tais “coisas” que não foram escritas (fazendo o povo ignorante acreditar realmente que dizem respeito exatamente a dogmas e doutrinas antibíblicos que foram esquecidos de serem escritos pelos apóstolos, mas brilhantemente lembrado por alguma seita por aí...), do que o Deus vivo e verdadeiro ter se “ESQUECIDO” de colocar alguma verdade tão importante e fundamental em Sua própria Palavra! Ora, o argumento católico é tão falacioso, que até os espíritas ou os mórmons conseguem usá-lo de maneira mais eficiente!
Em segundo lugar, porque é mero achismo aquilo que foi dito oralmente (e não escrito na Bíblia). Qualquer tentativa de incluir uma “doutrina” baseada no que não foi dito não passa de mera especulação, infundamentada e sem provas, carecendo completamente de fundamento, pois estão inteiramente fundamentadas unicamente e tão-somente sobre o achismo! Infelizmente os católicos (que não estão nem aí pra isso; afinal, para eles, estar na Bíblia e nada é a mesma coisa!) tem que aprender que não é assim que se formulam doutrinas. Foi por causa exatamente deste achismo ridículo daquilo que “não foi escrito” que Jesus teve que condenar a tradição farisaica ao dizer:
Mateus 5:13 - E por que vocês transgridem o mandamento de Deus por causa da tradição de vocês?
Mateus 15:6 - Assim vocês anulam a palavra de Deus por causa da tradição de vocês.
Marcos 7:3 - Assim vocês anulam a palavra de Deus, por meio da tradição que vocês mesmos transmitiram. E fazem muitas coisas como essa.
Marcos 7:6,7 - Bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim; em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens.
Marcos 7:8 - Vocês negligenciam os mandamentos de Deus e se apegam às tradições dos homens.
Marcos 7:9 - Vocês estão sempre encontrando uma boa maneira para pôr de lado os mandamentos de Deus, a fim de obedecer às suas tradições!
Na verdade, o próprio apóstolo Paulo já nos alertava e se antecipava quanto a esse tão grande erro:
Colocenses 2:6 - Tenham cuidado para que ninguém os escravize a filosofias vãs e enganosas, que se fundamentam nas tradições humanas e nos princípios elementares deste mundo, e não em Cristo.
Qualquer erudito sincero e honesto não irá fundamentar infantilmente uma importante doutrina bíblica sobre o achismo quanto àquilo que não foi escrito. Mas como incoerência é o que menos falta no catolicismo, eles não se incomodam com isso nem um pouquinho. Se no século I existissem câmeras de vídeo gravando cada comentário oral dos apóstolos, de modo que pudessem ser comprovadas exatamente aquelas doutrinas, então não teríamos problemas em considerá-las. O problema reside exatamente no fato de que tal tecnologia era inexistente naquela época, e portanto tudo o que sabemos com relação a verdadeira “Sã Doutrina” (1Tm.4:6) apostólica se encontra no que nos foi legado por escrito – através das Escrituras!
Dito em termos simples, podemos ver que o único meio realmente SEGURO e CONFIÁVEL de se formular doutrinas (doutrinas, e não achismos) é quando fundamentamos tal doutrina sobre aquilo que pode ser provado como verídico, no caso, o que nos foi deixado por eles por escrito - provado nas Escrituras -, sendo que o que vai além disso não passa de mero achismo e especulação. Os evangélicos fundamentam as suas doutrinas na Sagrada Escritura (o meio pelo qual sabemos exatamente sobre as doutrinas pregadas), enquanto os católicos se fundamentam sobre o achismo, a falácia e a especulação ridícula.
Não existe nenhum argumento sério para fundamentar com base em João 20:30,31 ou em qualquer outro texto que fale sobre pregação oral alguma doutrina herética pregada pelos católicos tais como o purgatório, a oração pelos defuntos, o celibato obrigatório do clero, a imaculada conceição de Maria, a venda de indulgências, a “Santa” inquisição, a tortura e morte de “hereges” em ‘nome de Cristo’, a procissão, todos os “títulos” atribuídos a Maria, a canonização dos santos, etc, etc, etc. Os católicos querem que nós acreditemos que os apóstolos eram bipolares: pregavam oralmente as doutrinas católicas, mas pregavam por escrito um evangelho completamente diferente disso! Esses “apóstolos bipolares” do catolicismo – que escrevem de um jeito e pregam de outro jeito – certamente não condizem com aquilo que a Bíblia nos mostra:
“Saibam tais pessoas que aquilo que somos em cartas, quando estamos ausentes, seremos em atos, quando estivermos presentes” (2 Coríntios 10:11)
“Pois decidi nada saber entre vocês, a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado” (1 Coríntios 2:2)
Pode parecer um susto para os católicos, mas os apóstolos não eram “bipolares”. As doutrinas pregadas por escrito diziam respeito exatamente àquelas pregadas oralmente. Tal como eles eram em cartas, também eram em atos. Tal como eles eram enquanto ausentes, eram também quando presentes. O evangelho pregado oralmente não era dos “milhares de Senhoras e Senhores” do catolicismo, mas sim um centralizado unicamente em Jesus Cristo – nada a mais saber entre eles a não ser Jesus Cristo!
Tem certeza que os apóstolos pregavam oralmente que Maria era advogada (e escreviam que temos um advogado – 1Jo.2:1), que ela era medianeira (e escreviam que temos um só mediador – Jo.14:6; Ef.2:18; 1Tm.2:5), que era a “Rainha dos Céus” (e escreviam apenas sobre um rei, Jesus Cristo – 1Tm.6:15), que ela tem um trono no céu (e escreviam que tem apenas dois tronos no céu, para Deus e o Cordeiro – Ap.22:3), que é imaculada e nasceu sem pecado (e escreviam que todos pecaram – Rm.3:23; 5;12), que é “toda santa” (e escreviam que só Deus é plenamente santo – Ap.15:4), que nós temos vários inúmeros “senhores e senhoras” [“Nossa Senhora” disso e daquilo...] (e escreviam que nós temos um só Senhor – 1Co.8:5,6 – e, pior, sem mencionar “senhoras”!), que somos devotos de um panteão de “santos” e “santas” (e escreviam que a devoção é somente a Cristo – 2Co.11:2-4), que podemos entoar louvores esses tais “santos” que já morreram (e escreviam que o louvor somente a Deus pertence – Is.42:8)???
Francamente, mas que tipo de pessoas eram essas, que pregavam oralmente as tais das “doutrinas católicas”, mas escreviam nas Escrituras algo completamente diferente que chegou até nós? É muito mais simples, prático e eficiente crermos que o evangelho era centralizado tão somente em Jesus Cristo (mais tarde descentralizado pelos milhares de “senhores” e “senhoras” da ICAR), cuja sã doutrina incorruptível se acha por meio da Sagrada Escritura, uma vez sendo suficiente como regra de fé e doutrina. É óbvio que as doutrinas católicas, por serem demasiadas ridículas, servem apenas para ir além do evangelho que não estava sujeito a acréscimos doutrinários:
Gálatas 1
6 Admiro-me de que vocês estejam abandonando tão rapidamente aquele que os chamou pela graça de Cristo, para seguiremoutro evangelho.
7 que, na realidade, não é o evangelho. O que ocorre é que algumas pessoas os estão perturbando, querendo perverter o evangelho de Cristo.
8 Mas ainda que nós ou um anjo do céu pregue um evangelho diferentedaquele que lhes pregamos, que seja amaldiçoado!
9 Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema!
Como diz a versão católica: “se alguém pregar doutrina diferente da que recebestes, seja ele excomungado!” (v.9). As doutrinas católicas certamente podem ser identificadas como “doutrinas diferentes” do evangelho puro e sincero! É óbvio que o único lugar em que podemos realmente saber o que Paulo (e os demais apóstolos) pregaram oralmente é a partir daquilo que chegou até nós por ESCRITO. E é exatamente aí que morre a tradição católica, pois ela não se apoia naquilo que está escrito nas Escrituras, mas sim sobre aquilo que está fora dela, isto é, no “outro” evangelho que Paulo tanto condenava. Se eu pregasse alguma coisa hoje, e o único meio pelo qual as pessoas daqui 2 mil anos soubessem sobre a Sã Doutrina que eu prego fosse exatamente por meio daquilo que eu escrevi, então seria seguramente este o meio confiável de seguir essa minha doutrina.
Diz o Terceiro Catecismo católico:
“A tradição é a Palavra de Deus não escrita, mas comunicada de viva-voz por Jesus Cristo e pelos apóstolos, e transmitida inalterada de séculos em séculos até nós” (Terceiro Catecismo Católico, pág.152)
Infelizmente esta bela e maravilhosa teoria tem sido violentamente espancada por uma grande gang de fatos. Não é a toa que a “tradição oral” é um argumento tão mediocremente fraco (mas usado pelos católicos porque eles não tem outros meio de escapatória, então apelam para argumentos baixos mesmo) que não foi capaz nem sequer de explicar quem era exatamente o autor da carta aos Hebreus. Na época de Eusébio, a Igreja de Roma dizia uma coisa, e as demais pessoas diziam outra (HE, Livro 3, 3:5). Ou seja, a tal da “tradição oral” não consegue descobrir nem ao menos quem é o tal escritor de Hebreus até hoje, e eles ainda querem fazer com que acreditemos que as suas centenas de doutrinas vergonhosamente heréticas e que não constam nas Escrituras foram todas conservadas incorruptíveis por meio desta mesma tradição oral???
E o que dizer então do fato de que Eusébio descria na virgindade perpétua de Maria (HE, Livro 2, 1:2), tão defendida por Jerônimo? E Santo Agostinho, que chegou até a zombar da chamada “transubstanciação” (Tratado sobre João VXV e Sermões nº 131.1)? O que dizer sobre Tertuliano (“De Anima”, XI), Agostinho (Sermão 3, sobre o Salmo 34), Orígenes (Homília 17, sobre Lucas), Crisóstomo (Homília sobre Mt 12:48), Ambrósio (“Do Pecado”), Tomás de Aquino (“Suma Teológica”, Parte III, Questão XXVII, Artigo II), Anselmo (“Da Concepção Virginal e Do Pecado Original”, XXII), Leão I (Sermão 24, “In Nativitati Domini”), Gelásio I (Epistola Ad Episcopos Per Lucaniam Brities Et Siciliam Constitutos), Gregório I (Homília “In Nativitati”) e Inocêncio III (Sermão 2 “Festa da Assunção de Maria”), que negavam explicitamente o dogma da “imaculada conceição de Maria” nas obras mencionadas?
Eles receberam a “tradição oral” errada, é? Vocês católicos tem mesmo certeza que essa tal “tradição” chegou perfeitamente do século I até os dias de hoje? Ou então será que Agostinho e os papas mencionados estavam todos errados? Onde foi parar a segurança na “tradição oral”, que deixou tantas pessoas no “ERRO” (incluindo papas e doutores da Igreja!) durante tanto tempo? O que faz provar que em 1854, quando foi aprovada essa tese herética como um dogma, tenha seguido uma linha firme e fiel através da tradição oral, se em pleno século II, III e IV já era completamente repudiada pelos pais da Igreja e bispos de Roma? Foram os papas daquela época que foram enganados ao dizer que “Maria foi gerada em pecado" (Papa Inocêncio III, Sermão 2 “Festa da Assunção de Maria”) ou são os papas dos dias de hoje que andam dando um monte de “bolas foras”?
Afinal, qual deles é “infalível” mesmo?Será que são João Crisóstomo recebeu a “tradição oral errada” quando afirmou que “não devemos orar a homens, mas a Deus” (Homilias sobre São Mateus, 19, 3), uma vez sendo que o catecismo católico diz que devemos rezar “com os santos e para os santos” (§2679)? Será também que até mesmo na questão dos apócrifos a tal da “tradição oral” chegou meio “confundida”, já que eram tão explicitamente negados por Eusébio (HE, Livro 3, 10:1), Jerônimo ("Prologus Galeatus"; Introdução Geral a Vulgata Latina, p.9) e Orígenes (HE, Livro 6, 25:1), mas ao mesmo tempo era acreditada por outros, como Agostinho?
Quem recebeu a tradição oral certa? Por que ela não se conservou incorruptível? Por que Teófilo de Antioquia diz que os profetas cessaram em Zacarias (Terceiro Livro a Autólico, 23)? Onde está a tradição oral que partiu direto dos apóstolos e chegou perfeitamente até os nossos dias, mas que causou tanta confusão, distorção e falsificação já nos primeiros séculos de igreja? Por que já no segundo século AD os livros de Macabeus estavam “esquecidos”? Por que a “tradição oral” recebida por Policarpo diretamente pelo apóstolo João e as do bispo de Roma Anacleto eram diferentes, contrárias e conflitantes (HE, Livro 5, cap.XXIV)?
Por que se nem sequer nesta questão tão pequena não havia nenhum tipo de concordância em referência ao que foi dito e nem escrito, e em um período de tempo tão breve em relação aos apóstolos, e os católicos ainda querem que acreditemos que a tradição oral sempre permaneceu a mesma desde os primórdios do cristianismo até hoje, em tempos muito mais remotos em relação aos apóstolos e em questões doutrinárias muito mais importantes? Por que Orígenes diz em uma de suas obras que o dia da guarda é o Domingo (Homilías 23 in Número 4, PG 12:749), e em outra obra diz que o dia da guarda dos cristãos é o sábado (Homily on Numbers 23, par. 4, em Migne, Patrologia Graeca, vol. XII. cols. 749 e 750)? Será que Orígenes estava recebendo tradições orais diferentes, é?
Por que Eusébio relaciona imagens de Pedro e Paulo a uso pagão vigente entre eles [pagãos] (HE, Livro 7, 18:4), se os católicos garantem que a “tradição oral” diz que o culto cristão sempre esteve com imagens de tais apóstolos? É Eusébio de Cesaréia (265-339) ou a Igreja Católica Romana do séc.21 que tem a tradição oral certa? Por que Agostinho (Sermão XXVI.1-4, pp. 340-341), Orígenes (Comentário sobre São Mateus, Livro 12, ip. XI), Irineu (Contra as Heresias, liv.III,24,1) e outros inúmeros pais da Igreja pregaram que a pedra em questão em Mt.16,18 é Cristo e não Pedro, se a ICAR insiste que tem a “tradição oral certa” que chegou desde os apóstolos até hoje de maneira sobrenaturalmente perfeita? Por que não avisaram Agostinho sobre a existência dessa tal “tradição oral” antes dele afirmar que “Eu edificar-te-ei sobre Mim (tu Pedro, sobre Mim, Cristo) e não Eu sobre ti” (Agostinho, Sermão 270)?
Onde estava o alto clero católico para avisar santo Agostinho (bispo de Hipona) que eles tinham recebido uma exata tradição oral diretamente da fonte dos apóstolos e que dizia que a “pedra” era Pedro e não Jesus? Será que o próprio Agostinho tinha noção desta “tradição oral” para confirmar as verdades “extrabíblicas” ou seria melhor ele deixar essa livre-interpretação (também condenada pelos católicos, é claro) para os próprios leitores? Vejamos: “Mas que o leitor decida qual dessas duas opiniões é a mais provável” (The Retractations Capítulo 20.1). Por que Agostinho não lhes deixou a “opinião formal e particular da Igreja”, concluída através de uma verdadeira e legítima “tradição oral” incorruptível que passou de geração em geração e que isso sim nos traria a resposta certa a essa questão?
Por que eram os próprios leitores que teriam o próprio livre exame para acreditarem numa alternativa ou na outra? Cadê a tradição oral aqui? Cadê a infalibilidade do Magistério entrando em cena para decidir a questão, antes que fosse dado aos próprios leitores essa opção de decidir naquilo que eles acham mais provável? Por que estudiosos católicos como Rivaux, Fank, Hughes e Daniel Rops se contradisseram seriamente ao fazer as listas dos bispos de Roma já que usaram a mesma tradição como fonte? Por que o Didaquê (“Doutrina dos Doze Apóstolos”, Séc.I) fala que o batismo era feito por imersão em águas correntes (7:1-3), se a tradição oral dos católicos diz que era por aspersão?
Por que também na epístola de Barnabé (11:11), no Pastor de Hermas (cap.31) – obras do primeiro e segundo século AD – e até mesmo Cirilo de Jerusalém em pleno século IV mostram novamente o batismo sendo praticado por imersão, e não por aspersão (“Segunda Catequese Mistagógica”, cap.4)? É a tradição oral católica que é inútil ou então o Didaquê, Barnabé, Hermas, bispo Cirilo, etc, que estavam equivocados? Qual era a “tradição oral confiável”, neste caso? Tem certeza de que existe algum tipo de tradição oral “confiável”??? Finalmente, como o Terceiro Catecismo Católico diz: "É de fé que a santíssima foi concebida sem pecado original, porque esta verdade foi solenemente definida pelo Sumo Pontífice Pio IX em 8 de dezembro de 1854 e quem não quiser crer, será herege" (Terceiro Catecismo, Editora Vozes, pág.190).
Então quer dizer que, como já vimos, os maiores doutores da história da Igreja, tais como Tomás de Aquino e santo Agostinho, além de uma porcentagem inumerável de pais da Igreja, e – pior ainda – de papas(!) tais como Leão I, Gregório I e Gelásio I eram todos.... HEREGES?!!? Tem certeza que essa “tradição oral” não está parecendo mais algum tipo de “telefone sem fio”, em que a primeira mensagem chega totalmente corrompida do outro lado? É, parece que é isso mesmo o que acontece com as doutrinas católicas! Por isso, é obrigação de qualquer cristão que seja honesto, sincero e verdadeiro, colocar as Sagradas Escrituras como sendo o único meio realmente seguro e confiável a fim de sabermos sobre a sã doutrina apostólica.
O que vai além disso, isto é, o que vai “além do que está escrito” (1Co.4:6), além de não ser nem um pouco confiável, implica em fundamentar doutrinas sobre a base do achismo e da falácia circular, em meras especulações descabidas e sem provas, com uma tradição oral falida, antibíblica e cheia de engano, que chega a enganar até mesmo os próprios “Pais da Igreja” que chegam em incongruências gritantes entre si mesmos e, principalmente, com relação as doutrinas católicas dos dias de hoje.
Por tudo isso, a brincadeirinha do “telefone sem fio” que as crianças fazem chega do outro lado com uma mensagem muitíssimo mais segura, verdadeira e confiável do que esta piada católica de mau gosto chamada “tradição oral”, que busca corromper a Sã Doutrina Apostólica encontrada nas Escrituras, que é exatamente onde se encontra a verdadeira doutrina apostólica, escrita e preservada incorruptível até nós nos dias de hoje. O que o terceiro catecismo católico alega não passa de uma informação descabida e infundamentada, cegamente dita para enganar somente alguém que possui uma fé cega na verificabilidade da chamada ‘tradição oral’:
“A tradição é a Palavra de Deus não escrita, mas comunicada de viva-voz por Jesus Cristo e pelos apóstolos, e transmitida inalterada de séculos em séculos até nós” (Terceiro Catecismo Católico, pág.152)
Mas quando os católicos ficam deparados com a imensidão da ignorância que é seguir a tradição em detrimento das Escrituras, eles têm sempre uma saída pela direita: afirmam que certos dados históricos (como, por exemplo, quem escreveu os quatro evangelhos e outros exemplos do tipo) só podem ser descobertos se nos basearmos na tradição. Assim eles querem deixar entender que, já que não estão todas as coisas na Bíblia (como, por exemplo, o autor de algum livro específico), então toda a tradição católica está válida. Como já vimos, este argumento não se sustenta pelo simples fato de que tanto espíritas quanto qualquer outra seita (além da católica) poderia sustentar possuir a “tradição correta”.
De fato, a igreja ortodoxa (que já se separou há séculos da romana) alega possuir igualmente todas as tradições corretas, conquanto que as suas tradições sejam grandemente divirgentes das de Roma, como é o exemplo do caso do purgatório, do limbo, do batismo infantil, da primazia do bispo de Roma, dentre muitas outras e diversas “tradições”. Como saber qual retém a “tradição” correta? Ora, ambos alegam para si mesmos possuírem sucessões que remotam desde os tempos dos apóstolos e que, por isso, guardaram incorruptivelmente uma ‘tradição oral’ até os dias de hoje. Mas temos que ser muito ignorantes para acharmos que a tradição da igreja romana é a mesma da igreja ortodoxa:
· A Igreja Ortodoxa só admite sete Concílios, enquanto a Romana adota vinte.
· A consagração do pão e do vinho, durante a missa, no Corpo e no Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, efetua-se pelo Prefácio, Palavra do Senhor e Epíclese, e não pelas expressões proferidas por Cristo na Última Ceia, como ensina a Igreja Romana.
· Em nenhuma circunstância, a Igreja Ortodoxa admite a infalibilidade do Bispo de Roma. Considera a infalibilidade uma prerrogativa de toda a Igreja e não de uma só pessoa.
· A Igreja Ortodoxa entende que as decisões de um Concílio Ecumênico são superiores às decisões do Papa de Roma ou de quaisquer hierarcas eclesiásticos.
· A Igreja Ortodoxa não concorda com a supremacia universal do direito do Bispo de Roma sobre toda a Igreja Cristã, pois considera todos os bispos iguais. Somente reconhece uma primazia de honra ou uma supremacia de fato (primus inter pares).
· A Virgem Maria, igual às demais criaturas, foi concebida em estado de pecado original. A Igreja Romana, por definição do papa Pio IX, no ano de 1854, proclamou como "dogma" de fé a Imaculada Concepção.
· A Igreja Ortodoxa repele a agregação do "Filioque", aprovado pela Igreja de Roma, no Símbolo Niceno-Constantinopolitano.
· A Igreja Ortodoxa nega a existência do limbo e do purgatório.
· A Igreja Ortodoxa não admite a existência de um Juízo Particular para apreciar o destino das almas, imediatamente, logo após a morte, senão um só Juízo Universal.
· O Sacramento da Santa Unção pode ser ministrado várias vezes aos fiéis em caso de enfermidade corporal ou espiritual, e não somente nos momentos de agonia ou perigo de morte, como é praticado na Igreja Romana.
· Na Igreja Ortodoxa, o ministro comum do Sacramento do Crisma é o Padre; na Igreja Romana, o Bispo, extraordinariamente, o Padre.
· A Igreja Ortodoxa não admite a existência de indulgências.
· No Sacramento do Matrimônio, o Ministro é o Padre e não os contraentes.
· Em casos excepcionais, ou por graves razões, a Igreja Ortodoxa acolhe a solução do divórcio.
· São distintas as concepções teológicas sobre religião, Igreja, Encarnação, Graça, imagens, escatologia, Sacramentos, culto dos Santos, infalibilidade, Estado religioso, etc.
· Na Igreja Ortodoxa, só se permitem ícones [imagens] nos templos.
· Os sacerdotes ortodoxos podem optar livremente entre o celibato e o matrimônio.
· O batismo é por imersão.
· A comunhão dos fiéis é efetuada com as espécies, pão e vinho; na Romana, somente com pão.
Essa é uma pequena lista daquilo que eu poderia abordar muito mais ampliadamente. Como nós podemos confiar cegamente e de todo o nosso coração que a tradição oral da igreja romana é incorruptível e perfeita como diz o catecismo deles, se a igreja ortodoxa que é tão antiga quanto ela e que também diz remontar aos apóstolos e ‘guardar as tradições’ nos mostra doutrinas completamente distintas? Em qual tradição que devemos confiar? No choro dos católicos que dizem: “É na minha... por que sim”!? Ou então nas tradições da igreja ortodoxa? Francamente este ‘argumento’ católico não se sustenta para apoiar as suas vãs tradições, uma vez que esta mesma falácia poderia ser perfeitamente utilizada por qualquer seita em qualquer lugar!
Em segundo lugar, os papistas que tentam desesperadamente sustentar este “argumento” passado acima, se esquecem completamente do que realmente significa Sola Scriptura – mostram-se como completos ignorantes -, pois querem refutar algo que não entendem. É a mesma coisa de querer usar a física quântica para solucionar um problema familiar. Eles não sabem nem o que significa a Sola Scriptura, e querem contra-atacar com argumentos que são tão pífios que chegam a beirar o ridículo. Infelizmente para tais católicos, absolutamente nenhum reformador jamais disse que todas as coisas com todos os dados históricos ou geográficos estão tudo na Escritura, mas sim todas as coisas que são necessárias para a salvação, fé e vida do homem:
"Todo o conselho de Deus concernente a todas as coisas necessárias para a glória dele e para a salvação, fé e vida do homem, ou é expressamente declarado na Escritura ou pode ser lógica e claramente deduzido dela” (CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER, Art. VI)
Observe que não é dito que todas as coisas estão na Bíblia, mas sim todas as coisas que são necessárias para a salvação! Infelizmente os católicos não estudam e começam a falar bobagem. O que afeta a minha salvação saber quem foi o autor da epístola aos Hebreus??? Eu vou para o inferno por causa disso? Em que afeta a minha salvação saber se foi realmente Mateus, Marcos, Lucas e João quem escreveram os seus respectivos evangelhos? Mesmo na suposição de que estejamos enganados, vamos perecer eternamente por este terrível erro de uma natureza quase ‘maligna’? É claro que não! E todos os outros “exemplos” que os católicos costumam passar estão neste mesmo nível.
Eles não chegam nem sequer a arranhar coisa alguma, pois não conseguem provar que alguma doutrina fundamental para a salvação não está na Bíblia mas somente na tradição oral, e por isso ficam com estes exemplozinhos ridículos que só revelam que a Sola Scriptura não é aquilo que os católicos querem que seja. Se eles pesquisassem e estudassem ao invés de repetirem o que escutam dos outros, não cometeriam tantos erros. Ademais, é por demais ridículo crermos que os apóstolos pregaram oralmente coisas necessárias para a salvação que não estão em toda a Escritura, e nem mesmo no Novo Testamento. Ou seja, eles querem que acreditemos que os apóstolos pregavam oralmente muitas lindas e maravilhosas doutrinas que eles faziam questão de esconder do povo quando estavam escrevendo.
Aparentemente eles tinham um claro objetivo em mente, que baseava-se em esconder as doutrinas mais importantes ao invés de deixa-las por escrito, e escrever apenas um monte de linguiça ao invés das doutrinas necessárias para a salvação pela fé (talvez Jesus tenha proibido eles de terem escrito algo importante, mas isso nós só poderemos saber oralmente porque não há a menor citação escrita disso!). Contudo, quando os apóstolos deixavam de escrever e começavam a falar, aí eles paravam de encher de linguiça e começavam a pregar entusiasticamente as doutrinas que são realmente necessárias para a nossa salvação (que eles modo extraordinário esconderam brilhantemente do povo em suas cartas), e pregavam oralmente aquilo que eles jamais escreviam, e (É CLARO) incluíam todas as doutrinas e dogmas católicos de ensino, que eles nunca escreviam.
É claro que isso faz muita lógica na cabeça dos católicos, mas o que nós devemos esperar de alguém que invoca a ‘mãe’ prostrado diante de uma estátua achada num rio sem cabeça? Só poderíamos esperar isso mesmo! Finalmente, também devo considerar aqui que o “argumento” de que a Bíblia não explica a autoria de certos livros (que é um dos exemplos mais típicos) não favorece em nada a tradição oral, ainda mais quando nem ela consegue explicar a autoria de Hebreus, por exemplo! Ou seja, naquilo que a Bíblia não ajuda, a ‘tradição’ ajuda menos ainda. O máximo que a tradição pode fazer é (considerando um relativo pequeno espaço de tempo desde o último apóstolo vivo), definir certos dados históricos (como martírios), ou sobre dadas e épocas em que determinados livros foram redigidos, mas nunca sobre doutrinas que não estejam em harmonia com as Escrituras.
E mesmo nestes casos deveríamos ter um consenso geral nos pais da igreja, o que raramente acontece. Sumariando, podemos dizer (por exemplo) que foi João – o apóstolo – que escreveu o Apocalipse aproximadamente em 95 d.C, porque existe um enorme respaldo histórico nos escritos dos pais da igreja da época de João ou próximo à ele – e um consenso unânime. Portanto, embora a Bíblia não mencione quando João escreveu o livro, estes dados históricos podem nos levar com certa precisão (em decorrência de sua unaminidade e proximidade com os fatos) que João não escreveu o livro em 70 d.C (ou antes), mas somente no período de Domiciliano.
Contudo, este exemplo de “tradição” serve apenas para isto mesmo – dados históricos e/ou geográficos, pessoais, etc. Nunca servem para fundamentar doutrinas, pois, quando a questão chega na parte doutrinária, a confusão é completamente generalizada (os exemplos acima das várias divergências doutrinárias dos pais da igreja e da enorme contradição entre a tradição doutrinária da igreja ortodoxa e romana exemplificam muito bem isso), sem consenso, e muito menos unaminidade. Por isso mesmo, a Sola Scriptura (basear-se naquilo que seguramente foi escrito, e não naquilo que não foi e consequentemente está sujeito a acréscimo ou mudança ao longo dos anos) é o princípio básico para ser adotado por todos aqueles que não pretendem edificar as suas doutrinas sobre a areia da praia. É por isso que Lucas (evangelista) iniciou o seu evangelho direcionado a Teófilo dizendo:
Lucas 1
1 Muitos já se dedicaram a elaborar um relato dos fatos que se cumpriram entre nós,
2 conforme nos foram transmitidos por aqueles que desde o início foram testemunhas oculares e servos da palavra.
3 Eu mesmo investiguei tudo cuidadosamente, desde o começo, e decidi escrever-te um relato ordenado, ó excelentíssimo Teófilo,
4 para que tenhas a certeza das coisas que te foram ensinadas.
Veja que o objetivo de Lucas em deixar por escrito aquilo que foi primeiramente transmitido (oralmente) era para que “tenhas a certeza das coisas que te foram ensinadas” (v.4)! Ou seja, Teófilo só poderia ter certeza (confiança, segurança) naquilo que foi transmitido se tal fosse passado por escrito, ao invés de ficar apenas naquilo que foi transmitido oralmente. É naquilo que está escrito que nós podemos ter a certeza das coisas que nos foram legadas pelos apóstolos, e é por isso que “não devemos ir além daquilo que está escrito” (1Co.4:6). A superioridade do que está escrito sobre a “tradição oral” é claramente acentuada aqui. Já na época em que Lucas escrevia o seu evangelho existiam histórias da vida de Jesus sendo transmitidas oralmente, mas Lucas não diz para Teófilo se basear nestas tradições, nem tampouco confiar nelas.
O único jeito de Teófilo ter certeza daquilo que foi transmitido é se Lucas deixasse por escrito um relato ordenado! Se a tradição oral pudesse por si mesma transmitir a certeza das coisas (como inutilmente os católicos sugerem), então Lucas não precisava ter escrito nada! Obviamente a “tradição oral” não era considerada como um meio seguro ou plenamente autêntico a fim de que Teófilo tivesse a certeza dos fatos, de modo que ele elaborou em relato ordenado para que, através da Palavra escrita, Teófilo tivesse a “plena certeza” das coisas que lhe foram ensinadas! Vamos ajudar ainda mais a vida dos católicos romanos e passar mais alguns fatos sobre a validade e certeza da “tradição oral”. Vejamos mais um exemplo claro de tradição oral rapidamente corrompida:
João 21
20 E Pedro, voltando-se, viu que o seguia aquele discípulo a quem Jesus amava, e que na ceia se recostara também sobre o seu peito, e que dissera: Senhor, quem é que te há de trair?
21 Vendo Pedro a este, disse a Jesus: Senhor, e deste que será?
22 Disse-lhe Jesus: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti? Segue-me tu.
23 Divulgou-se, pois, entre os irmãos este dito, que aquele discípulo não havia de morrer. Jesus, porém, não lhe disse que não morreria, mas: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti?
24 Este é o discípulo que testifica destas coisas e as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro.
Perceba aqui que João, escrevendo o seu evangelho, teve que corrigir por escrito aquilo que foi erroneamente transmitido oralmente! Havia se difundido um erro entre os irmãos, de que ele [João] não iria morrer. A situação fica ainda mais feia para os amigos católicos quando vemos que este erro foi transmitido por nada a menos do que um dos principais apóstolos – Pedro. Isso é presumível a partir do fato de que estavam apenas Jesus e Pedro conversando, e que provavelmente não foi Jesus o fofoqueiro. Portanto, é razoável acreditarmos que partiu de Pedro esta estória, de que João não haveria de morrer. O que João faz é corrigir por ESCRITO aquilo que havia sido erroneamente transmitido ORALMENTE.
Trata-se de mais uma tradição oral corrompida, e que teve que ser corrigida ainda no final do século I, por uma fonte mais confiável pela qual poderíamos ter a plena certeza dos fatos – o que está escrito! Portanto, se temos tradição oral corrompida já ainda em plena era apostólica(!), que foi sendo divulgada oralmente e causando cada vez mais erros, sendo amplamente difundida entre os irmãos, e João teve que corrigir por escrito o erro transmitido oralmente, então é razoável crermos que a segurança e a certeza só podem ser encontradas mediante aquilo que está escrito, e não na instabilidade da tradição oral.
Provavelmente se não tivéssemos o evangelho de João este mito estaria sendo pregado até os dias de hoje, e, pior, estaria sendo transmitido como se fosse uma “verdade”! Ainda bem que temos a segurança e a plena certeza das Escrituras! Glória a Deus! Aleluia!!! Este exemplo fácil e simples nos mostra como que a tradição oral é facilmente corrompida e como que a plena certeza só vem por meio das Escrituras. Ele nos deixa ainda mais claro que se apoiar naquilo que não está escrito é edificar a sua fé baseada em fundamentos abaláveis, em lugar de colocar a nossa fé em um fundamento inabalável, naquilo que está escrito, onde temos a plena certeza das coisas que foram ensinadas.
Confiar cegamente na tradição oral é tão ridículo, mas tão ridículo, que nem mesmo os pais da igreja primitiva depositavam confiança nela. Embora pudessem estar em uma época não muito distante dos apóstolos, nem mesmo assim eles tinham o que não está escrito como algo seguro de fé. Eu imagino o que eles teriam a nos dizer caso encontrassem hoje, dois mil anos depois, uma instituição completamente fundamentada apenas sobre tradições em cima de tradições, sendo que muitíssimo antes disso ela já era totalmente desacreditada, tendo como certo que o único meio seguro e confiável de formulação de doutrina religiosa é a partir daquilo que está escrito, nas Escrituras:
“Devemos examinar cuidadosamente até que ponto a doutrina que nos é oferecida é conforme a Escritura, e em caso contrário, rejeitá-la. Nada deve acrescentar-se às palavras inspiradas de Deus; tudo quanto está fora da Escritura não é de fé, mas é pecado” (Basílio de Cesaréia, NPNF, 2nd Series, Prolegomena, 2. Works, 3. Ascetic, iii)
“É uma arrogância criminosa acrescentar algo às Escrituras; o que está escrito, crê-o; o que não está escrito, não o busques” (Jerônimo, Adversus Helvetium)
“Rejeitar alguma coisa que se encontra nas Escrituras, ou receber algumas coisas que não estão escritas, é um sinal evidente de infidelidade, é um acto de orgulho... o fiel deve crer com plenitude de espírito todas as coisas que estão nas Escrituras sem tirar ou acrescentar nada” (Basílio, Lib. de Fid. -- regul. moral. reg. 80; citado por Luigi Desanctis em La tradizione, terceira ed. Firenze 1868, pag. 19)
“Quem ousará falar quando a Escritura cala?... Nós nada devemos acrescentar à ordem de Deus; se vós acrescentais ou tirais alguma coisa sois réus de prevaricação” (Ambrósio, Lib. II de vocat. Gent. cap. 3 et lib. de parad. cap. 2; citado por Luigi Desanctis in op. cit., pag. 19)
“Se vós quereis clarificar as coisas em dúvida, ide à lei e ao testemunho da Escritura; fora dali estais na noite do erro. Nós admitimos tudo o que está escrito, rejeitamos tudo o que não está. As coisas que se inventam sob o nome de tradição apostólica sem a autoridade da Escritura são feridas pela espada de Deus” (Jerónimo, In Isaiam, VII; In Agg., I; citado por Roberto Nisbet in op. cit., pag. 28)
“Que orgulho e que presunção é igualar tradições humanas às ordenanças divinas...!” (Cipriano, Epist. 71; citado por Teofilo Gay em Arsenale antipapale, Firenze 1882, pag. 204-205)
“Não temos algum mandamento de Cristo que nos obrigue a crer nas tradições e nas doutrinas humanas, mas somente naquelas que os bem-aventurados profetas promulgaram e que Cristo mesmo ensinou, e eu tenho cuidado de referir todas as coisas às Escrituras e pedir a elas os meus argumentos e as minhas demonstrações” (Justino Mártir, Diálogo com Trifão)
“Mostre-nos a escola de Hermógenes que o que ela ensina está escrito: se não está escrito, trema em vista do anátema fulminado contra aqueles que acrescentam à Escritura, ou tiram alguma coisa dela” (Tertuliano, Contra Hermógenes, cap. 22)
“Por que, então, haveremos de hesitar em dizer o que a Escritura não se acobarda em declarar? Por que iria a verdade da fé hesitar naquilo em que a autoridade da Escritura nunca hesitou?” (Novaciano, Tratado sobre a Trindade, Cap.12)
Vamos ainda mais além, para o desespero dos católicos. Alguém tem que ser por demais insensato para crer que João tenha escrito que “...estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (João 20:31) se ainda assim isso tudo não fosse suficiente para a salvação, isto é, que não fosse suficiente para crermos no Filho de Deus e termos vida em seu nome! Mas como incoerência é o que tem mais de sobra dentro do catolicismo, então eles contradizem o apóstolo João e afirmam que não apenas o seu Evangelho, mas como também todo o restante do Antigo e Novo Testamento juntos, ainda assim são doutrinariamente insuficientes e que não pode levar o homem à salvação!
Ou seja, João selecionou o que era mais útil e proveitoso: “...estes, porém, foram escritos” (v.31) com a finalidade de que os seus leitores alcançassem a salvação, como é claramente correspondido em sua continuidade: “...foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (v.31), mas mesmo assim a Igreja de Roma diz que as Escrituras são insuficientes, que não podem fazer com que sejamos salvos mediante o fato de que Jesus é o Cristo, que não são doutrinariamente suficientes para fazer com que “tenhamos vida em seu nome”! Eles simplesmente menosprezaram todo o trabalho do apóstolo João que disse clarissimamente que aquilo que havia sido escrito era suficientemente capaz para que tenhamos vida mediante Jesus Cristo, o que, aliás, foi para exatamente este fim que ele escreveu o seu próprio evangelho! Quanta incoerência!
O que já foi escrito já é o suficiente para a nossa salvação, pois estes “foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (v.31). Se aquilo tudo já não fosse o suficiente, então não seria o bastante para que tivéssemos vida mediante o nome de Cristo! É muito óbvio a partir disso que o que está contido nas Escrituras é o suficiente para a nossa salvação, e, se é o suficiente, então não precisamos dos acréscimos católicos que não vão trazer nada de mais importante para ser “ainda mais salvo”, mas que, ao contrário, pode encaminhar a ensinamentos estranhos, como é de se ver pelas suas adições ao longo dos séculos e até os dias de hoje.
Como já foi dito, a “tradição oral” [“telefone sem fio”] do catolicismo corrompeu a “Sã Doutrina” (2Tm.4:3) apostólica encontrada nas Escrituras, que por si só já eram suficientes para a salvação, mas o diabo fez com que algumas pessoas ignorantes da Palavra realmente acreditassem que a Sagrada Escritura não é suficiente coisa nenhuma e que aquilo que foi dito oralmente chegou incorruptível dois mil anos depois, que aquilo que foi dito oralmente diz respeito exatamente àquelas doutrinas heréticas pregadas pelos católicos sem qualquer respaldo bíblico, e que os apóstolos eram todos bipolares e extremamente instáveis, que pregavam oralmente as lendas e mitos do catolicismo pagão e depois passavam por escrito aos seus leitores um evangelho completamente diferente deste dos católicos, e sem incluir absolutamente nenhuma das doutrinas [católicas(?)] quando passavam por escrito!
Como já previa Paulo, “virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas” (2Tm.4:3,4). Eles não suportaram, preferiram começar a acreditar nas lendas e mitos que mais lhes convinha do que crer na Sagrada Escritura que “é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e plenamente preparado para toda boa obra” (2Tm.3:16,17)!
Toda Escritura é divinamente inspirada e suficientemente capaz por sua inspiração divina para o ensino (doutrina), porque “tudo que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que, pela constância e pela consolação provenientes das Escrituras, tenhamos esperança” (Rm.12:4). Sempre quando o assunto é o “ensino”, as Escrituras aparecem como referência! É digno de nota que as Escrituras eram a própria fonte doutrinária dos apóstolos, ainda mais quando vinham debater quanto a doutrinas com as outras pessoas:
"...E Paulo, como tinha por costume, foi ter com eles; e por três sábados disputou com eles sobre as Escrituras" (At.17:2)
"...Porque com grande veemência, convencia publicamente os judeus, mostrando pelas Escrituras que Jesus era o Cristo" (At.18:28)
Por que o debate era na base das Escrituras? Porque era esse o fundamento doutrinário dos apóstolos. Quanto a isso, creio que já esteja suficientemente claro! Os apóstolos não iriam usar como fonte uma regra de fé doutrinariamente insuficiente e muito menos iriam escrever inúmeras epístolas apostólicas, evangelhos, e até mesmo Apocalipse a fim de admoestar os seus leitores sendo que tudo aquilo que eles escreviam era tudo... insuficiente!?! Nós não temos fé suficiente para acreditar nisso! Não temos fé suficiente para crermos que o apóstolo Paulo, por exemplo, passou de treze a quatorze epístolas suas escrevendo apenas coisas que seriam insuficientes para a salvação, e que não seria uma base sólida e suficiente para os seus leitores serem devidamente doutrinados.
Não é isso o que a Bíblia nos ensina! Paulo escreve dizendo que “pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef.2:8), mas tudo o que ele escreveu era insuficiente para ser salvo. Aparentemente os católicos acham que Paulo não se importava “tanto assim” com o doutrinamento e salvação de seus destinatários em suas cartas! João escreve dizendo: “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis” (1Jo.2:1), mas na verdade tudo o que ele escreveu não é tão suficiente assim para que não pequemos e sejamos salvos! Ele também escreve dizendo que “todo aquele que vai além do ensino de Cristo e não permanece nele, não tem a Deus; quem permanece neste ensino, esse tem tanto ao Pai como ao Filho” (2Jo.1:9), mas na verdade não adianta perseverar neste ensino porque ele é insuficiente sem as tradições romanistas, não é mesmo?
Os apóstolos escreveram sobre salvação (Lc.3:6), sobre a graça de Deus (Tt.2:11), sobre fé (2Co.5:7), sobre o pecado (1Jo.5:17), sobre justificação (Rm.4:25), sobre doutrina (Tt.2:1), sobre ensino (1Tm.4:13), sobre a vida eterna (1Jo.2:25), sobre a ressurreição dos mortos (Mt.22:31), sobre o juízo vindouro (At.24:25), sobre a vida cristã (2Tm.3:12), sobre levar a sua cruz (Lc.14:27), sobre viver uma vida dedicada a Cristo (Rm.15:16), sobre a nossa herança em Cristo (Rm.8:17), sobre como somos predestinados pelo pré-conhecimento de Deus para sermos feitos em semelhança a Deus (Ef.1:11), sobre como somos eleitos por Ele antes da fundação do mundo (Cl.3:12), sobre maturidade espiritual (Ef.4:13), sobre discernimento de espíritos (1Co.12:10), sobre profecias (1Ts.5:20), sobre os dons do Espírito (Hb.2:4), sobre exortação (1Co.14:3), sobre comunhão (1Jo.1:3), sobre o amor (1Jo.4:16), sobre a paciência (Hb.6:15), sobre a perseverança (2Pe.1:6), sobre tribulação (Rm.12:12), sobre a provação (Tg.1:3), sobre tentação (Lc.22:40), sobre boas obras (1Tm.2:10), sobre caridade (1Co.13:4), sobre milagres (Mt.13:58), sobre Deus Pai (Fp.2:11), sobre a divindade de Cristo (Jo.1:1), sobre a divindade do Espírito Santo (Ef.2:22), sobre o nome “Deus” subsistente em três pessoas (Mt.28:19), sobre a Ceia do Senhor (1Co.11:20), sobre aflição (Fp.4:14), sobre luta (Hb.12:14), sobre honra (1Tm.5:3), sobre o linguajar dos crentes (Lc.6:45), sobre batalhar pela fé (Jd 3), sobre anjos (Lc.4:10), sobre demônios (Mt.9:34), sobre batalha espiritual (Ef.6:12), sobre a segunda vinda de Cristo (2Ts.2:1), sobre o arrebatamento (1Ts.4:17), sobre línguas dos homens e dos anjos (1Co.13:1), sobre Jesus ser o Messias prometido (Jo.4:26), sobre a mensagem da reconciliação, Deus reconciliando consigo o mundo (2Co.15:19), sobre a morte e ressurreição de Cristo (At.2:31), sobre a condenação dos ímpios (Mt.23:33), sobre o galardão dos salvos (1Co.3:14), sobre a Nova Jerusalém (Ap.21:1-3), sobre o tribunal de Cristo (2Co.5:10), sobre a oração (Rm.12:12), sobre cura (Mt.17:16), sobre a nossa posição de vitória em Cristo (Rm.8:37), sobre a vitória contra o maligno (1Jo.2:14), sobre a destruição da carne (1Co.5:5), sobre a morte espiritual (1Jo.5:17), sobre o Espírito Santo (At.13:52), sobre a mente de Cristo (1Co.2:16), sobre a loucura do mundo (1Co.1:27), sobre a Tribulação Apocalíptica (Mt.24:21), sobre o fim dos tempos (1Co.10:11), sobre os heróis da fé (Hb.12), sobre a herança prometida aos santos (Ef.1:18), sobre paciência nas tribulações (Rm.5:3), sobre sofrer por fazer o bem (1Pe.3:17), sobre a disciplina humana e sobre a disciplina divina (Hb.12:8), sobre a sabedoria de Deus e sobre a sabedoria do mundo (1Co.1:21), sobre o estado eterno (Mt.25:46), sobre a era que há de vir (Ef.1:21), sobre o amor de Deus para conosco (Jo.3:16), sobre a religião pura e imaculada para com Deus (Tg.1:27), sobre a Palavra de Deus (At.12:24), sobre os ídolos falsos (1Jo.5:21), sobre inveja (Mt.27:18), sobre ciúmes (Rm.10:19), sobre ira (Hb.3:11), sobre violência (At.21:35), sobre paz (Rm.3:17), sobre sermos filhos de Deus (Gl.3:26), sobre arrependimento para a salvação (2Co.7:10), sobre a lei de semeadura e colheita (2Co.9:6), sobre dar frutos para o Reino (Mt.7:20), sobre fazer o “talento” render (Mt.25:28), sobre a lei do pecado e da morte (Rm.8:22), sobre a lei do Espírito de vida (Rm.8:22), sobre a sinceridade (Ef.6:5), sobre a fraternidade (2Pe.1:7), sobre o mundo espiritual e sobre o mundo visível (Hb.11:3), sobre sonhos (Mt.2:12), sobre promessas (Hb.11:33), sobre revelações (2Co.2:1), sobre o Deus que se fez carne (Rm.8:3), sobre o repouso celestial (Hb.4:9), sobre o Verbo (Jo.1:1), sobre a renúncia à impiedade (Tt.2:12), sobre as concupiscências mundanas (Tt.2:12), sobre a mentira (1Jo.2:21), sobre o engano (1Pe.2:22), sobre o caminho (Jo.14:6), sobre a verdade (Jo.14:6), sobre a vida (Jo.14:6), sobre a imutabilidade de Deus (Hb.6:17), sobre destruição de fortalezas espirituais (2Co.10:4), sobre espiritualidade (1Co.2:13), sobre religiosidade (Tg.1:26), sobre santidade (Lc.1:75), sobre pureza (1Tm.5:2), sobre o evangelho puro e sincero (2Co.11:1-3), sobre a adoração aos ídolos falsos (1Jo.5:21), sobre as bênçãos espirituais de Deus (Ef.1:3), sobre maldição (Rm.3:14), sobre punição (2Co.2:6), sobre a descedência natural e espiritual de Abraão (Gl.3:7), sobre o único Deus verdadeiro (Jo.17:3), sobre principados e sobre potestades (Cl.1:16), sobre a lavoura e edifício de Deus (1Co.3:9), sobre confessar ou negar Jesus Cristo publicamente (1Jo.4:15), sobre o sobrenatural da parte de Deus (Lc.1:37), sobre glorificar a Deus (Gl.1:24), sobre o louvor a Deus (Hb.13:15), sobre a adoração a Deus (Rm.12:1), sobre o jejum (Mt.17:21), sobre a oração no espírito (Ef.6:18), sobre a permissão divina (Hb.6:3), sobre ser guiado pelo Espírito de Deus (Rm.8:14), sobre o templo de Deus (1Co.3:17), sobre o santuário do Espírito Santo (1Co.6:19), sobre a Igreja (Mt.18:17), sobre o Corpo de Cristo (1Co.12:27), sobre o temor a Deus (Rm.3:8), sobre guardar os Seus mandamentos (1Jo.5:2), sobre a mediação de Jesus Cristo entre Deus e os homens (1Tm.2:5), sobre a manifestação dos filhos de Deus (Rm.8:19), sobre a voz de Deus (Hb.3:7), sobre o descansar no Senhor (Sl.62:5), sobre sermos imitadores de Deus (Ef.5:1), sobre cair nas mãos do Deus vivo (Hb.10:31), sobre a justiça de Deus (Tg.1:20), sobre o tabernáculo de Deus entre os homens (Ap.21:1-3), sobre acepção de pessoas (Rm.2:11), sobre o testemunho de Deus (1Jo.5:9), sobre o anticristo (1Jo.2:22), sobre a besta (Ap.13:1,2), sobre o falso profeta (Ap.19:20), sobre os espíritos que regem este mundo (1Jo.5:19), sobre os limpos de coração (Mt.5:8), sobre a Nova Terra prometida (2Pe.3:13), sobre os pacificadores (Mt.5:9), sobre a hipocrisia (Mt.23:28), sobre a honestidade (1Tm.2:2), sobre o homem interior e exterior (Rm.7:22), sobre tristeza (Rm.9:2), sobre alegria (At.8:8), sobre regozijo (2Co.7:16), sobre o Reino dos céus (Mt.3:2), sobre o Reino de Deus (1Co.4:20), sobre a ira de Deus (Cl.3:6), sobre a misericórdia de Deus (Rm.9:16), sobre a benignidade de Deus (Rm.2:4), sobre a longanimidade de Deuss (Rm.2:4), sobre a incredulidade (Mt.13:58), sobre o novo nascimento (Jo.3:7), e sobre outros inúmeros, inúmeros e incontáveis temas, assuntos e aspectos da vida cristã e doutrina abordados.
Ora, depois de tudo isso, apenas o diabo pra falar que absolutamente tudo isso junto nas ESCRITURAS nem sequer serve suficientemente em questão doutrinária ou de salvação! Misericórdia! Na verdade, eu acho que até o diabo deve crer! Apenas alguém com um flagrante desconhecimento bíblico GRITANTE que afirma que todos os ensinamentos juntos passados por escrito acerca de Jesus Cristo e pelos apóstolos eram todos eles insuficientes, necessitando de uma “tradição oral” para, aí sim, se tornar algo realmente suficiente! Pode parecer meio chato para algumas pessoas, mas os apóstolos não ficaram escrevendo tantas coisas assim apenas para “passar o tempo”. Eles tinham um objetivo claro com isso, e este objetivo se centralizava na salvação das almas e no doutrinamento dos fieis. É óbvio que então eles não iriam deixar por escrito apenas doutrinas insuficientes e que não são por si só suficientes para a salvação pessoal.
A Bíblia, como eu já disse, é COMPLETA. Para falar a verdade, a Bíblia é o livro mais completo do mundo todo! Tudo aquilo que é necessário para o nosso ensino nos foi legado nas Escrituras, para que sejam o pilar e fundamento de nossa fé. Para os católicos, há certamente uma infinidade de coisas importantíssimas nas quais Deus se esqueceu de colocar na Bíblia, mas eles lembraram, e adicionaram como regra de fé e doutrina. Para os verdadeiros cristãos, contudo, a Bíblia é doutrinariamente SUFICIENTE, Deus fez as Escrituras servirem para guardar todas as verdades e os ensinamentos necessários do Cristianismo dentro dos mais de 1100 capítulos da Bíblia canônica. Afinal, “toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra” (2Tm.3:16,17). Aleluia!!!
1.5 REFUTAÇÕES
Abrirei mais este último espaço dentro da premissa número 1 para refutações das supostas “contra-argumentações” dos católicos em cima do texto de 2Tm.3:16,17, conquanto que a maior alegação católica esteja realmente centrada sobre a alegação falsa deles de que tal referência seja apenas e tão somente ao Antigo Testamento das Escrituras. Recentemente, em um debate que eu tive sobre a Sola Scriptura em uma comunidade do orkut, um católico tentou sustentar o frágil argumento deles baseando-se no fato de que Paulo afirma no verso 16 que a Escritura é “útil”, e presumiu a partir daí que a Escritura então não é suficiente. Não me pergunte como foi que ele chegou a esta conclusão, porque de fato nem eu entendi direito.
Mas ele parece ter se adiantado a este tipo de presunção e veio com uma analogia bonitinha: Ele disse que a Escritura é como a água, que é útil mas não é suficiente. Não vale a pena dizer que o católico não sabe nem a diferença entre a Sagrada Escritura e a água, mas eu fiz questão de fazer uso deste mesmo exemplo para refutá-lo. A água é proveitosa (útil) para matar a sede, certo? É claro que sim. A água também é suficiente para matar a sede, concorda? Também é óbvio. Ninguém vai morrer de sede porque tomou somente água. Portanto, a água é útil e também é suficiente!
Portanto, é uma completa falácia este “argumento” católico de que porque Paulo elogia as Escrituras dizendo serem úteis e proveitosas, então o que ele estava querendo dizer na verdade era que nem suficiente ela é! Cai por terra mais uma falácia romanista. Quando o católico caiu na real de que “útil” não implica em “insuficiência”, aí ele fez o melhor que ele poderia fazer, ou seja, ficou calado. E olha que eu ainda fui bem bonzinho e camarada de ir buscar a refutação exatamente naquele pobre exemplo da água... imagine só se o exemplo fosse de algo que é capaz de fazer o homem de Deus PERFEITO.... PERFEITAMENTE CAPACITADO.... para TODA BOA OBRA.... nossa.... aí já era o fim mesmo... ainda bem que eu fui bonzinho de usar aquele exemplusinho da água.
Mas como os católicos gostam de demonstrar que não apenas não sabem nada de Bíblia, como também não entendem nada de analogias, então eles não se cansam e querem ir mais além: James Akin parece “reformular” este argumento dizendo a mesma inutilidade com palavras diferentes. Para ele, “o martelo é útil para pregar, mas isso não significa que todos os pregos só possam ser pregados com um martelo”. Além dos católicos novamente exemplificarem algo em cima de uma coisa que não é capaz de levar ninguém à salvação, nem fazer o homem de Deus perfeito, e nem perfeitamente capacitado para obra nenhuma (ou seja, é mais um exemplo típico daqueles que querem dar à Escritura o mesmo valor dado ao martelo – o que apenas demonstra como os católicos não dão valor nenhum às Escrituras) este exemplo é novamente um outro tiro no pé, uma vez sendo que o martelo é SUFICIENTE para pregar os pregos.
Ou seja, nem mesmo nas analogias católicas a “contra-argumentação” parece fazer algum sentido! Se não bastasse o fato de que tais analogias não tem nada a ver com o valor da Sagrada Escritura, elas ainda apenas nos ajudam a fundamentar que a Bíblia é realmente SUFICIENTE, e não “insuficiente” carecendo de uma “tradição oral” ou de algum tipo de “magistério” de alguma instituição religiosa. Ademais, a mensagem paulina expressada no verso 15 é muito bem clara e especificada: É a Sagrada Escritura que faz o homem sábio para a SALVAÇÃO.
Não é “Escritura+Magistério+Tradição = Salvação”; mas sim SOMENTE a Escritura (=Sola Scriptura) que Paulo respalda no verso 15 como sendo capaz de fazer o homem sábio para a salvação. O modelo católico de formulação de regra de fé e doutrina não tem nada a ver com tal modelo respaldado pelo apóstolo Paulo; mas o dos evangélicos, sim! Também se o clero romano tivesse o trabalho de ir ler na Bíblia aquilo que Jesus Cristo diz a quem for seu seguidor (e eles deveriam mesmo fazer isso, já que ninguém mais o pode!), eles veriam que o modelo de vida é exatamente este:
“Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus” (Mt.5:48)
E o que é que faz o homem cumprir essa ordenança a fim de ser “perfeito”? Resposta:
“Quanto a você, porém, permaneça nas coisas que aprendeu e das quais tem convicção, pois você sabe de quem o aprendeu. Porque desde criança você conhece as Sagradas Letras, que são capazes de torná-lo sábio para a salvação mediante a fé em Cristo Jesus. Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus sejaperfeito e plenamente preparado para toda boa obra” (2 Timóteo 3.14-17)
Cheque-Mate!!!
Concluindo esta breve parte dedicada a mais algumas refutações, seria realmente bom que os teólogos católicos ficassem calados ao invés de irem buscar analogias nulas, inúteis e sem sentido lá do arco da velha, que além de tudo só servem para desmoralizar ainda mais o modelo de doutrina católica de ensino. Vejamos agora com é a última “contra-argumentação” romanista a ser derrubada.
2. A REFERÊNCIA É SOMENTE AO ANTIGO TESTAMENTO
Quando os católicos se veem deparados com todas as evidências completamente nocivas e esmagadoras às suas doutrinas, eles arrumam uma ideia surpreendente: Dizer que a referência só vale tão somente ao AT e não ao NT. Afinal, para eles “não houve nenhum Novo Testamento por centenas de anos até que o Concílio de Cartago, em 397, juntou os 27 livros individuais do jeito que temos agora” [veja essa pérola católica aqui]. Não será difícil refutarmos esta fuga desesperada dos católicos. Vejamos:
2.1 O ARGUMENTO NÃO EXCLUI A SUFICIÊNCIA BÍBLICA
A principal coisa que precisamos considerar aqui é que isto não é uma “refutação”. Longe disso, isso se parece muito mais com uma falácia. O argumento utilizado por parte dos católicos de que a referência paulina em 2Tm refere-se tão somente ao Antigo Testamento de nossas Bíblias não refuta em absolutamente nada os fatos que vimos de que:
- A Sagrada Escritura é suficientemente capaz de fazer o homem de Deus perfeitamente capacitado.
- A Sagrada Escritura é capaz de fazer o homem de Deus perfeito.
- A Sagrada Escritura é suficientemente capaz de fazer o homem de Deus capacitado para TODA boa obra e não apenas “parte” dela.
O “nível” desta “contra-argumentação” feita pelos católicos é tão fraca que não consegue nem anular as premissas que nós já acompanhamos até aqui e nem tampouco refutar as suas consequências devastadoras para o catolicismo. Por exemplo, se a Sagrada Escritura é capaz de fazer o homem de Deus perfeito, então ela não poderia faltar em questões doutrinárias. Isso é um princípio básico, ou senão a “perfeição” deixa de ser “perfeição” para se tornar “imperfeição” – isto é, insuficiente doutrinariamente. Essa “contra-argumentação” (que merece ficar entre aspas porque não merece ser dignamente chamada de “contra-argumentação”) também não consegue superar as seguintes insuperações que demonstramos nos outros pontos anteriores, tais como:
- Se a Escritura é capaz de fazer o homem de Deus PERFEITO [i.e, sem erros, incluindo em questões doutrinárias, é claro, ou então não seria "PERFEITO"], então por que a Escritura seria "INSUFICIENTE"???
- Como pode alguém ser "PERFEITO" mediante as Escrituras se ela nem sequer é "SUFICIENTE"???
- Como pode a Escritura ser "INSUFICIENTE" se ela é capaz de fazer o homem "PLENAMENTE PREPARADO”???
- Será que os católicos sabem mesmo o que significa "PLENAMENTE"???
- Como pode a Escritura ser "INSUFICIENTE" se ela faz o homem perfeito para TODA boa obra? Neste caso ela não seria suficientemente capaz para isso?
Como vemos, os católicos não tem uma “contra-argumentação”, pois uma contra-argumentação nos traria necessariamente a refutação das premissas passadas como também a refutação de suas consequências mortais para o catolicismo. Contudo, aqui não houve uma “refutação” de coisa alguma! Ora, se isso não é uma refutação, é o que então? Resposta: Isso é uma pura falácia!!! Os católicos se deleitam nas falácias ao invés de refutarem e desmascararem o dicionário e o apóstolo Paulo! Afinal, eles deveriam fazer isso se quiserem mesmo derrubar o argumento!
Mas nem mesmo esta falácia católica chega a ser algo inteligente para eles. Antes de mais nada, vamos fazer uma coisa: vamos fazer de conta que a “explicação” dos romanistas esteja correta. Sim, isso mesmo que você leu – vamos considerar apenas por um pouco de tempo que esta tentativa deprimente de refutação esteja certa, e que Paulo estivesse trazendo memória tão somente das páginas veterotestamentárias da Bíblia. Partindo desta premissa, poderíamos dizer que agora a Escritura inteira se torna insuficiente? É claro que não! Veja como os católicos dão um verdadeiro “tiro no próprio pé”:
- Mostrando como o “argumento” católico é falacioso e não refuta nada; ao contrário, piora ainda mais a situação deles mesmos:
Ora, se a referência é ao Antigo Testamento somente, então o AT já é suficiente para toda boa obra? Ou Paulo mentiu? E, se o Antigo Testamento já é suficiente para toda boa obra, quanto mais então com o Novo! E os católicos ainda insistem que os dois juntos são insuficientes!!! Quanta contradição! Será que os católicos tem realmente certeza do nível argumentacional do que eles estão propondo? Porque, neste caso, então a coisa piora ainda mais para eles, uma vez sendo que na visão deles nem o AT e o NT juntos, unidos e somados conseguem fazer o homem suficiente para a salvação, e nem mesmo suficiente para toda boa obra, e nem um homem de Deus completo em sua plenitude, e nem sequer é capaz de fazer o homem de Deus perfeito, o que implicaria também em perfeição doutrinária!
Afinal, esse “homem de Deus” imperfeito e insuficiente precisaria urgentemente das tradições católicas-romanas para ajuda-lo a ser um “homem perfeitamente instruído”, não é mesmo? Se Paulo referia-se apenas a Lei e aos Profetas, então a coisa piora ainda mais para o lado dos católicos. Pois, se é de senso lógico que o NT já seria suficiente para a nossa salvação em Cristo Jesus, imagine isso junto, unido e somado com as leis e os profetas que por si só já seriam também suficientes para toda boa obra, sábio para a salvação? Noutras palavras:
LEI + PROFETAS = Homem perfeito; Perfeitamente instruído; Sábio para ser salvo; Plenamente habilitado para toda boa obra, etc...
LEI + PROFETAS + NT = Não-Suficiente???
Vejam que a falácia dos católicos com uma máscara falsa de “refutação” complica ainda mais a posição deles mesmos e torna ainda mais insustentável do que ela já estava! Eles dão como único suporte um argumento auto-contraditório que anula a si mesmo. Seria o mesmo que eu dissesse que eu tenho duas bolas para jogar futebol e que uma delas já é suficiente... será que porque eu tenho também uma outra bola as duas se tornam insuficientes? É claro que não. Se uma já é suficiente, imagine quanto mais com a outra! A não ser que o NT anule o Antigo. E é isso que os católicos mascaradamente nos querem demonstrar com esta falácia esdrúxula. Portanto, esta falácia deixa a situação dos católicos muito mais ainda em apuros do que eles já estavam até aqui.
- Mas o Antigo Testamento, sozinho, é mesmo suficiente?
Já demonstramos que o argumento católico: (1) Não é uma refutação e nem uma contra-argumentação séria; (2) Não refuta os pontos lógicos vistos até aqui com relação aos termos impregnados por Paulo com relação às Escrituras em 2Tm.3:16,17, que demonstram claramente a suficiência dela em todos os sentidos; (3) Não refuta as suas conseqüências mortais contra as cartilhas da missa; (4) É uma completa falácia do início ao fim; (5) Se partirmos do princípio de que a “refutação” católica está com a razão, chegamos na mesma conclusão da Sola Scriptura; (6) Ainda que a sugestão dos católicos de que a referência é somente ao AT seja verdadeira, o argumento além de permanecer inabalável, torna-se ainda mais cruel e devastador contra aquelas cartilhas da missa. Portanto, a refutação católica, além de ser inexistente, é uma pura falácia!
Mas iremos um pouco mais a frente. Alguém poderia perguntar: “Ok, Lucas, sei que o ‘argumento’ católico é ridículo. Mas você acredita mesmo que o AT sozinho já é doutrinariamente suficiente”? É claro que não! Como já foi dito, a primeira parte foi apenas para revelar aos católicos que o choro deles não tem qualquer tipo de respaldo e ainda piora a situação deles. Mas o argumento se complementa a partir de quando admitimos que o AT por si só não é doutrinariamente suficiente e, portanto, a referência a “Toda Escritura” de 2Tm.3:16 tem que necessariamente abranger também o Novo Testamento! Se o AT é suficiente, por que Jesus teve que ensinar “coisas novas”? Vejamos:
"Porém, quando vier o Espírito da Verdade, ele vos guiará a toda verdade (...) e vos fará saber as coisas que hão de vir" (João 16:13)
Assim vemos que o AT por si só não é completo – não é suficiente! Portanto, a referência de Paulo em 2Tm não pode dizer respeito somente ao Antigo Testamento, uma vez sendo que o AT sozinho não é suficiente para que o homem de Deus seja perfeito, completo, pleno, completamente preparado, etc. O homem de Deus se torna pleno e completo quando o Antigo Testamento se une com o Novo Testamento. Podemos numerar as premissas deste argumento da seguinte maneira:
1. A “Escritura” que Paulo se refere em 2Tm.3:16,17 é algo suficiente: faz o homem de Deus perfeito, completo, pleno, plenamente preparado, capacitado para toda boa obra (2Tm.3:16,17).
2. O Antigo Testamento sozinho não é capaz de fazer tudo isso, uma vez sendo que ele só se complementa com o NT, que veio exatamente para nos revelar a realidade daquelas coisas que no AT eram apenas “sombras” do que haveria de vir (veja Hebreus 10:1; Hebreus 8:5; Colossenses.2:17; etc)
3. Portanto, a referência de Paulo em 2 Timóteo 3:16,17 abrange também o Novo Testamento, e não apenas o Antigo.
O Antigo Testamento era “sombra daquilo que haveria de vir; a realidade, porém, encontra-se em Cristo” (Cl.2:17). A Lei trazia “apenas uma sombra dos benefícios que hão de vir, e não a realidade dos mesmos” (Hb.10:1). Isso de modo algum significa que o Antigo Testamento não tem o seu valor. De forma alguma estou propondo uma coisa dessas, mas sim afirmando que o AT em si mesmo não faz o homem de Deus pleno e completo como Paulo afirma (2Tm.3:16,17), pois foi o Novo Testamento que trouxe a realidade das coisas (Cl.2:17; Hb.10:1; Mt.5:17). Isso nos msotra que a referência paulina deve certamente acolher também a realidade e não apenas a figura; isto é, o Novo Testamento e não apenas o Antigo.
Jesus disse: “Não pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim abolir, mas cumprir” (Mt.5:17). Jesus não veio para “passar a borracha” e anular todo o AT, mas sim para revelar o seu sentido pleno e completo. A NTLH traz: “Não pensem que eu vim para acabar com a Lei de Moisés ou com os ensinamentos dos Profetas. Não vim para ACABAR COM ELES, mas para dar o seu SENTIDO COMPLETO” (Mt.5:17). Quando Jesus disse que não veio para abolir a Lei, significa que ele não estava aqui para “passar a borracha” no AT, mas sim para dar o seu sentido completo, ou seja, fazer com que as “sombras” do AT fossem plenamente reveladas em Cristo, na Nova Aliança, tendo toda uma aplicação prática com a luz do Novo Testamento.
Assim vemos que o AT não é por si só suficiente para fazer o homem de Deus pleno, perfeito ou completo. O homem de Deus se torna pleno, perfeito e completo com a revelação do Novo Testamento, que cumpre o AT, traz as sombras à realidade e as coloca em seu sentido completo. Assim vemos que Paulo tinha em mente não apenas o AT, pois ele mesmo reconhecia que o AT não era em si mesmo suficiente, como já vimos. O sacrifício de Cristo na cruz por nós, da qual “Jesus é o Mediador de um novo testamento” (Hb.12:24), bem como a revelação doutrinária presente na Nova Aliança, é intrinsecamente necessária para fazer o homem de Deus pleno, completo e perfeito.
Deste modo podemos ver bem claramente que a menção de Paulo a Timóteo abrange não apenas o Antigo Testamento sozinho (o qual o próprio Paulo sabia ser insuficiente), e nem tampouco o Novo Testamento sozinho, mas sim Antigo e Novo Testamento, ambos unidos, juntos e somados, que são realmente capazes de fazer o homem de Deus pleno, completo, perfeito, completamente capacitado, e apto para toda boa obra (2Tm.3:16,17). O Antigo Testamento (revelação parcial; “sombra”), mais o Novo Testamento (sentido completo; “realidade”) é que fazem o homem de Deus perfeito – completo. Esta “perfeição” e “plenitude” certamente não pode deixar de lado o aspecto doutrinário, uma vez sendo que sem este o homem de Deus NUNCA poderia ser classificado como “plenamente preparado” e muito menos ser considerado “perfeito”. Assim vemos que AT + NT =”TODA ESCRITURA” (2Tm.3:16). E essa soma é o que resulta em um homem completo, cheio, suficiente. Perfeito! Esse mesmo apóstolo Paulo nos afirma:
“Edificados sobre o fundamento dos apóstolos [Novo Testamento] e dos profetas [Antigo Testamento], de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina” (Efésios 2:20)
Veja que Paulo deixa muito claro que nós não estamos fundamentados apenas pelo fundamento dos “profetas” [sumariados no AT], mas também sobre o fundamento dos apóstolos [sumariados no NT]. Veja que é profetas [AT] + apóstolos [NT] = FUNDAMENTO. Assim vemos que é completamente incoerente crermos que em 2Tm.3:16,17 Paulo contrariasse este mesmo pensamento aqui expressado e que sua designação fosse tão meramente ao Antigo Testamento e não ao Novo. Se Paulo incluía também o NT em Efésios 2:20, é completamente de todo incoerente crermos que ele de modo inteiramente oposto fizesse menção apenas aos “profetas” (AT) em 2Tm.3:16 quando se refere a “Toda Escritura, divinamente inspirada...”.
É muito mais lógico crermos que ele igualmente considerava os apóstolos (que não se encontram nas páginas do AT, mas apenas no NT) como parte deste fundamento e, portanto, como parte ativa da doutrina e fundamento dos cristãos. Se Antigo e Novo Testamento atuam juntos no pensamento de Paulo expresso em Efésios 2:20 como o fundamento dos cristãos (e não existe “apóstolos” no AT das Escrituras), então segue-se logicamente que em 2Tm.3:16 é novamente Antigo eNovo Testamento que são considerados “divinamente inspirados”, e que por consequencia apresentam todas as demais designações feitas pelo apóstolo no verso 17 que definem muito bem a suficiência dela e, muito mais ainda do que isso, a sua perfeição, para que o homem de Deus seja completo [não “insuficiente”], perfeitamente preparado.
Ainda mais, negando que a expressão “toda Escritura” (2Tm.3:16) tenha alguma parte com o NT, os católicos deixam bem claro nas entrelinhas que somente o AT (e não o NT) foram inspirados pelo Espírito Santo. Perceberam o profundo abismo que os católicos acabam caindo ao afirmarem uma calúnia grotesca dessas? Eles simplesmente negam que o NT seja parte da Escritura divinamente inspirada! Mascaradamente eles negam isso, mas (fazer o quê) esta é a única forma deles escaparem das consequencias mortais para a doutrina herética e totalmente anticristãs deles. Se “Toda Escritura divinamente inspirada” diz menção apenas ao AT, então o NT não é produto de inspiração do Espírito Santo? E como então explicar o fato de que Paulo considerava as suas palavras não como palavra de homens, mas como Palavra de Deus (1Ts.2:13)?
“Também agradecemos a Deus sem cessar, pois, ao receberem de nossa parte a palavra de Deus, vocês a aceitaram não como palavra de homens, mas segundo verdadeiramente é, como palavra de Deus, que atua com eficácia em vocês, os que crêem” (1Ts.2:13)
Como explicar o fato de que Paulo afirma categoricamente que “quero que saibam que o evangelho por mim anunciado não é de origem humana. Não o recebi de pessoa alguma nem me foi ele ensinado; pelo contrário, eu o recebi de Jesus Cristo por revelação” (Gl.1:11,12)? Como explicar o fato de que os ensinamentos deixados por Paulo eram feitos “pela autoridade do Senhor Jesus”?
“Pois vocês conhecem os mandamentos que lhes demos pela autoridade do Senhor Jesus” (1Ts.4:2)
Como explicar que eles são “mandamentos”, e não apenas meros conselhos humanos ou de origem humana? Como explicar que a autoridade deles vem do Senhor Jesus, se são meros ensinos que não são inspirados ou que não são considerados “palavra de Deus” tanto quando o Antigo Testamento da Bíblia?
E como também explicar o próprio fato de Pedro colocar os escritos de Paulo no mesmo patamar das Escrituras [divinamente inspiradas] do Antigo Testamento? Vejamos: “Ele [Paulo] escreve da mesma forma em todas as suas cartas, falando nelas destes assuntos. Suas cartas contêm algumas coisas difíceis de entender, as quais os ignorantes e instáveis torcem, como também o fazem com as demais Escrituras, para a própria destruição dele” (2Pe.3:16). Fica muito claro que desde cedo, desde os primórdias da Igreja, os primeiros cristãos já catalogavam os escritos dos apóstolos como fazendo parte das Escrituras.
É por isso que não podemos negar de jeito nenhum que a referência de 2Tm.3:16 também abranja o NT, pois os cristãos não estão fundamentados apenas nos profetas do AT, mas também nos apóstolos do NT (Ef.2:20). Perceberam que, mais uma vez, a “escapatória” dos católicos o aprisionam ainda mais? Mas, como a incoerência é o que menos tem falta no catolicismo (junto com a idolatria, é claro), eles dão as piores das mais estapafúrdias das desculpas esculachadas a fim de convencerem os seus fieis de uma mentira. Só pelo o que vimos até aqui, podemos compreender claramente que a referência de Paulo em 2Tm.3:16 à “Toda Escritura” não se limita ao AT porque:
(1) O fundamento dos cristãos não era somente nos profetas [sumariados no AT], mas também nos apóstolos [sumariados no NT] – Efésios 2:20.
(2) As palavras de Paulo eram consideradas “palavra de Deus” e eram colocadas no mesmo patamar das “demais Escrituras” do AT – 1Tessalonicenses 2:13; 2Pedro 3:16.
(3) Se a menção diz respeito apenas às Escrituras do AT em 2Tm.3:16, então logicamente a sua sequencia também segue este mesmo princípio, incluindo o “divinamente inspirada” que vem logo em seguida. Portanto, negar que o NT faça parte destas “Escrituras” significa negar que o NT é igualmente inspirado pelo ES, sendo produto de mera interpretação pessoal de origem humana, o que Paulo também efetivamente nega que o seja! – Gálatas 1:11,12; 1Tessalonicenses 4:2.
(4) Se o NT não é inspirado por Deus, então ele não faz parte da menção de Paulo a “Toda Escritura, divinamente inspirada...” (v.16), referindo-se as Escrituras que são inspiradas. Se, contudo, os escritos neotestamentários eram divinamente inspirados assim como os do AT, então segue-se logicamente que ele igualmente faz parte das Escrituras (inspiradas) mencionadas por Paulo em 2Tm.3:16.
(5) O próprio apóstolo Paulo tinha ciência de que o AT era sombra do NT e, portanto, não pode ser por si só suficiente (Hb.8:5; Hb.10:1; Cl.2:17; cf. Jo.16:13). Então é uma presunção nada mais do que lógica de que ele não iria considerar o AT sozinho capaz de fazer o homem de Deus perfeito... plenamente capacitado... para toda boa obra. Tais adjetivos impõe algo que atinge perfeição, plenitude. Vai muito mais além do que mera “suficiência”! Portanto, tal referência do apóstolo Paulo certamente abrange o Novo Testamento.
2.2 CARTAS DE PAULO COMO ESCRITURA
Mas as provas são tão abundantes que não param por aqui. O nosso próximo passo será abordar se dentro do próprio Novo Testamento existe a menção de algum livro neotestamentário (ou dos escritos apostólicos) já considerados como “Escritura”. Em caso de confirmação, seria o golpe final na teologia católica de alguns que ensinam por aí que Paulo só estava preocupado com o Antigo Testamento quando escreveu 2Tm.3:16,17. O nosso objetivo neste ponto consiste, portanto, em mostrar aos caros leitores que as cartas dos apóstolos já eram consideradas como “Escritura” (assim como os Evangelhos) tanto quanto o Antigo Testamento o era. E nós temos a confirmação tanto de um como de outro, isto é, tanto para os Evangelhos como também para as cartas apostólicas. Vamos analisar cada argumento mais de perto:
- As cartas de Paulo como Escritura
Uma evidência mais do que claro de que na Igreja primitiva as epístolas dos apóstolos (bem como os evangelhos) já eram adotados como “Escritura” (assim como os escritos dos profetas) é o fato de que o apóstolo Pedro considerava os escritos de outro apóstolo (Paulo) como fazendo parte das Escrituras. Pedro fala sobre os escritos de Paulo nas seguintes palavras:
“Suas cartas contêm algumas coisas difíceis de entender, as quais os ignorantes e instáveis torcem, como também o fazem com as demais Escrituras, para a própria destruição deles” (2Pe.3:16)
Veja que Pedro colocava os escritos de Paulo no mesmo patamar dos demais escritos veterotestamentários, e como fazendo parte das Escrituras, como é de se perceber notavelmente a partir da sua menção às demais Escrituras (além dos escritos do próprio Paulo), o que nos mostra que desde cedo já era costume da Igreja primitiva cristã catalogar tais escritos dos apóstolos como fazendo parte das Escrituras. Como observamos no capítulo 3, em 2Pedro 3:16, Pedro mostra não apenas o conhecimento da existência de epístolas escritas por Paulo, mas também uma clara disposição para classificar “todas as suas [de Paulo] epístolas” juntamente com “as demais Escrituras”! Pedro, sobre as cartas de Paulo - que já circulavam -, escreve que ”os indoutos e inconstantes torcem, como o fazem também com as outras Escrituras, para sua própria perdição"(2Pe.3:16).
Portanto, Escrituras de Paulo, juntamente com as outras! Lemos aí Pedro revelando que as cartas de Paulo eram chamadas de Escrituras! Como é que os católicos fazem para escapar de tão grande evidência, quando estão deparados com o argumento? Simplesmente, apelam para aquilo que há de mais ridículo em nível argumentacional. Quando aquele católico que eu estava debatendo se deparou com este forte argumento, ele foi forçado a lançar mão de uma pérola insustentável: De que Pedro estava falando de sua própria carta e não da de Paulo! Você está assustado? É, eu também fiquei... mas infelizmente eu fui forçado a trazer uma revelação especial para o católico em questão, isto é, fui mostrar uma coisa que nenhum católico jamais fez questão de ir buscar (ou senão sairia da sua seita): O CONTEXTO! Contextualizar a passagem é o desespero dos católicos:
2 Pedro 3
15 Tenham em mente que a paciência de nosso Senhor significa salvação, como também o nosso amado irmão Paulo lhes escreveu, com a sabedoria que Deus lhe deu.
16 Ele escreve da mesma forma em todas as suas cartas, falando nelas destes assuntos. Suas cartas contêm algumas coisas difíceis de entender, as quais os ignorantes e instáveis torcem, como também o fazem com as demais Escrituras, para a própria destruição deles.
Veja que Pedro se refere às cartas de Paulo o tempo todo: Primeiro ele se refere ao "amado irmão Paulo" (v.15), depois ele fala da sabedoria que Deus "LHE" deu [a Paulo - v.15]. Depois ele fala que "Ele [PAULO] escreve" (v.16), e também sobre as "suas cartas" (v.16). De quem será que ele está falando? Quando foi que Pedro deixou de falar de Paulo para falar dele mesmo nesta passagem??? É óbvio que Pedro está incluindo as epístolas de Paulo quando diz: "demais Escrituras" (v.16), o que nos mostra que já naquela época as epístolas dele [Paulo] já eram classificadas como ESCRITURA. Portanto, a referencia de 2Tm.3:16,17 certamente inclui as próprias cartas de Paulo, o que nos revela claramente que as epístolas apostólicas (isto é, as cartas escrevidas pelos apóstolos) já eram catalogadas e classificadas como “Escritura” dentro da Igreja primitiva.
Assim sendo, não é com dificuldade que percebemos que Paulo estava incluindo também as suas próprias cartas bem como as demais quando falou sobre “Toda Escritura” em 2Tm.3:16. Desde muito cedo na história da Igreja todas as epístolas apostólicas eram colocadas como “palavra de Deus” e como “Escritura”, juntamente com os escritos veterotestamentários. Paulo não estava excluindo a si mesmo quando escreveu 2Tm.3:16,17 e nem aos demais; ele nem tampouco estava contrariando o que Pedro claramente afirma em 2Pe.3:16, mas apenas confirmando aquilo que os cristãos da época já tinham como aceito àquela altura: Que TODA Escritura, isto é, Antiga e Nova Aliança (AT e NT) era divinamente inspirada e capaz de fazer o homem perfeito e plenamente capacitado para toda boa obra e sábio para a salvação em Cristo Jesus.
2.3 EVANGELHO DE LUCAS COMO ESCRITURA
Como eu afirmei que iria buscar evidência textual neotestamentária que fosse válida não somente às cartas apostólicas, mas também aos próprios evangelhos como “Escritura”, cumprirei a palavra trazendo à tona a declaração categórica de Paulo em 1Tm.5:18, que nos mostra claramente que o evangelho de Lucas já era considerado como “Escritura” por Paulo. Vejamos o que o apóstolo escreve:
“Devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino. Pois a Escritura declara: ‘Não amordaces o boi, quando pisa o trigo’. E ainda: ‘O trabalhador é digno do seu salário’” (1Tm.5:18)
A primeira citação da “Escritura” encontra-se em Deuteronômio 25.4, mas a segunda, “o trabalhador é digno do seu salário”, não se acha em nenhum lugar do Antigo Testamento. Ela ocorre, porém, em Lucas 10:7, que diz:
"Ficai nessa casa, comendo e bebendo do que eles tiverem; pois o trabalhador é digno do seu salário. Não andeis de casa em casa” (Lc.10:7)
Portanto, Paulo cita um trecho de Lucas e o classifica como “Escritura”! Isso nos mostra que não somente as epístolas já eram classificadas como “Escritura”, mas também os próprios evangelhos! O mais interessante de tudo isso, principalmente para os mais ignorantes que não aceitam o tamanho desta evidência, provém do fato de que as palavras no original grego são exatamente as mesmas em Lc.10:7 e em 1Tm.5:18! Isso elimina completamente qualquer possibilidade de que o apóstolo estivesse fazendo uma citação de algum outro livro, pois ele teve o cuidado até mesmo de preservar cada uma das palavras do Salvador registradas em Lucas 10:7!
Ademais, não existe absolutamente nenhuma menção parecida ou semelhante a esta citação em todo o Antigo Testamento, ou sequer que chegasse perto disso! Eu deixaria os católicos folhearem a vontade todas as páginas do AT (o que seria muito bom para eles começarem a aprender um pouco de Bíblia), mas eles não vão achar absolutamente nada semelhante a tal citação! Mas o mais interessante quanto a essa menção deve-se realmente ao fato de se tratar de uma citação exata do evangelho de Lucas, como podemos ver nos manuscritos originais do texto grego:
1 Timóteo 5,18:
“legei gar ê graphê boun aloônta ou phimôseis kai axios o ergatês tou misthou autou”
Lucas 10,7:
“en autê de tê oikia menete esthiontes kai pinontes ta par autôn axios gar o ergatês tou misthou autou tsb=estin mê metabainete ex oikias eis oikian”
Ou seja, uma citação exata do evangelho de Lucas!!! E como Paulo se refere a ela? Nada mais nada a menos do que como a... E-S-C-R-I-T-U-R-A!!! Dessa forma, Paulo está citando aqui uma porção do evangelho de Lucas e a chama “Escritura”, ou seja, algo que deve ser considerado parte do cânon. Em ambas as passagens (2Pe 3.16 e 1Tm 5.17,18) vemos claros indícios de que bem cedo na história da igreja os escritos do Novo Testamento, que já circulavam, começaram a ser aceitos como parte do cânon. Todos os apóstolos escreveram antes de morrer. Todas as igrejas que existiam na época receberam esses escritos. Esses acontecimentos e registros se deram mais de 300 anos antes da alegação católica sobre a formação das Escrituras!
Como os católicos respondem a mais este argumento? Bom, pelo menos aquele católico inteligente que eu debati (sim, aquele mesmo...) disse outra pérola para a gente se divertir: que foi Lucas quem citou Paulo e não o inverso! Tal “refutação”, contudo, é mais do que ridícula; de fato, é pior ainda do que a outra, e só revela como a leitura caquética dos católicos pelas páginas da Bíblia é uma leitura míope e sem direção nenhuma. Destronando o “argumento”: Em primeiro lugar, Lucas não estava copiando alguma citação de algum apóstolo, porque ele estava apenas registrando uma citação que saiu da boca de Jesus Cristo. Novamente temos que apelar ao contexto que como sempre derruba as falácias de Roma:
Lucas 10
7 E depois disto designou o Senhor ainda outros setenta, e mandou-os adiante da sua face, de dois em dois, a todas as cidades e lugares aonde ele havia de ir.
8 E dizia-lhes: Grande é, em verdade, a seara, mas os obreiros são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que envie obreiros para a sua seara.
9 Ide; eis que vos mando como cordeiros ao meio de lobos.
10 Não leveis bolsa, nem alforje, nem alparcas; e a ninguém saudeis pelo caminho.
11 E, em qualquer casa onde entrardes, dizei primeiro: Paz seja nesta casa.
12 E, se ali houver algum filho de paz, repousará sobre ele a vossa paz; e, se não, voltará para vós.
12 E ficai na mesma casa, comendo e bebendo do que eles tiverem, pois o trabalhador é digno do seu salário. Não andeis de casa em casa.
Veja que o evangelista Lucas não está registrando as palavras de Paulo, mas sim as de Jesus Cristo! Como SEMPRE, contextualizar uma passagem bíblica é uma crueldade e uma covardia maligna contra os católicos. É bom lembrar sempre que quando Jesus Cristo disse isso em Lucas 10:12, Paulo nem era cristão ainda! Portanto, Jesus não estava citando Paulo – mas o inverso pode ser verdadeiro. Em segundo lugar, porque isso não altera em absolutamente nada o fato de que Paulo estava registrando palavras Escriturísticas em 1Tm.5:18, e que elas não se encontram em lugar algum do Antigo Testamento. Sendo assim, é razoável crermos que ele realmente estava fazendo uma citação do Novo Testamento, uma vez sendo que não existia uma “outra fonte” Escriturística dos apóstolos, senão o Antigo e o Novo Testamento.
Os apóstolos poderiam até citar de vez em quando alguma obra apócrifa como faz Judas mencionando fatos ocorridos no livro da Assunção de Moisés (Jd 9) e apócrifo de Enoque (Jd 14), mas eles nunca citam essas obras como que fazendo parte das Escrituras. Sempre quando a expressão “está escrito” é utilizada, é SEMPRE para fazer uma menção a um livro canônico das Escrituras. É por isso que os livros apócrifos (espúrios) que os católicos colocaram na Bíblia a fim de fazê-la ter uma carinha mais romanista-pagã não são NUNCA alvo de tal expressão, seja pelos apóstolos ou por Nosso Senhor Jesus Cristo. Mas o foco aqui não são os livros apócrifos, mas sim o fato de que citações da Escritura realmente só são feitas quando a menção é de fato a um livro qualquer do Antigo (ou Novo) Testamento, e nunca fora dela. Vejamos como que Paulo faz questão de ressaltar que tal menção é claramente retirada das Sagradas Escrituras:
Recapitulando Lucas 10,7:
"Ficai nessa casa, comendo e bebendo do que eles tiverem; pois digno é o trabalhador do seu salário. Não andeis de casa em casa”
Agora observe como Paulo cita duas referências num só versículo. Uma parte é a mesma de Jesus:
“... Pois a Escritura declara: Não amordaces o boi, quando pisa o trigo. E ainda: O trabalhador é digno do seu salário”
Ele diz que "... a Escritura declara", então cita uma parte de Deuteronômio. E depois faz uma pausa, “… E ainda [a Escritura declara]…”, então cita um verso do Evangelho de Lucas. O primeiro registro da “Escritura” está no Velho Testamento, em Deuteronômio 25.4, mas a segunda, “o trabalhador é digno do seu salário”, nós encontramos somente em Lucas. Paulo chama o Evangelho de Lucas de Escritura! Portanto, se algum católico vier com a conversa fiada de que foi Lucas quem citou Paulo, basta perguntar a ele: “Então de qual Escritura Paulo estava falando em 1Tm.5:18”? Infelizmente aquele católico inteligente que eu estava debatendo não conseguiu responder a esta questão, ainda que eu a repetisse insistentemente. Os católicos fingem que não ouvem quando são deparados com o argumento... ficam sem ter o que falar. É a famosa falácia do espantalho...
Em terceiro lugar, Lucas não escreve em seu evangelho que tal citação que Jesus disse era uma referência Escriturística. Certamente que muito do que Jesus disse foi tirando das Escrituras, especialmente quando veio esmiuçar a tradição oral dos fariseus (Mc.7:6,7) que não tinham uma base Escriturística mas eram meros ensinamentos humanos; mas muito do que Jesus disse foram palavras dele mesmo, isto é, não foram citações diretas do Antigo Testamento. É exatamente este o caso que ocorre em Lucas 10:7. Jesus não está fazendo uma ousada exortação com base nas Escrituras sobre regras de fé e moral aos seus discípulos, mas sim dando algumas instruções sobre como eles deveriam se portar ao serem enviados naquela específica missão que ele lhes estava enviando.
Para este caso específico não foi feito a eles uma regra por regra com base no AT, mas sim alguns costumes que deveriam ser observados por eles, tais como não levar bolsa, nem saco de viajem, nem sandálias, nem saudar ninguém pelo caminho, etc. Noutras palavras, não existe nenhuma citação Escriturística em específico em Lucas 10:7 e nem em seu contexto, mas Paulo em 1Tm.5:18 diz bem explicitamente que estava citando uma passagem das Escrituras. Será que é tão difícil assim entender que era Paulo e não Lucas que estava citando o outro?
Por maior que seja o tamanho do véu espiritual que cobre a cabeça dos incrédulos (2Co.4:4), eu não creio que alguém com um mínimo de inteligência ou instrução possa em sã consciência negar o argumento com base em 1Tm.5:18 (em que Paulo cita Lucas como Escritura) ou mesmo tentar diminuí-lo. Os incautos, ignorantes e instáveis fazem isso para a perdição deles (2Pe.3:16), mas nós não! Apenas por mera questão elucidativa, o católico em questão que eu estava debatendo não era “qualquer um” (pelo menos não no sentido técnico do termo, embora em termos de inteligência possamos colocar esta questão em aberto), pelo contrário, ele é professor de uma faculdade de teologia! E ainda ensina esse monte de asneira aos seus alunos! Que tipo de “cristãos” que essa gente está formando?
Certamente gente que se acha “cristã”, mas é fraquinha na fé, que foi fraquissimamente instruída e que por isso é levada por todo e qualquer tipo de vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que conduzem ao erro, pois se o próprio professor da faculdade de teologia católica é deste nível, imagine só como deve ser o “nível” dos alunos! E não imagine o caro leitor que esta facilidade em rebater os argumentos medíocres levantados pelo catolicismo são tão fáceis assim apenas por causa de um ou outro debatedor fraquinho; ao contrário, eles são aceitos por toda a comunidade católica, pois já é bem reconhecido que eles não dão o direito do livre exame/interpretação da Bíblia aos seus fieis!
Em outras palavras, são um monte de gente sem direito e nem livre-arbítrio, tem que seguirem como robozinhos aquilo que um “papa” lhes fala... eles ignoram completamente a palavra escrita de que “a unção que receberam dele permanece em vocês, e não precisam que alguém os ensine; mas, como a unção dele recebida, que é verdadeira e não falsa, os ensina acerca de todas as coisas” (1Jo.2:27). Então deve-se perceber que os argumentos fracos de um “doutor” ou “teólogo” católico geralmente reflete a fraqueza da própria instituição em si. De fato, os católicos não têm argumentos em suas doutrinas e ensinos, mas apenas falácias que fundamentam heresias que cada vez mais se perpetuam e aumentam ao longo dos séculos, pois “um abismo chama outro abismo” (Sl.42:7). Finalmente, devemos também levar em consideração o testemunho de Eusébio (Séc.IV), que claramente afirma em sua “História Eclesiástica” que Paulo costumava citar o Evangelho de Lucas em seus escritos:
“Diz-se também que Paulo costumava mencionar o Evangelho de Lucas sempre que, escrevendo, dizia como se se tratasse de um evangelho seu: “segundo meu Evangelho” (Eusébio de Cesaréia, História Eclesiástica, Livro IV, 4:7)
Assim vemos que nós temos todas as confirmações do mundo de que realmente Paulo fazia uma menção do evangelho de Lucas e já dizia abertamente que se tratava da Escritura, o que obviamente os próprios leitores da carta já poderiam identificar com grande facilidade em decorrência do fato de que eles mesmos já consideravam tais escritos como inspirados pelo Espírito Santo e fazendo parte do cânon das Escrituras. O Evangelho de Lucas já circulava na Igreja Primitiva há apenas alguns anos após a ascensão do Senhor Jesus. A Igreja Primitiva e os apóstolos já tinham acesso às Escrituras sem a ajuda dos grandes concílios católicos! Assim vemos que todas as alegações e tentativas desesperadas e apelativas de “refutação” vindas dos católicos são deprimentes e sempre o máximo que conseguem chegar é a reforçar ainda mais a força do argumento já posto em evidência.
O fato é que tanto as epístolas quanto os evangelhos foram já sendo catalogados como Escritura pela Igreja primitiva, sem a ajuda de nenhum grande “concílio” católico depois de mais de três séculos! Isso evidentemente ocorre em função do fato de que as Escrituras são inspiradas (“sopradas”) pelo Espírito Santo e, deste modo, a própria natureza dos documentos inspirados é que levam a autencidade em si. Eles não recebem autencidade ou veracidade mediante alguma declaração eclesiástica! O Espírito Santo que preservou as páginas do Antigo Testamento é o mesmo Espírito que conduziu as páginas do Novo, sem permitir que algo se corrompesse ou que os cristãos ficassem três séculos sem os livros do NT. Sabemos que desde cedo a Igreja considerava o NT como Escritura divina, e consequentemente sabemos também que a menção de 2Tm.3:16,17 abrange, como o próprio Paulo afirma, “TODA ESCRITURA”, o que já em sua época abrangia tanto o Antigo como o Novo Testamento da Bíblia, como foi amplamente fundamentado aqui.
2.4 portanto, a referência inclui o novo testamento
Essa é a conclusão lógica a que chegamos à luz de todas as evidências passadas até aqui. Desde a infância de Timóteo, ele conhecia as “Sagradas Letras” (2Tm.3:15), que no início diziam respeito tão somente ao Antigo Testamento e nada a mais, mas já nos tempos de 2Timóteo abrangia o Novo Testamento (Nova Aliança) das nossas Bíblias. Mais algumas considerações a fazermos é que o apóstolo Paulo comprova a sua vocação divina para o apostolado (Rm.1:1-3), e diz em sua epístola de que aquele texto se trata de um texto profético (Rm.16:26). Ademais, ele declara ter recebido revelação direta da parte de Deus para aquilo que ele tinha escrito (Ef.3:3), e que a sua palavra eram palavras de Deus, e não simplesmente de homens (1Ts.2:13). Ele também diz para não nos misturarmos com aquelas pessoas que não obedeciam as palavras escritas de sua epístola (2Ts.3:14), e coloca os seus escritos no mesmo patamar do Antigo Testamento (1Tm,4:11-13).
Tiago diz escrever com autoridade apostólica (Tg.1:1), o mesmo que faz o apóstolo Pedro (1Pe.1:1). Pedro também reafirma que os escritos dos apóstolos tem a mesma autoridade dos escritos do Antigo Testamento (2Pe.3:2), e coloca as cartas de Paulo como fazendo parte das Escrituras (2Pe.3:16). João igualmente afirma ser testemunha ocular dos fatos (1Jo.1:1), e declara que a comunidade dos apóstolos provém da parte de Deus (1Jo.2:19). Ao longo de todo o Novo Testamento nos é notável que os cristãos estavam edificados não apenas sobre os profetas (AT), mas também sobre os apóstolos (NT) –Ef.2:20. Paulo cita Lucas como fazendo parte das Escrituras (1Tm.5:18), o que também confirma Eusébio de Cesaréia. Portanto, à luz de tudo isso, qual é a conclusão a que chegamos?
Claramente que nos tempos em que Paulo escrevia 2Timóteo (possivelmente em 67 d.C) as “Escrituras” já abrangiam a Nova Aliança que nos é apresentada nas páginas do Novo Testamento das Escrituras. Mas vamos ainda mais além do que nas próprias Escrituras. Será que nos escritos dos pais da Igreja nos primeiros séculos confirma que o Novo Testamento também fazia parte das Escrituras? Se a referência é ao Antigo Testamento, então torna-se bem presumível que nos pais da Igreja do primeiro século d.C houvesse a confirmação de tal fato, ou seja, eles mencionariam apenas o Antigo Testamento como sendo “Escritura”.
Se, contudo, estou certo em dizer que o NT já era desde o início considerado por “Escritura” juntamente com o AT, então teríamos que encontrar evidências para isso nos pais da Igreja do séc.I ou II. Temos algumas epístolas deles que são realmente bem recentes em relação ao início da Igreja. Quando Policarpo escreveu aos Filipenses, é bem provável que o apóstolo João ainda estivesse em vida. Possivelmente a epístola de Policarpo tenha sido escrita até antes dos escritos de João! Será que possuímos base na única carta de Policarpo que chegou até nós (Policarpo aos Filipenses), ou será que nada de NT é mencionado como “Escritura” nesta carta? A resposta podemos ver a seguir:
“Creio que sois bem versados nas Sagradas Letrase que não ignorais nada; o que, porém, não me foi concedido.Nessas Escrituras está dito: “Encolerizai-vos e não pequeis, e que o sol não se ponha sobre vossa cólera.”Feliz quem se lembrar disso. Acredito que é assim convosco” (Policarpo aos Filipenses, Cap.12, v.1)
Vemos aqui Policarpo citando no capítulo 12 de sua carta aos Filipenses as “Sagradas Letras” (curiosamente o mesmo termo empregado por Paulo em 2Tm.3:15!), mas ele não segue a “lógica” católica (de que apenas o AT eram as “Sagradas Letras” da época); ao contrário, ele cita que nessas Escrituras está dito:
“...Encolerizai-vos e não pequeis, e que o sol não se ponha sobre a vossa cólera” (Policarpo aos Filipenses, 12:1)
Agora os apologistas católicos de plantão podem novamente dar uma passada em todo o Antigo Testamento que não vão encontrar nada. Eu recomendo entusiasticamente que eles leiam a Bíblia (seria bom para eles), mas não vão achar tal citação se procurarem apenas no Antigo Testamento. Será que Policarpo estava louco ou gagá quando escreveu isso? Talvez seja mais provável que ele tenha citado isso daqui:
“...Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira” (Epístola de Paulo aos Efésios, Cap.4, v.26)
Portanto, Policarpo cita Paulo e chama de “Escritura”! Embora ele pudesse ter perfeitamente feito uso do Antigo Testamento (e com certeza estaria certo se quisesse lançar mão do AT), ele vem buscar uma passagem de Paulo, não porque seja bonitinha ou “legal”, mas porque faz parte das “Sagradas Letras”, a “Escritura” que Policarpo estava fazendo menção! Assim vemos que já no primeiro século d.C, desde sempre na história da Igreja, os escritos dos apóstolos e dos evangelistas era coincidente com as Escrituras e classificados como igualmente inspirados pelo Espírito Santo. Mas as evidências não terminam por aqui. Em 2Clemente (Clemente é um cara do primeiro século AD), está escrito:
“Portanto, irmãos, se fazemos a vontade de Deus, nosso Pai, pertenceremos à primeira Igreja, que é espiritual, que foi criada antes do sol e da lua; porém, se não fazemos a vontade do Senhor, seremos como a Escritura, que diz: “Minha casa se transformou em covil de ladrões”. Logo, prefiramos ser a Igreja da vida, para que sejamos salvos. E não creio que ignoreis que a Igreja viva “é o corpo de Cristo”, porque a Escritura diz: “Deus fez o homem, varão e mulher”. O varão é Cristo; a mulher é a Igreja. E os livros e os apóstolos declaram de modo inequívoco que a Igreja não apenas existe agora, pela primeira vez, como assim desde o princípio, porque era espiritual, como nosso Jesus também era espiritual; porém, foi manifestada nos últimos dias para que Ele possa nos salvar” (2 Clemente, Cap.14, v.2)
Veja que coisa mais interessante. Primeiramente ele cita as palavras de Jesus Cristo relatadas em Mateus 21:23 como fazendo parte das Escrituras, e depois cita um trecho de Marcos 10:6 e novamente chamando de “Escritura”! Mais do que isso, ele cita os “livros” e os “apóstolos”, o que nos mostra que a regra de fé e doutrina deles não se baseava apenas no AT mas também nos apóstolos (Novo Testamento)! E Clemente segue dizendo:
“Novamente diz a Escritura em outro lugar: eu não vim chamar os justos, mas os pecadores” (2 Clemente, Cap.2, v.4)
Novamente Clemente diz estar fazendo uma citação da “Escritura”, mas ele não cita passagem alguma do AT, mas sim as palavras de Jesus registradas somente no NT, sem nenhum paralelo no AT da Bíblia:
“...Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento” (Mateus 9:13)
Novamente.... o Novo Testamento como “Escritura”!
Já muito antes dos “grandes concílios” de Cartago e Hipona, já era aceito o catálogo dos livros do Novo Testamento da maneira como nós temos hoje em nossas Bíblias. Por exemplo, Jerônimo (séc.IV), declarou:
“Tratarei brevemente do Novo Testamento. Mateus, Marcos, Lucas e João são a equipa quádrupla do Senhor, os verdadeiros querubins ou depósito de conhecimento (...) O Apóstolo Paulo escreve a sete igrejas (pois a oitava epístola, aos Hebreus, não é geralmente contada com as outras). Instrui Timóteo e Tito; intercede ante Filemom pelo seu escravo fugitivo... Os Atos dos Apóstolos parece relatar uma história sem adorno e descrever a infância da igreja recém-nascida, mas uma vez que nos damos conta que o seu autor é Lucas, o médico cujo louvor está no evangelho, veremos que todas as suas palavras são remédios para a alma doente. Os apóstolos Tiago, Pedro, João e Judas produziram sete epístolas, ao mesmo tempo espirituais e concisas. O Apocalipse de João tem tantos mistérios como palavras. Ao dizer isto, disse menos do que o livro merece” (Jerónimo, Carta LIII. Em Philip Schaff e Henry Wace, Editors: A Select Library of Nicene and Post-Nicene Fathers of the Christian Church, Second Series [1892]. Grand Rapids: Wm. B. Eerdmans, Reimpresión, 1991; 6:101-102)
Aqui são listados os livros que compõe o Novo Testamento da época da mesma forma como nós temos hoje. E isso antes de Hipona e Cartago! Da mesma forma, Atanásio, muitos anos antes destes concílios (e antes da igreja romana ter formação e organização da maneira que vemos hoje), já escrevia:
“Não é tedioso repetir os [livros] do Novo Testamento. São os quatro Evangelhos, segundo Mateus, Marcos, Lucas e João. Em seguida, o Atos dos Apóstolos e as sete Epístolas[chamadas "católicas"], ou seja: de Tiago, uma; de Pedro, duas; de João, três; de Judas, uma. Em adição, vêm as 14 Cartas de Paulo, escritas nessa ordem: a primeira, aos Romanos, as duas aos Coríntios, uma aos Gálatas, uma aos Efésios, uma aos Filipenses, uma aos Colossenses, duas aos Tessalonicenses, uma aos Hebreus, duas a Timóteo, uma a Tito e, por último, uma a Filemon. Além disso, o Livro da Revelação de João” (Atanásio de Alexandria, Epístola 39, Cap.5)
Veja que Atanásio, muitas décadas antes de Hipona e Cartago, já declarava os livros do NT não diferente daquilo que temos hoje. Portanto, isto é uma clara evidência de que na Igreja primitiva cristã do quarto século AD já eram aceitos esta listagem dos livros, o que exclui qualquer chance ou possibilidade deles serem “criados” somente no século V ou em meados no século IV, e objetivamente exclui as possibilidades de que sejam aqueles concílios quem tenham determinado a autoridade das Escrituras. Muito pelo contrário, o que vemos e confirmamos aqui é que tais Concílios apenas reconheceram aquilo que já era considerado como verdadeiro à altura – eles não estavam ‘inventando’ nenhuma novidade!
A autoridade das Escrituras não foi determinada através de algum Concílio em específico, pois as cartas têm de si mesmas a autoridade pelo Espírito Santo. O que os Concílios fizeram foi simplesmente reconhecer isso, assim como eu poderia reconhecer a Dilma Roussef como presidente do Brasil, ainda que isso não me faça superior a ela e nem mesmo tenha dado autoridade a ela. E isso exclui inteiramente as históricas falácias romanistas do arco da velha, que são constantemente usadas com a única finalidade de enganar os mais incautos que caem nestas mentiras. Como A.A.Hodge afirma:
“Quando um plebeu reconhece um príncipe e é capaz de chamá-lo pelo nome, isto não dá a ele o direito de governar sobre o reino. Da mesma forma, o conselho da igreja, ao reconhecer quais livros eram inspirados por Deus e possuíam as qualidades de um livro por Deus inspirado, não ganhava igual autoridade a estes livros”
Assim vemos que não existe nenhuma base bíblica e nem base histórica para os católicos afirmarem que 2Tm.3:16 segue apenas o AT. Pelo contrário, eles baseiam isso no mais puro achismo e delírio que não se encontra nem na lógica e nem no bom senso, sendo que a História secular e a própria Sagrada Escritura desmente o achismo dos católicos. Em resumo, a alegação evangélica de que a citação de Paulo em 2Tm.3:16 abrangia o NT encontra uma base completa em todo o Novo Testamento e nos escritos dos pais da Igreja, enquanto em contraste com isso o achismo dos católicos não encontra base nenhuma em absolutamente nada, mas eles lançam mão deste “argumento” como um jeito mais fácil de salvar a doutrina deles, como fruto do mais puro desespero. Eles não seguem as evidências, mas seguem apenas os achismos falsos e falaciosos deles, porque no dia em que eles quiserem seguir as evidências teriam que abandonar essa seita herética que eles seguem.
Ademais, devemos considerar também que Paulo não está tratando do cânon da Bíblia (os livros inspirados que compõe as Escrituras) em 2Tm.3:15-17, mas sim da NATUREZA da Escritura. É a natureza das Escrituras que é “theopneustos” (“soprada por Deus”). Portanto, quando sabemos que o mesmo Espírito Santo que dirigiu a formação do cânon do Antigo Testamento é o mesmo Espírito que dirigiu as páginas do Novo Testamento, podemos crer também que todos os livros que foram escritos depois de 2Timóteo (particularmente as cartas de João) são igualmente “theopneustos”, isto é, inspirados por natureza, e consequentemente também estão inclusos na natureza inspirada dos livros que constituem a Escritura que faz o homem de Deus perfeito.
Tome um exemplo: se eu falo sobre a natureza dos seres humanos (suas utilidades e qualidades, bem como outras de suas características), será que eu vou estar falando apenas dos seres humanos que já existiram de Adão até o presente momento, e excluindo completamente os seres humanos da mesma natureza que ainda vão nascer? É claro que não. Evidentemente estará abrangendo todos os seres humanos (que já nasceram e que ainda nascerão), pois possuem todos uma mesma natureza que está sendo relatada por mim hoje. Se eu digo que a natureza dos seres humanos é carnal, que possui dois olhos, uma boca e um nariz, obviamente eu não vou estar apenas me referindo aqueles que já nasceram, porque a questão é sobre a NATUREZA delas, ou seja, evidentemente compreende as pessoas que ainda estão por vir nos tempos vindouros e que nascerão com esta mesma natureza que eu estou escrevendo.
Quando Paulo descreveu a natureza interior do ser humano em Romanos 7:14-25, ele evidentemente não estava falando que esta batalha interior na natureza do ser humano só valeria das pessoas de Adão até o momento em que ele escrevia aquela carta. Pelo contrário, ela vale para TODAS as pessoas de TODOS os tempos, pois está se referindo a uma natureza única e imutável (é por isso que até hoje nós sofremos esta mesma batalha interior em nossa natureza que Paulo descreve naqueles versos). Da mesma forma, quando Paulo fala sobre a inspiração das Escrituras, ele não está se referindo ao processo de formação do cânon, mas sim sobre a natureza divinamente inspirada das Escrituras. Ele obviamente não está incluindo apenas os escritos que já existiam em sua época, mas também aqueles que ainda viriam a compor as Escrituras, pois fariam parte de uma mesma e única natureza que está em questão.
Da mesma forma que não seriam apenas os escritos bíblicos do AT ou até 2Timóteo que seriam divinamente inspirados (descartando o restante da Bíblia que viria depois), mas sim TODA a Escritura da forma como nós temos hoje, assim também é a toda Escritura (cuja natureza está sendo colocada em foco) que o verso seguinte complementa dizendo que faz “o homem de Deus perfeito e perfeitamente capacitado para toda boa obra” (2Tm.3:17). Portanto, não é apenas os livros do Antigo Testamento e nem mesmo apenas os livros já escritos até àquela altura (de 2Tm) que é Escritura divinamente inspirada e que faz o homem de Deus perfeito e plenamente habilitado, mas toda ela, da forma como o Espírito Santo direcionou a fim de que fosse o que vemos hoje.
Quando Jesus disse: “a própria palavra que tenho proferido, essa o julgará no último dia” (Jo.12:48), ele não estava se referindo apenas ao que ele tinha dito até aquele tempo. Assim como Jesus disse em João 14:23 que quem o ama guarda a sua palavra, com certeza não foi só as palavras que ele disse naquele instante. Igualmente, ao dizer que “a tua palavra é a verdade” (Jo.17:17), ele obviamente quis dizer TODA a Palavra de Deus, mesmo quando a Escritura (palavra de Deus escrita) não havia sido compilada em sua versão final.
Portanto, sendo que os livros inspirados que faziam parte da Escritura já abrangia o NT à época em que Paulo escrevia 2Timóteo (ele não estava se referindo apenas a natureza da Torá, mas de toda a Escritura – AT e NT), e que o que está sendo tratado no contexto dos versos 15 e 16 tem relação à natureza das Escrituras, podemos crer com absoluta certeza que até mesmo os escritos bíblicos depois de 2Tm estão incluídos nesta mesma natureza, a não ser que o Espírito Santo não tenha sido suficientemente capaz de manter a Sua Palavra e conduzir os livros inspirados, mas preferimos sugerir que Deus “vela sobre a sua palavra, para a cumprir” (Je.1:12), do que crer nas teorias mirabolantes e incrédulas dos católicos que são contra a natureza inspirada e capaz de fazer o homem de Deus perfeito através de toda a Escritura.
3.1 se é suficiente, é única regra de fé
Essa próxima consideração é uma consequência natural dos outros pontos que nós vimos, simplesmente porque verdadeiramente exclui as tradições não-bíblicas e/ou extra-bíblicas. Em primeiro lugar, se a Sagrada Escritura é suficiente como regra de fé e doutrina, então nós não precisamos e nem necessitamos de uma tradição oral paralela. Para que ter uma ‘tradição’ se a Escritura já é suficiente? Vejam este exemplo típico de ‘tradição’ extra-bíblica:
No dia 1º de novembro de 1950, o papa Pio XII (aquele mesmo, o de Hitler) fez um pronunciamento ex cathedra declarando a Assunção de Maria como doutrina infalível do romanismo:
“Pela autoridade do nosso Senhor Jesus Cristo, dos Benditos Apóstolos Pedro e Paulo, e pela nossa própria autoridade, nos pronunciamos, declaramos, e definimos como dogma divinamente revelado, que a Imaculada Mãe de Deus, Maria sempre virgem, no final de sua vida terrena, foi levada a gloria celestial, em corpo alma. Portanto se alguém se atrever (que Deus o proíba) voluntariamente a negar ou colocar em duvida o que foi por nós definido, saiba que se afastou inteiramente da fé divina e católica”
Percebam que, se a Escritura que nos é legada se faz suficiente, então não nós precisaríamos de algo que está fora dela; seguindo-se, portanto, que todos os dogmas ou tradições que não tem base Escriturística são inúteis, sem necessidade. Se a Sagrada Escritura é suficiente, então por que o catolicismo chama de ‘herege’ e como alguém que ‘se afastou inteiramente da fé divina e católica’ quem não crê em um dos seus dogmas, ainda mais quando o mesmo não se encontra na Bíblia??? Ora, é de consenso geral (inclusive entre os católicos) que não existe base bíblica nenhuma para o dogma da “assunção de Maria”, o que explica plenamente o fato de que o papa Pio XII ter dito que este dogma foi “por nós definido” e “por nossa própria autoridade”.
Não está baseada na autoridade das Escrituras, mas unicamente na suposta “autoridade” da igreja católica romana e apóstata. Se os católicos acreditassem que a Escritura é suficiente (como eles não acreditam), então eles não poderiam dizer que alguém que não crê em uma doutrina não-bíblica vai para o inferno por ter se afastado inteiramente da fé divina e católica. Como alguém pode se afastar da fé divina por causa de um dogma completamente não-bíblico, se as Escrituras são doutrinariamente suficientes?
É óbvio que os católicos não creem na suficiência da Bíblia, porque, se cressem, teriam que abandonar completamente os seus dogmas heréticos que não se encontram nas Escrituras, ou pelo menos confessar que eles não são estritamente necessários para a salvação, pois aquilo que está nas Escrituras seria suficiente. Como eles não querem de jeito nenhum que a Sagrada Escritura seja suficiente, então pregam também (1950 anos depois de Cristo, é claro) que alguém que não crê em um dogma infundamentado biblicamente se afastou inteiramente da fé divina. A suficiência das Escrituras é um golpe de morte nos dogmas de Roma! Mas os católicos não param por aqui. O [‘infalível’] Concílio de Trento declara:
“As imagens de Cristo e da Virgem Maria, Mãe de Deus, e dos Santos, devem ser guardadas nas Igrejas, onde se lhes devem prestar a devida honra e veneração; não por crer que haja nelas “Divindades” ou “virtude alguma”, a quem queremos adorar ou pedir favores imitando os antigos gentios, que punham toda a sua confiança em seus ídolos; mas porque as honras que lhes prestamos as referimos aos protótipos que elas representam, de sorte que, quando beijamos uma imagem, ou nos descobrimos ou prostramo-nos diante dela, adoramos Jesus Cristo e veneramos os santos por elas representadas... e, se alguém ensinar ou pensar de modo contrário a estes decretos — seja excomungado!”
Note que quem não ensina ou mesmo pensa de modo contrário aos decretos de Roma, é excomungado! Contudo, onde está escrito, na Bíblia, que as imagens de Maria e dos santos devem ser obrigatoriamente guardadas nas igrejas? Ora, já vimos que o culto cristão dos primeiros séculos era vazio de imagens! Tertuliano (160-220) disse:
“O diabo introduziu no mundo os artistas que fazem as estátuas e as imagens e todas as outras representações (...) dizendo Deus: tu não farás alguma semelhança das coisas que estão no céu nem na terra nem no mar, proibiu aos seus servos em todo o mundo de se abandonarem ao exercício dessas artes” (Tertuliano, Sobre a idolatria, livro 3, IV)
Lactâncio (240-320), outro dos pais da igreja, disse:
“Portanto não há dúvida que onde quer que haja uma estátua ou uma imagem não há religião. Porque se a religião consiste de coisas divinas, e se não há nada de divino exceto em coisas que são celestes, as imagens carecem de religião, dado que não pode haver nada de celeste naquilo que é feito de terra” (Lactantius, The Divine Institutes [Instituições divinas], Washington 1964, Liv. II, cap. 18, pag. 162)
“Em resumo, para que servem as próprias imagens que são memórias de pessoas mortas ou ausentes?” (Instituições Divinas, Livro II,2)
Epifânio (séc.IV), outro pai da igreja primitiva, foi a uma igreja da Palestina orar, e disse:
“Eu encontrei um véu suspenso nas portas desta mesma igreja, o qual estava colorido e pintado, ele tinha uma imagem, a imagem de Cristo pode ser ou de algum santo; eu não recordo mais quem ela representava. Eu pois tendo visto este sacrilégio; que numa igreja de Cristo, contra a autoridade das Escrituras, a imagem de um homem estava suspensa, lacerei aquele véu” (Jerome, Lettres, Paris 1951, pag. 171)
Eu não vou continuar passando os textos históricos que desmontam com as mitologias católicas, em primeiro lugar porque o tratado aqui é sobre a Sola Scriptura e não para derrubar as outras [centenas de] heresias romanistas, e em segundo lugar porque isso daqui não é uma aula sobre como cozinhar os dogmas de Roma, o que qualquer um poderia fazer com grande facilidade. Perceba que o Concílio “infalível” de Trento, contra a autoridade das Escrituras e também contra os pais da igreja primitiva cristã, declara abertamente que aquele que pensa contrário a estes decretos – incluindo que as imagens de Maria e dos santos deveriam ser guardados nas igrejas para serem honradas pelos fieis – deveria ser excomungado!
Ora, já vimos logo no início deste artigo (não vale a pena repassar) que repetidamente a igreja católica declara que não existe salvação senão dentro da igreja deles. Portanto, aquele que não crê ou não obedece (ou não pensa) conforme esta ordenança expressa no Concílio de Trento, perde a salvação e (segundo eles) vai portanto ter a sua alma atormentada e queimando eternamente num lago de fogo! Isso mesmo, a Escritura tanto não é suficiente que alguém que não crê em algo que está completamente contra ela vai ser excomungado, declarado herege, e queimar pelos séculos dos séculos. Como são lindas as doutrinas de Roma! Elas podem ser muito lindas, mas certamente não são bíblicas.
Aquilo que Epifânio declarou é exatamente aquilo que eu poderia de melhor acentuar: o sacrilégio das imagens nos cultos é algo que vai contra a autoridade das Escrituras e, sendo estas Escrituras suficientes como única regra de fé e doutrina, a decisão de Epifânio condiz com aquilo que qualquer cristão decente deveria fazer: lacerar aquele véu, porque ‘não há dúvida de que onde quer que haja uma estátua ou uma imagem não há religião’! Em resumo, estabelecer a Bíblia como única regra de fé é uma consequência óbvia e natural do fato dela ser doutrinariamente suficiente, pois de fato exclui os dogmas ou decretos de Roma que vão contra a autoridade das Escrituras. Os papistas criam cada vez mais um novo “dogma” não-bíblico pelo qual o povo que não gostar ou pensar diferente está completamente separado da fé divina e excomungado da igreja! Mas os decretos estabelecidos por estes fabulosos concílios infalíveis não param por aqui. Este mesmo Concílio de Trento afirma:
“Se alguém disser que no sacrifício da Missa não se oferece a Deus um verdadeiro e próprio sacrifício, ou que o oferecê-lo não é outra coisa que dar-se-nos a comer Cristo, seja anátema” (Cânon 3)
Ok, essa coisa de “comer Cristo” ou “comer Deus” você já deve saber que é muito comum no catolicismo – não é nada de ‘mais’. O mais interessante é a insistência tola do catolicismo em repetir um “verdadeiro e próprio sacrifício” (não é apenas uma memória ou lembrança de um sacrifício, mas, como o próprio Concílio afirma categoricamente, é um VERDADEIRO e próprio sacrifício... é “dar-se-nos a comer Cristo”!), quando a Escritura afirma categoricamente que Jesus fez este sacrifício de uma vez por todas, sem ter a necessidade de ser novamente sacrificado ou de oferecer novos sacrifícios, porque ao oferecer-se a si mesmo, ele vez isso uma vez para sempre:
"Porque nos convinha tal sumo sacerdote: santo, inocente, puro, separado dos pecadores e exaltado acima dos céus. Ele não tem cada dia a necessidade, como os outros sumos sacerdotes, de oferecer sacrifícios, primeiro por seus próprios pecados e depois pelos do povo; porque isto o fez uma vez para sempre, oferecendo-se a si mesmo. A lei constitui como sumos sacerdotes homens débeis; mas a palavra do juramento, posterior à lei, constituiu o Filho, feito perfeito para sempre” (Hb.7:26-28)
Enquanto os papistas insistem em sacrificar Jesus inúmeras e inúmeras vezes, como um verdadeiro e próprio sacrifício onde Cristo é dado para os católicos o comerem, a Bíblia afirma categoricamente a irrepetibilidade do sacrifício de Cristo, que foi feito uma vez para sempre. Dito em termos simples, o concílios que eles imaginam serem infalíveis chama de “anátema” (amaldiçoado) aquele que não contraria as Escrituras para seguir os decretos deles!
Isso pode soar forte, mas é um fato que a própria igreja de Roma repete inúmeras vezes, inovando com cada vez mais dogmas e doutrinas heréticas que vão contra a autoridade das Escrituras. Ou seja, tradições humanas que vão frontalmente contra a Bíblia ou que não são nem ao menos mencionadas por ela. Se a Bíblia fosse suficiente, essas tradições seriam simplesmente descartadas, mas eles não meramente seguem cegamente as suas tradições corrompidas ao longo dos séculos, como também dizem que aquele que não segue tais decretos são hereges, excomungados, amaldiçoados, etc.
Disso dá para perceber o ‘amor’ que os católicos têm pela Bíblia e pela suficiência dela, que eles são obrigados a negar para salvar as suas invenções doutrinárias. Apenas para ressaltar que a suficiência das Escrituras não exclui as tradições que estão em harmonia com ela, mas sim aquelas tradições que são resultados de acréscimos doutrinários ao longo dos séculos (com a desculpa esfarrapada de que “isso chegou aos nossos ouvidos...”), que são antibíblicas e/ou não-bíblicas. Essas ‘tradições’ não são divinas, mas humanas; estão cheias do engano e da mentira, pois transgridem o mandamento de Deus presente nas Escrituras para dar lugar as suas invenções e lucubrações:
“...por que vocês transgridem o mandamento de Deus por causa da tradição de vocês? (...) vocês anulam a palavra de Deus por causa da tradição que vocês mesmos transmitiram... em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens (...) Vocês estão sempre encontrando uma boa maneira para pôr de lado os mandamentos de Deus, a fim de obedecer às suas tradições!” (Mc.7:3,6-9)
Quando eliminamos todas as tradições (incluindo quase a totalidade das doutrinas e dogmas de Roma) não-bíblicas e/ou antibíblicas, ficamos com aquilo que tem harmonia com isso: A SAGRADA ESCRITURA!!! De fato, praticamente todas as doutrinas heréticas de Roma estão fundamentadas sobre preceitos não-bíblicos e/ou antibíblicos. Algumas poucas eles sugerem possuir alguma passagem isolada para isso, completamente descontextualizada e utilizada para deturpar o sentido original do texto dentro de seu contexto.
De qualquer forma, a tradição católica, quando não é unicamente responsável por uma doutrina ou dogma que não se encontra em página nenhuma da Bíblia, é extremamente importante para sustentar aquilo que a Bíblia pouco sustenta, senão aparentemente em uma ou outra passagem que os apologetas católicos de plantão pegam da Bíblia, tirando-a de seu contexto e unindo com a interpretação de sua “tradição”. Passei acima apenas alguns exemplos que já nos deixam claro que a posição de que a Sagrada Escritura é suficiente é completamente insustentável à ótica romanista, pois vai contra aquilo que a igreja tradicionalmente ensina, mas poderia passar muito mais se quisesse.
Aqui abaixo segue-se apenas algumas das invenções que os católicos “descobriram oralmente” e tentaram colocar na Bíblia, conquanto que não houvesse apoio dela ou respaldo Escriturístico algum:
1. Uso de imagens de escultura com fins de adoração a Deus e/ou a Maria e santos canonizados pelo Vaticano.
2. Imagens de escultura representam Deus.
3. Indulgências plenárias.
4. Doutrina do Purgatório.
5. Pedro foi o primeiro papa.
6. Papismo / papado.
7. Infalibilidade papal.
8. Celibato obrigatório aos padres / Proibição de que se casem.
9. Canonização dos santos.
10 Intercessão de pessoas que morreram, em favor de pessoas que vivem.
11. Pessoas que morreram já foram julgadas por Deus.
12. Pessoas que morreram já estão definitivamente, ou no céu ou no inferno.
13. Confissão auricular.
14. Necessidade de pagamento de penitencias após a confissão.
15. Maria "Mãe de Deus".
16. Maria "Advogada"
17. Maria "Medianeira".
18. Maria "Rainha dos Céus".
19. Maria "Intercessora".
20. Maria "Imaculada e sem pecados".
21. Maria só teve Jesus como filho.
22. Maria não teve relações íntimas com José.
23. Adoração ao sagrado coração de Maria.
24. Adoração ao sagrado coração de Jesus.
25. Adoração ao Menino Jesus.
26. Prática de se fazer o sinal da cruz.
27. Uso das imagens e das relíquias como forma de proteção e/ou amuletos.
28. Rezas e recitações de textos pré-elaborados como forma de atrair as atenções de Deus.
29. Rezas e recitações de textos pré-elaborados como forma de atrair as atençoes de pessoas que já morreram.
30. Definição da comunhão com um só elemento, a hóstia.
31. Hóstia consagrada pelo padre é o corpo de Jesus, LITERALMENTE.
32. Vinho consagrada pelo padre é o sangue de Jesus, LITERALMENTE.
33. O uso do cálice restrito ao sacerdote.
34. Missa como oferta propiciatória.
35. Cristãos devem renovar o sacrifício de Cristo milhões de vezes por ano, e em cada missa
36. Uso da cruz para exorcismos.
37. Uso de água benta e/ou Benzimentos
38. A guarda do dia de Domingo.
39. Uso de velas para os mortos.
40. Missa aos mortos.
41. Intercessão dos mortos, para os mortos e pelos mortos.
42. Vivos podem comunicar-se com os que já morreram.
43. Magistério Católico estabelecido.
44. Estabelecimento de Tradições Humanas como Regras de Fé cristã a serem seguidas.
42. Cânon da Missa.
43. Culto aos anjos.
44. Adoração à hóstia.
45. Oração da Ave-Maria.
46. Os 7 sacramentos.
47. Pagamento da missas.
49. Uso de vestimentas específicas e cerimoniais para padres.
50. Procissões e elevação de estátuas acima das cabeças. 51. Proibição aos leigos a leitura da Bíblia.
52. Os santos canonizados auxiliam Deus a proteger/socorrer os homens e cada santo tem uma função específica.
53. Purgatório.
54. Quaresma.
55. "Santa Inquisição".
56. Tradição com autoridade igual à da Bíblia.
57. Transubstanciação.
58. Uma denominação religiosa proclamada como sendo a única verdadeira, e somente nela o homem pode encontrar a salvação, e o desprezo pela salvaç~]ao encontrada somente em Cristo, e não em religião...
59. Uso do latim como língua oficial nas celebrações litúrgicas.
60. Uso do rosário como reza e como meio de salvação.
61. Uso de folhetos de missa para leitura de textos sagrados pré-selecionados para todas as paróquias.
62. Fora da igreja católica romana não há salvação e todos os infiéis a ela vão par ao inferno.
63. Batismo de bebes/crianças.
64. Batismo por asperção
65. Crisma
66. Ordenação de freiras
67. Freiras não podem casar-se e são obrigadas ao voto de castidade permanete.
68. Voto de silencio, seja para freiras seja para seminaristas em geral
69. Rezas de terços
70. Práticas de sacrifício pessoais como forma de trazer as atenções de Deus para si
71. Existencia e/ou necessidade da função sacerdotal
72. Uso de vestimentas cerimoniais e sacerdotais
73. O sacrifício de Cristo não foi suficiente para expiar os pecados da humanidade
74. Salvação se dá pelas obras, e a fé em Cristo é secundária
75. Uso de objetos como foco de proteção e/ou para espantar o mal
76. Proibição da leitura da Bíblia por séculos
77. Inquisição
78. Etc, etc, etc...
Só para terminar: Jamais um cristão poderia se unir ao catolicismo sabendo que a Bíblia é suficiente, porque ela nunca ensinou a adoração ao Santo Lenho. É isso mesmo que você leu: estes folhetos da missa estão ficando cada vez em um nível mais baixo (seria melhor que os católicos lessem algo decente no lugar, como a Bíblia), e a adoração ficou tão descarada que não pôde mais ficar escondida:
Como um cristão (evangélico) poderia se unir a uma coisa dessas? Como praticar a idolatria que a Bíblia considera repugnante? Se a Bíblia é suficiente, por que raios nós temos que nos unir às supertições pagãs de Roma e adorar o tal do “Santo Lenho”? Que raios de “milagre” que o “Santo Lenho” pode fazer por mim que Jesus já não faça? Por que eu deveria me unir à idolatria repugnante católica e me prostrar em adoração diante do ‘grande Santo Lenho’? Depois dizem que adoram somente a Deus! Francamente, com todo o respeito aos irmãos católicos (que podem ir em penegrinação adorar o Santo Lenho a vontade), eu prefiro ficar com a conclusão óbvia e lógica deste estudo:
-Portanto, a Sagrada Escritura é suficiente para a salvação independentemente das tradições católicas!
Caros irmãos católicos, se a Bíblia é suficiente para fazer o homem de Deus PERFEITO (e todas as tentativas de ‘refutação’ do catolicismo são frustradas e desesperadas), então nós não precisamos nem da sua tradição e nem do seu magistério:
“...Para que o homem de Deus seja PERFEITO e PERFEITAMENTE HABILITADO para TODA boa obra...” (2Tm.3:17)
Esta frase deve ressoar pelos ouvidos dos clérigos católicos (especialmente pelos mesmos ouvidos que sempre contemplaram as maravilhas da ‘tradição oral’...), porque nos mostram que é a partir das Escrituras que um cristão pode chegar à perfeição, dentro do que Deus propõe como perfeição cristã. Os católicos não podem aceitar isso jamais, que as Escrituras possam ser um meio suficiente para o cristão chegar à perfeição, porque eles querem nos impor de todos os modos os dogmas de seu magistério e de sua tradição.
Eles ‘estão sempre encontrando uma boa maneira para pôr de lado os mandamentos de Deus, a fim de obedecer às suas tradições’. Mas a Bíblia é clara: As Escrituras são suficientes para nos levar ao cristianismo perfeito. Não é para ser perfeito com a “Bíblia+Magistério+Tradição”, é para ser perfeito somente com o ensino, com a repreensão, com a correção e com a educação que a Sagrada Escritura nos oferece. Em outras palavras, não é “Escritura+Magistério+Tradição”, mas sim...
Que a graça do Senhor Jesus Cristo possa acompanhar a todos os irmãos que estão com o coração sincero e aberto para ouvir a verdade e, se necessário, abrir mão das tradições humanas, para seguir em obediência plena e total ao mandamento de Deus, o qual nos foi legado através das Sagradas Escrituras, “a fim de que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente capacitado para toda boa obra” (2Tm.3:17).
Paz a todos vocês que estão em Cristo.
Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli.
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