PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE SOFRIMENTO E FÉ

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Essas perguntas e respostas tem por base o meu livro "Chamados para Crer e Sofrer"
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Eu li o seu livro e fiquei com a impressão de que ser pobre é como obter um passaporte para o Céu, e que é impossível que um rico seja salvo. Estou certo?

 

Eu não disse que alguém por ser pobre vai para o Céu. A salvação não está condicionada à posse de bens ou à inexistência deles, mas somente à fé em Cristo Jesus (Ef.2:8). É claro que a própria analogia de Cristo com o camelo e a agulha nos revela que é muito difícil um rico entrar no Reino de Deus (Mt.19:23), e Tiago acrescenta que Deus escolheu os pobres para serem ricos na fé e herdarem o Reino (Tg.2:5).

 

Isso não significa que nenhum rico possa ser salvo, mas dificulta as possibilidades de tal coisa suceder, visto que não é possível servir a dois senhores ao mesmo tempo: ou é a Deus, ou é ao Dinheiro (Mt.6:24), pois “onde está o seu tesouro, ali também estará o seu coração” (Lc.12:34). A parábola do rico e Lázaro exemplifica muito bem isso, com o pobre sendo salvo e o rico condenado (Lc.16:19-31).

 

Cristo estava refutando a crença popular de que as riquezas eram um sinal do favor divino e que a pobreza era um sinal da falta de fé. O que ele estava fazendo era inverter o jogo. Por mais que seja somente a fé que salve o pecador, ele mostra que é exatamente em quem tem muito que há a tendência de se afastar de Deus e se apegar ao dinheiro, e que quem tem pouco tem a tendência de se apegar a Deus, sabendo que depende exclusivamente dEle, aprendendo a confiar e a descansar nEle.

 

 

Se realmente devemos nos contentar apenas com o suficiente, como você diz, então o que eu devo fazer com aquilo que for mais que o suficiente? Como devo gastar esse dinheiro?

 

Simplesmente siga a instrução de Jesus Cristo: dê o dinheiro aos pobres (Lc.12:33,34), ou então contribua em alguma missão evangelística na África ou na Ásia, onde os cristãos missionários estão enfrentando grandes aflições e necessidades. Antes de gastar a sua “sobra” em algum carro novo, casa nova, televisão nova ou computador novo, pense naqueles que não tem nem sequer carro, casa, televisão ou computadores velhos!

 

Se Deus permitiu que você tivesse mais dinheiro que a maioria, não é porque ele quer que você ajunte tesouros nesta terra (Mt.6:19), mas porque ele confia que você contribuirá cada vez mais no avanço do Reino de Deus com as suas riquezas investidas no campo missionário ou aos necessitados. É uma questão de responsabilidade social, e não de entesourar nesta terra. 

 

 

O verdadeiro cristão só sofre e nunca pode ser feliz?

 

Como vimos no capítulo 7 deste livro, sofrer e ser feliz não são dois pontos antagônicos na vida do cristão. O cristão que toma a sua cruz para seguir Jesus não está sempre feliz, mas também não está sempre triste. Paulo dizia que sentia profunda tristeza e contínua dor no seu coração por causa de seus irmãos israelitas (Rm.9:2), e também diz que ficou triste por Epafrodito, que quase morreu (Fp.2:27). Ele queria ver os filipenses para que ele tivesse menos tristeza (Fp.2:28), e o próprio Senhor Jesus disse em certa ocasião que estava “profundamente triste, em uma tristeza mortal” (Mc.14:34).

 

Portanto, não é verdade que o cristão tem que viver sempre feliz e não pode ficar triste nunca e por nada. Somos humanos, e há algumas situações que realmente nos entristecem. Isso ocorre com toda a raça humana, com cristãos e não-cristãos, desde quando a humanidade foi criada. Não devemos negar isso. Mas há uma diferença vital entre a tristeza que o cristão passa e a tristeza de quem está no mundo. Isso porque a “tristeza segundo Deus” produz um arrependimento que leva à salvação, enquanto a “tristeza segundo o mundo” produz a morte:

 

“A tristeza segundo Deus produz um arrependimento que leva à salvação e não remorso, mas a tristeza segundo o mundo produz morte. Vejam o que esta tristeza segundo Deus produziu em vocês: que dedicação, que desculpas, que indignação, que temor, que saudade, que preocupação, que desejo de ver a justiça feita! Em tudo vocês se mostraram inocentes a esse respeito” (2ª Coríntios 7:9-10)

 

O autor de Hebreus também escreve:

 

“Nenhuma disciplina parece ser motivo de alegria no momento, mas sim de tristeza. Mais tarde, porém, produz fruto de justiça e paz para aqueles que por ela foram exercitados” (Hebreus 12:11)

 

O que eles estavam dizendo é que, quando um verdadeiro cristão se entristece, ele não fica triste por nada, sem razão alguma, mas isso o leva ao aprendizado, à comunhão com Deus, à maior dedicação, desejo pela justiça, zelo pela verdade, temor ao Senhor no coração. Já a tristeza segundo o mundo não produz nada disso, mas apenas leva à morte final. Ou seja: a pessoa fica triste para nada, apenas por ficar triste. Ela não ganha nada com isso: nem o arrependimento, nem um aperfeiçoamento, nem um aprendizado para a vida eterna. Ela não vai ajudar a mudar em nada o destino final do não-cristão que se entristece.

 

Além disso, a tristeza do cristão não é para sempre, mas por algum momento. O salmista ilustra isso, ao dizer: “O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã” (Sl.30:5). Então, por mais que o sofrimento do cristão perdure por muito mais tempo – uma vida terrena inteira – ele não fica triste todo o tempo em que sofre, por uma simples razão: ele não está sozinho. Cristo, sabendo dos sofrimentos e aflições que seus discípulos passariam na terra, lhes deixou o Espírito Santo, que foi oportunamente chamado de “Consolador”:

 

“E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; o Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós. Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós” (João 14:16-18)

 

Quando alguém do mundo sofre, ele sofre sozinho. Mas, quando o cristão sofre, ele tem a presença do Espírito Santo, o nosso Consolador, que habita em nós. E uma das funções do Espírito Santo é nos manter vivos e alegres mesmo em meio às tribulações da vida:

 

“De fato, vocês se tornaram nossos imitadores e do Senhor, pois,apesar de muito sofrimento, receberam a palavra com alegria que vem do Espírito Santo” (1ª Tessalonicenses 1:6)

 

Foi por isso que Pedro disse que, mesmo sofrendo, os cristãos seriam felizes:

 

“Todavia, mesmo que venham a sofrer porque praticam a justiça, vocês serão felizes” (1ª Pedro 3:14)

 

Portanto, a vida do cristão não é pautada pela tristeza nem pela alegria. Todos nós ficamos tristes por determinadas circunstâncias e ocasiões da vida. Mas não ficamos tristes para sempre, pois, mesmo ainda em meio a todas as tribulações que passamos, contamos com um Consolador que nos ajuda em nossos momentos de fraqueza e que nos mantém alegres com a paz de Cristo em nosso coração. E essa alegria se traduz em esperança, que é ainda mais alicerçada pela certeza da vida eterna, o que torna todos os sofrimentos terrenos como nada em comparação com a glória que nos espera na eternidade. Foi por isso que Paulo disse:

 

“Tenho por certo que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada” (Romanos 8:18)

 

“Os nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa mais do que todos eles” (2ª Coríntios 4:17)

 

 

Se a teologia da prosperidade não é bíblica, então por que as igrejas que pregam isso mostram tantos testemunhos maravilhosos de pessoas que prosperaram através da fé?

 

Pela mesma razão que todos aqueles que assistem Sílvio Santos pensam que todo mundo ganha na Tele Sena e que o Baú da Felicidade é só felicidade. Todo mundo sabe que a grande maioria não ganha nada, mas eles são muito bons de marketing e obviamente só entrevistam aqueles que deram certo na vida, e não os tantos outros “tristemunhos” de pessoas que não mudaram nada ou foram dali pra pior.

 

Já vi tristemunhos de pessoas que participaram de campanhas de igrejas neopentecostais, que deram o seu “tudo” ao pastor e depois ficou sem nada, começou a entrar em dívidas, não tinha nem como alimentar a família, e depois de meses foi pedir um conselho ou ajuda daquele mesmo pastor, que respondeu: “Você entrou nessa, agora o problema é seu, se vira”! Mas é lógico que eles não vão entrevistar essa pessoa nem os outros milhares de fieis que deixam essas igrejas exatamente por não prosperarem nada.

 

Só para citar um exemplo prático: a Igreja Universal do Reino de “Deus”, do “bispo” Edir Macedo, teve uma queda de 10% de fieis na última década[1]. Se realmente fosse verdade que todas as pessoas ali prosperam, por que o número de fieis ali não aumenta significativamente, mas cai? Isso só mostra que a maioria sabe que aquilo não passa de mera propaganda falsa e enganosa.

 

O problema é que parte desse povo é tão humilde que, ao invés de perceber que isso não passa de um mercado da fé e decidir frequentar uma igreja evangélica séria, prefere tomar duas atitudes extremas: ou deixa de ser cristão (torna-se um desviado) ou vai buscar a sorte em outra igreja do mesmo tipo (como a Mundial do Poder de “Deus”, do “apóstolo” Valdemiro Santiago).

 

“Ah, mas e os que prosperam”? Eles apenas seguem as estatísticas do nosso país. Enquanto há pessoas que ficam mais pobres, outras ficam mais ricas. Isso é o que acontece com todo mundo, não apenas com os crentes. Uma pesquisa séria que foi feita pela Gallup em 114 nações mostrou que a tendência mais forte é que os países predominantemente ateus sejam os mais ricos, e não os religiosos[2]. Na lista dos dez países mais ateusdo mundo, nove são ricos. Isso mostra claramente que a prosperidade não está ligada à fé, mas a outros fatores sociais.

 

Curiosamente, onde mais se encontra gente simples e carente é exatamente nas igrejas neopentecostais, que raramente formam ricos. Talvez seja por isso que no ranking dos mais ricos do planeta quase nunca figure um evangélico. A teologia da prosperidade simplesmente não funciona na prática, ela simplesmente segue as estatísticas globais de pessoas que, independentemente de religião, ficam mais ricas ou mais pobres dependendo da região onde vivem, e os telepastores se aproveitam dessa minoria que fica mais rica para tentar, através de uma boa jogada de marketing, convencer a todos de que lá todo mundo é feliz, rico, próspero, bonito e saudável. É um Paraíso na terra.

 

 

O que você quis dizer quando disse: “mercado da fé”?

 

Exatamente isso que você deve ter pensado. Todas as empresas do mundo são negócios, e todo negócio gira em torno do lucro. Por mais que algumas empresas em especial zelem pelo bem comum e até façam uma ou outra obra social, no fim das contas o objetivo no fim do mês é sempre o mesmo: o lucro. Acontece que muitas pessoas são tão simples e inocentes que não podem sequer imaginar que o mesmo possa ocorrer no meio religioso, ainda mais quando as igrejas não pagam impostos, o que atrai ainda mais os gananciosos como uma boa fonte de lucro, um negócio com isenção de impostos, com burocracia muito inferior a de qualquer outro negócio e com quase nenhuma prestação de contas.

 

Assim, muitos bandidos que querem lucrar fácil, ao invés de abrirem seu próprio negócio, pagarem impostos, enfrentarem a burocracia e vencerem a concorrência, preferem abrir uma igreja e pedir doações cada vez mais exorbitantes por parte dos fieis. É claro que existem muitas igrejas evangélicas sérias, como as tradicionais e as pentecostais equilibradas, que pensam no bem comum e na pregação do evangelho, mas infelizmente existem em nosso meio lobos em pele de cordeiro, assim como Jesus havia predito há muito tempo (Mt.7:15), que criam igrejas para lavagem de dinheiro e para “roubar” o povo, obtendo cada vez mais dinheiro e bens materiais.

 

Se qualquer leitor honesto analisar a biografia e a história de vida dos principais líderes neopentecostais do Brasil e do mundo, verá que eles eram “pessoas normais” antes de fundarem sua própria igreja, e depois que fundaram igrejas seu patrimônio pessoal aumentou exorbitantemente, quase todos eles têm jatinho particular, mansões em outros países, fazendas gigantescas e, é claro, são milionários, o que é óbvio. Há pouco tempo atrás a Revista Forbes passou uma lista dos cinco pastores mais ricos do país, todos eles multimilionários[3]. Curiosamente, todos eles são líderes neopentecostais, que fundam igrejas e ensinam a teologia da prosperidade. Qualquer ser pensante consegue ligar os fatos.

 

A estratégia comumente utilizada já é muito conhecida por todos: se você quer lucrar em nome da fé, primeiro abra uma igreja neopentecostal e coloque nela um nome bastante chamativo, para passar uma ideia de abrangência e amplitude, como “MUNDIAL”, “UNIVERSAL”, “INTERNACIONAL”, etc. Lembre-se de que o seu objetivo é atrair fieis através do marketing. Portanto, nada de nomes discretos ou pouco chamativos! Depois, coloque um sinônimo para o lugar em que Deus vive, ou alguma característica divina, seguindo o esquema:

 

Igreja + Adjetivo chamativo + do(a) + Substantivo sobre Deus (ex: Reino, Poder, Graça, etc) + de Deus

 

Mas não basta apenas isso. Como o objetivo é o lucro, você tem que atrair o máximo número de pessoas. Mas como? É simples: fazendo espetáculos e prometendo riquezas. Nada atrai mais o povo do que essas duas coisas. Então, promova varias sessões de exorcismos durante o culto, faça um monte de milagres para atrair a multidão que busca a própria cura ou é só curiosa mesmo, e nunca – mas nunca mesmo – deixe de falar muito sobre riquezas, sobre prosperidade financeira, sobre ser um vencedor e ter sucesso. Afinal, é exatamente assim que os livros de auto-ajuda são os mais vendidos, e é isso que motivará o povo a continuar frequentando a sua igreja, até conseguir a tão sonhada “vitória”.

 

Por isso, não deixe de fazer as campanhas da prosperidade, de distribuir as toalhas, as rosas ou os lenços ungidos que lhe darão a vitória, a água benta, o “Sabonete Sê Tu Uma Bênção” e tudo o mais que a sua criatividade o despertar a fazer. Faça-os entrar por uma porta, passar por um vale, subir o monte. Coloque os olhos deles no físico, no tangível, no material, na terra. Ocupe todo o seu tempo nisso, não pregue sobre santidade, sobre oração, sobre morrer para si mesmo, sobre tomar sua cruz, sobre o batismo no sofrimento, sobre martírio.

 

Seja superficial nas suas considerações para que a sua pregação não contenha verdades suficientes para converter alguém. Afinal, não é este o objetivo do negócio. Isso pode fazer com que alguém procure uma igreja mais séria. Por isso, seja antropocêntrico, e não Cristocêntrico. Pregue sempre sobre a vitória nas tribulações, e não sobre o privilégio de poder crer e sofrer por amor a Cristo, com vista a uma vida eterna, no futuro. Coloque os olhos dos fieis centrados na terra, e não no Céu.

 

Depois é só começar a pedir muito, muito dinheiro. Mas disfarce: ao invés de dizer abertamente que vai para a sua conta para que você enriqueça, diga que é “para a igreja”, que é para pagar as contas do templo, para quitar as dívidas de algum programa de televisão ou para fundar mais igrejas da mesma denominação. Se o povo ainda não quiser contribuir, diga que Deus estará dando em dobro do tanto da oferta doada – para promover o mercado da fé, onde se faz barganha com Deus, como se Ele fosse um banco ou um mercado que devolve tudo com juros – e não se esqueça de assustar os fieis com a ameaçadora mensagem do gafanhoto e do devorador. Eles que deixem de dar o dízimo para verem o que acontece!

 

Mas não se contente apenas com o dízimo, vá além: muito, muito além! Mas como? Use a sua criatividade. O Valdemiro foi mais esperto: inventou o trízimo, ou seja, três vezes mais que o dízimo, porque é em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (por isso três)[4]. Se você quiser ser ainda mais criativo, faça como o Morris Cerullo e diga para darem uma oferta de 900 reais porque é o ano de 2009, e se ninguém entender nada dessa numerologia gospel acrescente que ele vai obter todas as promessas de Deus dali em diante.[5]

 

Mas para aumentar a quantidade de arrecadação, não basta apenas pedir pessoalmente em uma igreja: tem que aparecer na televisão[6]. Assim o número de “patrocinadores” irá crescer consideravelmente. E para isso será necessário você dedicar o maior bloco do seu programa televisivo para pedir dinheiro, usando como pretexto o fato de ter que pagar os horários tão caros da televisão, pagar a conta de certo congresso/evento e para a construção do novo templo, é claro. A maioria não vai nem notar que, enquanto você chora desesperado pedindo dinheiro para pagar tantas e tantas dívidas, sua conta bancária e bens pessoais crescem cada vez mais.

 

Se mesmo assim alguém desconfiar do fato de que antes você tinha um carro normal e agora tem um importado, que antes tinha uma casa normal e agora tem uma mansão, que antes brincava num quintal e hoje numa fazenda, ou que antes brincava de aviãozinho e hoje tem um avião, vá para o plano B: justifique suas riquezas usando a Bíblia. Diga que você está se tornando rico porque Deus está te prosperando, e não porque você é um ladrão e um falso profeta.

 

Mas como? Isso é muito simples. Como a maioria nunca leu a Bíblia de Gênesis a Apocalipse e acredita em qualquer bobagem ou heresia que for dita, faça uso de alguns versos isolados lá do AT, use o exemplo de alguns homens daquela época que eram ricos e diga que Deus quer que todos nós do tempo da graça sejamos ricos também. Se isso não funcionar, diga que Deus é o dono do ouro e da prata e que nós somos filhos do Rei. Mas atenção: nunca, em nenhuma hipótese e em circunstância nenhuma cite o NT ou mencione o exemplo de vida de Jesus ou dos apóstolos e primeiros cristãos. Não dê um tiro no pé fazendo isso, não se suicide, não coloque todo o seu negócio a perder.

 

Mas e a pregação? Isso não é um problema. Como a maior parte do culto é para pedir dinheiro ou para falar de dinheiro (e você é um grande homem de negócios), não será nada difícil. Mas, para o pouco tempo de pregação que não seja sobre isso, leia a Bíblia (é lógico que eu não estou falando da Bíblia Sagrada, mas daquela Bíblia ilustrada para crianças, com um monte de historinhas, que são o suficiente para fazer de você um grande conhecedor de Bíblia aos olhos do povo). Decore uma dúzia de historinhas e de versículos bíblicos isolados e cite-os todo culto, assim os fieis irão pensar que você sabe tudo de Bíblia.

 

Não se esqueça de chamar os fieis de “irmãos” e seu negócio/comércio de “obra”. Não fale baixinho, lembre-se de que você tem que chamar atenção. Grite, berre, esperneie, lute com o cão, faça shows, derrube as pessoas, dê um brado de vitória. Não hesite em contar suas experiências sobrenaturais: diga que foi ao Céu e voltou, que foi ao inferno e voltou, que viu Deus e o diabo pessoalmente, que está vendo um anjo com uma bandeja de ouro na mão andando pelo templo.

 

Como você tem concorrência (os outros mercados neopentecostais com a mesma finalidade que o seu), não deixe de atacar o líder da outra “igreja”. Entreviste o demônio falando que o pastor da outra igreja é satânico, invista pesado em televisão para atacar seu concorrente, roube o horário de TV que o outro detém, jogue sujo do início ao fim. Se você conseguir acabar com a moral do outro, talvez mais gente volte para a sua igreja. Faça da televisão um verdadeiro campo minado da fé.

 

E para passar uma ideia de superioridade sobre os fieis, não se chame apenas de “pastor”: se auto-consagre “bispo”, “patriarca”, “apóstolo”, “semi-Deus”. Seja para a sua denominação aquilo que o papa é para os católicos. E, se alguém questionar sua autoridade, diga que “ai daquele que toca no ungido do Senhor”, mesmo que este verso bíblico esteja fora do contexto, que esteja sendo aplicado a um rei chamado Saul e não a um sacerdote religioso e que esteja no contexto de matar e não de repreender pelas heresias propagadas, mas não importa: a parte ignorante do povo continuará crendo na sua interpretação, porque você é o Super Herói deles, o intocável, o ungido, o Todo-Poderoso.

 

O que mais me indigna em tudo isso não é que o relato que expus nessas linhas é totalmente baseado em fatos reais e não em sensacionalismo, e que pode ser constatado facilmente por qualquer um que já tenha frequentado igrejas neopentecostais. Charlatões sempre existiram e isso já estava predito pelo próprio Cristo (Mt.7:15; 13:25), portanto não é nenhuma novidade. O que realmente me causa indignação é ver que existe gente que sofreu tanta lavagem cerebral de tais líderes religiosos que se incomodam com o simples fato de apontarmos seus erros e corrigirmos suas heresias.

 

É como se um político passasse a mão no dinheiro público no Congresso Nacional e nenhum de nós pudesse falar mal dele, expor o erro e corrigi-lo, mas tivéssemos que ficar calados, com uma mordaça na boca e fingindo que ele é um bom político. Da mesma forma, se existem falsos pregadores que vendem o evangelho e que lucram por meio dele, eles devem ser combatidos como qualquer outro bandido, e seu falso evangelho deve ser refutado assim como rebatemos a todas as demais heresias.

 

Todos nós fomos chamados para expor os falsos mestres e repreendê-los, inclusive publicamente (1Tm.5:19-20). Se até um verdadeiro servo de Deus, como o apóstolo Pedro, foi repreendido na cara por Paulo, em Antioquia, diante de todos os presentes (Gl.2:11-14), quanto mais os falsos profetas que nem de Deus são. Deus irá julgá-los? É claro que vai. Mas isso não significa que nós, cristãos, devemos ter uma postura covarde, passiva e medrosa, deixando milhões de pessoas serem roubadas e enganadas na nossa frente e não fazermos nada por elas, nem sequer alertá-las do perigo que são essas seitas.

 

Se nós dizemos isso, não é pelo falso profeta em si, mas é por amor às suas ovelhas, que estão cegas sendo guiadas por outros cegos. Se não fizermos nada por elas, elas cairão da mesma forma que Cristo disse que seria (Mt.15:14). E a culpa não será apenas do lobo vestido em pele de cordeiro que as enganou: será também nossa, que não fizemos absolutamente nada para alertá-las sobre o perigo que é esse falso evangelho que elas estão seguindo, onde a cruz é substituída pelo dinheiro, e onde o sofrimento é trocado pelo sucesso.

 

Se você vê um cego andando rumo a um precipício e o deixa seguir caminhando sozinho, sem o alertar, sem fazer nada para tirá-lo dali, e depois ele cai e morre, a culpa não é dele, é sua, que tinha o conhecimento daquele abismo e não fez nada para tirá-lo dali. Da mesma forma, se nós temos conhecimento da Verdade e sabemos qual é o verdadeiro evangelho de Jesus Cristo, mas não alertamos os que estão no erro, não refutamos as heresias em nosso meio, não defendemos a fé e não batalhamos pela Verdade, milhões se perderão por culpa nossa, da nossa própria omissão, da nossa própria covardia.

 

Precisamos mostrar ao mundo que a igreja evangélica, como um todo, é muito mais do que o que a televisão mostra. Que existem pregadores honestos que morrem para si mesmos para viverem por Cristo. Que não estão preocupados com os bens materiais deste mundo, mas em ganharem a vida eterna. Que condenam as heresias ao invés de incentivá-las. Que ainda há um caminho estreito e uma porta estreita. Que ainda há um Deus que o ama, mesmo se você for pobre, desempregado, faminto ou necessitado. Que ainda há um remanescente fiel nesses últimos dias, assim como havia sete mil joelhos que não se dobraram diante de Baal nos tempos de Elias (Rm.11:4).

 

Se nada fizermos, estaremos apenas assinando embaixo todas as infâmias que são cometidas por uma minoria em nome da comunidade evangélica. Estaremos dizendo: “Sim, nós compactuamos com tudo isso, continuem com a molecagem em nome da fé”! Mas se ainda há um Caminho e ainda há uma fé, cabe a nós rejeitarmos todo o joio que se infiltra entre nós e buscarmos compactuar somente com um nome: Jesus Cristo. E viver conforme ele nos ensinou.

 

 

Se há igrejas que são mercados, não seria melhor abandonar a fé de uma vez por todas e se tornar irreligioso, agnóstico, ateu ou desviado?

 

Muitas pessoas fazem isso, e estão caindo perfeitamente na cilada que o maligno armou contra elas. Quando elas passam a frequentar igrejas-negócios que promovem o mercado da fé, logo percebem como este meio é sujo e, consequentemente, param de buscar a Deus, não congregam mais em igreja nenhuma, tornam-se desviados e voltam aos caminhos que antes trilhavam no mundo. Pedro ilustrou isso com duas analogias: o cão que voltou ao seu próprio vômito e a porca lavada que voltou a se revolver na lama (2Pe.2:22).

 

O próprio Senhor Jesus ilustrou isso na parábola do joio e do trigo:

 

“Jesus lhes contou outra parábola, dizendo: O Reino dos céus é como um homem que semeou boa semente em seu campo. Mas enquanto todos dormiam, veio o seu inimigo e semeou o joio no meio do trigo e se foi. Quando o trigo brotou e formou espigas, o joio também apareceu. Os servos do dono do campo dirigiram-se a ele e disseram: ‘O senhor não semeou boa semente em seu campo? Então, de onde veio o joio?’" ‘Um inimigo fez isso’, respondeu ele. Os servos lhe perguntaram: ‘O senhor quer que vamos tirá-lo?’ Ele respondeu: ‘Não, porque, ao tirar o joio, vocês poderão arrancar com ele o trigo. Deixem que cresçam juntos até à colheita. Então direi aos encarregados da colheita: Juntem primeiro o joio e amarrem-no em feixes para ser queimado; depois juntem o trigo e guardem-no no meu celeiro’” (Mateus 13:24-30)

 

Quando os discípulos pediram a explicação da parábola, ele disse que aquele que lança a semente é o Filho do homem (ele próprio), que o campo é o mundo, a boa semente são os filhos do Reino, o joio são os filhos do maligno e o inimigo que semeia é o diabo. A colheita é o fim do mundo, mostrando que, até lá, o trigo e o joio conviverão juntos na igreja, como se fossem uma coisa só.

 

Para quem não sabe, o joio é fisicamente muito parecido com o trigo, de modo que, a uma primeira vista, parece que é a mesma coisa. Se você vê uma plantação de trigo misturado com o joio que cresce junto, dificilmente conseguirá distinguir um do outro, pois são aparentemente iguais. A semelhança entre ambos é tão grande que em algumas regiões costuma-se chamar o joio de “falso trigo”.

 

O problema é que o joio é venenoso, e apenas uma pequena quantidade dele junto ao trigo pode comprometer a qualidade de todo o produto obtido. Por isso a necessidade de se separar o joio do trigo, como disse Jesus. Isso significa que existem igrejas cristãs honestas, sinceras, que pregam a Palavra que liberta, que ensinam um evangelho Cristocêntrico e que vivem para Cristo e por Seu Reino, mas também existem igrejas que, como vimos, não passam de mercados da fé, negócios, fontes de renda fácil, obtenção de lucro com o nome de Deus.

 

Mas um não-cristão e um recém-convertido não percebem isso. Para eles é tudo a mesma coisa, assim como para um observador externo o joio e o trigo são a mesma coisa em uma plantação. Ele simplesmente não consegue distinguir ambos. Então, quando ele é envenenado pelo joio, ele pensa que toda a plantação é formada apenas de joio, e abandona a fé.

 

Foi exatamente por isso que Satanás semeou o joio no meio do trigo: para confundir os descrentes, para envergonhar o nome da comunidade evangélica, para manchar o verdadeiro evangelho, para macular a Igreja de Cristo. Como ele não consegue transformar todo o trigo em joio, ele semeia o joio no meio do trigo, o que é a mesma coisa para um observador externo. Jesus nos mostra que isso era uma realidade já em seus tempos e que permaneceria sendo assim até o fim da colheita, que é o fim do mundo. Só então uns viverão eternamente e outros morrerão para sempre, sendo a completa separação entre um e outro.

 

Jesus também nos mostra que devemos ver além daquilo que só pode se perceber externamente. Assim como não devemos pensar que aquela plantação era formada somente pelo joio, não devemos achar que na igreja cristã atual só tem falsos cristãos e igrejas-mercado. E, assim como alguém pode ser enganado pelo inimigo do dono da plantação por causa do joio, assim também Satanás consegue enganar muitos não-cristãos e desviados, por pensarem que a melhor alternativa é se manterem afastados de toda a forma de Cristianismo e religião. Eles estão caindo certinho na cilada que o diabo armou para eles.

 

O que se deve fazer ao se deparar com o falso evangelho pregado por falsas igrejas é se dirigir ao verdadeiro evangelho pregado em igrejas verdadeiras. Não é simplesmente se desviar do evangelho. Essa parece ser a solução mais fácil depois de uma decepção com alguma igreja, mas é cair exatamente na armadilha criada pelo maligno, que nunca quer que alguém se arrependa de seus pecados e busque a Deus.

 

Você se decepcionou com algum cristão? Então seja você a diferença, seja você um verdadeiro cristão, mostre com a sua vida que ainda existe o trigo, que ainda há gente trilhando o caminho estreito, que ainda há um Deus sendo adorado no esplendor de Sua santidade. Não se deixe desviar do caminho que leva a vida por causa de alguém que decidiu trilhar o caminho oposto, ou que tenta perverter os caminhos daqueles que estão rumo à glória celestial. Siga firme. Fortaleça as mãos enfraquecidas e os joelhos vacilantes. Viva pela naquele que morreu por você, não viva por vista, não se paute pelo comportamento dos demais, eles não são a referência, a referência é Jesus.

 

“Pois, em breve, muito em breve, ‘Aquele que vem virá, e não demorará’. ‘Mas o meu justo viverá pela fé. E, se retroceder, não me agradarei dele’. Nós, porém, não somos dos que retrocedem e são destruídos, mas dos que crêem e são salvos” (Hebreus 10:37-39)

 

 

É possível alguém ser salvo dentro de uma igreja neopentecostal?

 

É completamente possível. Quando falamos do mal que essas igrejas fazem ao Corpo, estamos nos referindo aos líderes dessas igrejas, aos lobos, e não às ovelhas. As ovelhas apenas estão seguindo cegamente aquilo que realmente acreditam que seja a verdade, elas não tem culpa que muitos pastores neste sistema pensam no lucro, e de fato muitas dessas ovelhas tentam viver um Cristianismo puro e sincero, na vida delas particular com Deus.

 

O problema é que, por mais que as ovelhas sejam sinceras, elas não estão vendo o lobo, porque este lobo está disfarçado em pele de ovelha. Foi por isso que Jesus disse: “Cuidado com os falsos profetas. Eles vêm a vocês vestidos de peles de ovelhas, mas por dentro são lobos devoradores (Mt.7:15). As ovelhas pensam que o falso profeta é mais uma ovelha como elas, alguém sincero, honesto, que prega o evangelho por amor. Elas nem fazem ideia de que estão seguindo um lobo, que busca devorar todo o rebanho, enriquecendo à custa delas.

 

Portanto, por mais que os hereges (lobos) tenham que ser combatidos assim como as suas heresias, há de se fazer uma distinção entre o lobo e a ovelha. O lobo é realmente alguém que se verá com Jesus no dia do Juízo, quando o ouvirá dizendo que de nada adiantou todos os milagres, maravilhas e exorcismos praticados, pois ele jamais o conheceu (Mt.7:22,23). Já as ovelhas sinceras serão julgadas com base no conhecimento obtido por elas.

 

Muitas delas buscam a própria prosperidade, vitória e sucesso porque foram instruídas assim, porque ainda estão na ignorância com relação a estes assuntos, pois sempre ouviram mensagens de prosperidade sendo pregadas na igreja. Elas não são culpadas por isso, mas quem as ensinou assim é o verdadeiro culpado. É por isso que Tiago disse que “nós, os que ensinamos, seremos julgados com maior rigor” (Tg.3:1).

 

Se você é um pregador da prosperidade e está ensinando um falso evangelho às suas ovelhas, terá que se ver com Cristo no dia do Juízo, quando será julgado com muito mais rigor do que as ovelhas. Mas e se algum pastor também estiver na ignorância? E se ele não estiver pregando essas heresias por desonestidade, por lucro pessoal, sabendo que está errado? Isso não muda nada as coisas quando se trata de um pastor, porque a obrigação de um pastor é ser um profundo conhecedor da Bíblia, assim como o dever de todo professor de História é ser um profundo conhecedor de história.

 

Assim, só nos restam duas opções: ou o pastor ensina heresias por desonestidade, sabendo que está errado – e neste caso já está condenado – ou então ele ensina heresias por ignorância, sem saber que está errado, porque não tem suficiente conhecimento bíblico para realizar um estudo como o que foi realizado aqui.

 

Neste segundo caso, como já foi dito, a situação de tais pastores não é em nada amenizada, pois é dever de todo pastor ter pleno domínio das Escrituras para poder ensinar a verdade ao povo. É por isso que os pastores serão julgados com maior rigor que os demais (Tg.3:1), porque eles não serão julgados apenas pelo bom ou mau caráter, mas pelo conhecimento transmitido aos demais. Se este conhecimento é fútil e superficial, que leva as ovelhas a crerem em heresias, ele será condenado, exatamente por não ter lido a Bíblia de forma aprofundada, o que é a sua obrigação.

 

Portanto, temos contrastes: de um lado, temos ovelhas simples e humildes que são enganadas sem saberem que estão sendo enganadas, e que amam a Deus com sinceridade, com uma fé não fingida, e por essa razão muitos membros dessas igrejas são muito mais consagrados e dedicados a Deus do que muitos outros de igrejas sérias. Do outro lado, temos um lobo, independentemente se esse lobo sabe que é um lobo ou não. Sem fazer essa distinção estaremos julgando a fé de irmãos em Cristo tão sinceros quanto nós, e dando margens a conclusões errôneas como que a que foi apresentada na pergunta.

 

 

Eu tenho um amigo que era cristão e faleceu em um acidente de carro. Será que isso significa que ele estava em pecado e “abriu brecha” para que este acidente acontecesse?

 

Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Pessoas justas morrem o tempo todo de forma prematura, e pessoas ímpias muitas vezes vivem longos anos e morrem de morte natural. Estêvão morreu prematuramente (At.7:60), assim como Tiago, que foi morto à espada por Herodes (At.12:2). O rei Josias foi descrito na Bíblia como tendo servido a Deus “com todo o seu coração, e com toda a sua alma, cumprindo as palavras da aliança” (2Cr.34:31), e que “fez o que era reto aos olhos do Senhor; e andou em todo o caminho de Davi, seu pai, e não se apartou dele nem para a direita nem para a esquerda” (2Rs.22:2). A obediência dele foi tão grande que a Bíblia o descreve como sendo o maior rei que já existiu em Israel:

 

“E antes dele não houve rei semelhante, que se convertesse ao Senhor com todo o seu coração, com toda a sua alma e com todas as suas forças, conforme toda a lei de Moisés; e depois dele nunca se levantou outro tal” (2ª Reis 23:25)

 

Mesmo sendo o rei mais justo da história de Israel, ele morreu prematuramente enquanto estava em uma guerra contra Neco, do Egito (2Cr.35:24), e com apenas 39 anos (2Rs.22:1)! Em contrapartida, o rei que a Bíblia descreve como sendo o mais ímpio da história de Judá, que foi Manassés – que praticou feitiçaria, idolatria, profanou o templo, reconstruiu os altares idólatras e queimou seus próprios filhos no fogo em sacrifício aos deuses pagãos –, viveu nada a menos que 67 anos (2Cr.33:1), e morreu de morte natural.

 

Então, temos aqui um contraste: de um lado, o rei mais justo da história de Judá, que foi Josias, morrendo com 39 anos de forma prematura e inesperada, no meio de uma batalha. De outro, temos o rei mais ímpio da história de Judá, que foi Manassés, que viveu por longos 67 anos e morreu por causas naturais. Além disso, Josias reinou em Judá por apenas 31 anos, enquanto Manassés reinou por 55 anos.

 

Isso mostra que mortes prematuras e inesperadas em nada tem a ver com ser menos fiel a Deus. Pessoas ímpias podem viver muito e pessoas justas podem viver pouco, e o inverso também é verdadeiro. O próprio Jesus encerrou a questão quando foi perguntado se aqueles que morreram prematuramente e de forma dolorosa eram mais pecadores que os demais. Ele rejeitou essa visão e ainda disse:

 

“Jesus respondeu: Vocês pensam que esses galileus eram mais pecadores que todos os outros, por terem sofrido dessa maneira? Eu lhes digo que não! (Lucas 13:2-3)

 

“Ou vocês pensam que aqueles dezoito que morreram, quando caiu sobre eles a torre de Siloé, eram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém? Eu lhes digo que não! (Lucas 13:4-5)

 

O que as pessoas tem que entender é que Deus nunca prometeu que qualquer servo seu iria viver muitos anos por ser obediente a Ele. O que Ele prometeu foi uma vida eterna, mas não aqui, e sim na ressurreição (Jo.5:28,29). Nessa vida pessoas justas morrem de forma prematura o tempo todo. Crianças morrem de fome na África sem terem cometido nenhuma falta grave, e não me venham falar que é “maldição hereditária”![7] A mortalidade infantil (mortes de crianças no primeiro ano de vida) ocorre em todos os países, em famílias cristãs e não-cristãs, de tradição protestante ou ateísta.

 

Muitas pessoas ainda tem uma mentalidade ultrapassada, segundo a qual os nossos atos de justiça são como méritos pessoais que nos garantem créditos para viver muito. Desta forma, se alguém é muito justo, merece viver bastante; mas, se alguém é pouco justo, não merece viver tanto assim. A Bíblia ensina exatamente o oposto a isso. Ela diz que não há um único justo sequer (Rm.3:10), e, por isso, ninguém aqui na terra tem “crédito”, ninguém possui “méritos pessoais” – a única coisa que conta para a salvação é a graça de Deus, obtida através da , não em nós mesmos, mas em Cristo.

 

É por isso que a salvação é pela fé e não por obras, porque nenhum de nós possui em si mesmo alguma credencial que lhe permitiria isso ou aquilo. Todos nós somos pecadores e merecemos a morte pelos nossos próprios atos. Todos. Menos Jesus. É por isso que só Jesus salva, pois só ele foi plenamente justo, só ele foi imaculado, só ele expiou os nossos pecados. Se entendermos essa visão cristã do mundo, veremos que nós não possuímos em nós mesmos ou por nós mesmos mérito nenhum, o que incluiu, evidentemente, qualquer promessa de viver muitos anos, ou de morrer por causa natural.

 

Por essa mesma razão, devemos viver intensamente cada dia, como se fosse o último. Não estou dizendo isso no mesmo sentido que o mundo diz. Quando eles pensam naquilo que fariam caso soubessem que viveriam um último dia na terra, quase sempre afirmam que gastariam tudo na Disneylândia ou em outro parque de diversões, que iriam torrar todo o dinheiro em um monte de futilidades, que fariam uma grande festa, e assim por diante. Mas nada disso importa para alguém que está à beira da morte.

 

Maurício Zágari conversou com várias pessoas que estavam no leito de morte e nenhuma delas disse que, se pudesse voltar atrás, iria torrar todo o dinheiro em uma noite só, iria fazer uma festança, iria comprar mais bens materiais ou iria “curtir” mais a vida neste sentido mundano da palavra. Não. Todas elas diziam que, se pudessem voltar atrás, queriam ter amado mais o próximo, ajudado mais a quem precisa, dado um último abraço em algum ente querido, se desculpar com alguém que já se foi, concertar as coisas com quem brigou, e, principalmente, pensam em Deus: em como poderiam ter vivido para Ele agora que percebem que toda aquela vida era apenas um teste para toda uma eternidade que estaria logo à frente.

 

É isso o que significar viver intensamente. Nenhum de nós sabe quando irá morrer. Deus não prometeu que todo aquele que o obedecesse viveria muitos anos. Nenhum de nós tem mérito para exigir nada. Tudo depende apenas e tão-somente da vontade de Deus. Eu não sei se estarei vivo até terminar de escrever este livro. Torço que esteja. Oro que esteja. Mas só Deus sabe. Só depende dEle.

 

A minha obrigação é de tentar fazer o melhor cada dia, como se fosse o último. De viver intensamente para Deus e pelo próximo, de se arrepender dos vários pecados frequentemente cometidos, de aproveitar as novas chances que Deus nos concede de permanecer vivos. Nenhum de nós sabe quando se deparará com a linha de chegada do outro lado. Apenas sabemos que temos que correr (2Tm.4:7), que dar o nosso máximo enquanto estamos nesta corrida. Para uns, essa linha de chegada está bem longe, daqui uns 50, 60 ou 80 anos. Para outros, essa linha de chegada pode ser hoje.

 

O nosso dever, como cristãos, é de correr o máximo enquanto estamos nessa corrida. Isso pode durar muito ou pouco tempo. No final, Deus avaliará o trabalho de todos enquanto eles estiveram na corrida. Se Deus traçou 60 anos de corrida para alguém, ele julgará essa pessoa por esses 60 anos. Se ele traçou 20 para outro, cabe a esse outro fazer o seu melhor durante esses 20 anos. É assim que devemos ver a vida. Dar o máximo de nós enquanto ainda estamos aqui, pois não saberemos quando estaremos .

 

A cada dia que acordamos é uma nova oportunidade que Deus nos está concedendo para nos arrependermos de nossos pecados e para deixar de praticá-los, é também uma nova oportunidade para voltar a Deus, para chegar mais perto dEle, para criar um relacionamento mais íntimo e pessoal com Ele, para aprofundarmos a comunhão com Aquele por quem nós vivemos e para quem existimos.

 

Se tivermos essa mentalidade cristã, não perguntaremos mais o porquê que essa ou aquela pessoa morreu tão cedo ou de forma mais dramática. Isso não importa. O que realmente importa é o que essa pessoa fez enquanto ela estava viva. E o que você está fazendo enquanto ainda está aqui. É esse o foco da questão. São essas as regras do jogo.

 

 

Eu estou tão triste que estou pensando em apostatar da fé. Ou Deus se manifesta na minha vida ou ele pode acabar comigo agora mesmo. Estou cansado de só servir, servir, orar, orar e nunca sem atendido em nada. Estou desanimado com Deus, com a vida, parece que eu estou vegetando nesta terra. Li mais uma vez os livros do Hagin sobre fé, mas nem isso me ajudou, pois nada funciona comigo na prática. O que devo fazer?

 

Esses livros do Hagin só servem de auto-ajuda igual os livros escritos por autores seculares, com a diferença de que os autores mundanos escrevem menos heresias. Você tem que ler livros de verdade para se inspirar no verdadeiro evangelho. Pense em quantos milhões de mártires cristãos já deram o seu sangue pela causa cristã. Pense nos 200 mil cristãos que são mortos anualmente por causa de sua fé. Pense nos milhares de cristãos norte-coreanos que estão presos neste momento em campos de concentração passando fome e sendo torturados por crerem em Jesus.

 

Pense em José, que foi vendido ao Egito pelos seus próprios irmãos, e lá foi escravo e depois preso, nas piores condições. Pense no apóstolo Paulo, que era constantemente perseguido, preso, apedrejado, surrado, sofria naufrágios, levou três vezes 39 chicotadas pelos romanos, passava frio e fome. Pense em Estêvão, o primeiro mártir da Igreja, e em Tiago, morto a espada por Herodes. Pense naqueles que foram torturados e não aceitaram o livramento, para alcançarem uma melhor ressurreição (Hb.11:35).

 

Pense em Jesus, que no lugar de uma coroa de ouro teve uma de espinhos, que levou chibatadas dos romanos, que tomou a cruz, que teve suas mãos e pés pregados, que morreu como um criminoso no madeiro. E lembre-se de que ele nunca prometeu uma vida boa para quem fosse seu seguidor: ao contrário, prometeu que quem o quisesse seguir teria que negar a si mesmo, morrer para sua própria vida, tomar sua própria cruz diariamente e segui-lo.

 

E para que? Para uma vida eterna. É isso: viva para a eternidade. Nada mais importa. Esqueça o evangelho de Hagin. A única coisa que você deve se perguntar é: “Vale a pena sofrer aqui na terra por alguns anos para depois herdar uma vida eterna? Ou seria melhor ganhar esta vida, para perder a próxima”? Essa escolha é somente sua. Os personagens bíblicos já tomaram essa decisão. Os mártires da Igreja também. Agora cabe a você refletir sobre isso.

 

 

Mas nada comigo dá certo, nada vai para frente. Dá vontade de parar e largar tudo.

 

O problema é que você começou a acreditar que Deus tem a obrigação de resolver os nossos problemas da mesma forma que resolve os dos outros. Se José pensasse assim, ele já teria abandonado Deus logo ao ser levado como escravo ao Egito. Como assim meus onze irmãos são homens muito mais ímpios e pecadores do que eu, e sou eu que estou nessa miséria toda, e eles no bem bom? Mas não. Ele continuou firme com Deus mesmo em meio às piores circunstâncias da vida.

 

Maurício Zágari sofre de uma das piores enfermidades que existem. Desde os 25 anos de idade (hoje ele tem 41) ele sofre de fibromialgia, uma doença que não tem cura e que faz com que todas as partes do corpo doam terrivelmente, do acordar ao dormir. Dá vontade de pedir a morte todos os dias. Ele foi em todos os seminários de Hagin e companhia, tomou posse da bênção, determinou durante anos, fez declarações proféticas... e nada. Teria de tudo para ser o crente mais murmurador e reclamão com Deus que existe em toda a face da terra. Mas o que ele é? Ele escreve toda semana artigos espetaculares em seu blog cristão, tem livros geniais, é um exemplo de vida, congrega, prega, escreve, é um exemplo de caráter e de ser humano.

 

A verdade é que todos nós passamos por situações terríveis na vida, uns mais, outros menos. A diferença é que, no meio dessas adversidades da vida, uns murmuram contra Deus e o abandonam, e outros negam a si mesmos e sofrem tudo o que for necessário para viverem com Cristo para sempre.

 

Porque a nossa pátria não está aqui, está lá. Porque a nossa vida não está em nós mesmos, mas em Cristo. Porque o momento em que Ele enxugará dos nossos olhos toda lágrima não é hoje, é na eternidade. Então, a verdadeira questão não é se é justo ou injusto passar por tudo isso. Não era "justo" com Jó também. A verdadeira questão é o que você vai fazer no meio disso. Qual tipo de cristão decidirá ser. É a tribulação que mostra quem verdadeiramente somos.

 

 

Mas tem um monte de gente bem menos comprometida com Deus do que eu, e Deus as atende. Por que a mim não?

 

Houve um tempo em que eu também me questionava sobre o porquê que crentes que pecavam muito mais e oravam muito menos do que eu eram atendidos, e eu não. Hoje já não penso assim, primeiro porque sei que Deus não atende ou rejeita orações com base no mérito humano. Se fosse por isso, Ele não atenderia a oração de ninguém. Muito menos do ladrão da cruz, ou de um perdido que clama a Deus em arrependimento.

 

Também aprendi que a nossa verdadeira recompensa não é aqui nesta vida, é lá na próxima. Se essa vida fosse tudo o que existisse e não houvesse vida eterna para recompensa ou morte para sempre, de fato este pensamento teria lógica. Afinal, se não houvesse outra vida para recompensar os melhores cristãos, seria nesta vida que deveríamos ser plenamente recompensados. Mas Deus sempre colocou a recompensa no futuro, mais especificamente na ressurreição (Lc.14:14), quando obteremos uma vida eterna. É essa a nossa recompensa, e o galardão para os mais aplicados será maior do que os que se esforçaram menos.

 

Todos os personagens bíblicos compreendiam isso muito bem. Foi por isso que o autor de Hebreus disse que eles, mesmo sendo os mais piedosos da terra, “foram torturados, enfrentaram zombaria e açoite, foram acorrentados e colocados na prisão, foram apedrejados, serrados ao meio, postos à prova, mortos ao fio da espada, afligidos e maltratados. Vagaram pelos desertos e montes, pelas cavernas e grutas. O mundo não era digno deles. Nenhum deles recebeu o que havia sido prometido (Hb.11:35-39).

 

O autor de Hebreus é claro ao dizer que os maiores homens de Deus que já pisaram nesta terra foram os mais maltratados e não receberam nenhuma recompensa terrena, porque eles esperavam uma Pátria Celestial. Foi por isso que Paulo disse que nesta vida nós somos “os últimos” (1Co.4:9), “dignos de lástima” (1Co.15:19), mas estes serão aqueles que Deus tornará os primeiros no mundo que há de vir, pois “os últimos serão os primeiros” (Mt.19:30).

 

A menos que nós entendamos que toda a nossa recompensa e a “virada de jogo” ocorrerão no futuro, na vida eterna, nada fará sentido nesta vida – nem ímpios tendo mais sucesso que justos, nem crentes fracos na fé sendo mais “abençoados” do que crentes mais fortes. O que vemos por toda a Bíblia era que os verdadeiros servos de Deus eram constantemente atribulados, mas mesmo assim nunca cogitaram abandonar a fé por serem “pouco respondidos” aqui na terra. Eles sabiam que a devida retribuição é um acontecimento futuro, e que por isso não deviam esperar que toda a justiça fosse feita aqui na terra.

 

Paulo, por exemplo, sofria de uma terrível doença nos olhos (Gl.4:13-15), como vimos no capítulo 9 deste livro. Ele a chamou de “espinho na carne” e rogou a Deus por três vezes para que o livrasse disso, mas recebeu resposta negativa todas as vezes (2Co.12:7-10). Mesmo assim, ao invés de murmurar contra Deus e dizer que orava e mesmo assim não era respondido – enquanto outros crentes menos fieis que ele buscavam a Deus e eram atendidos positivamente – ele permaneceu firme na fé, e até mesmo glorificou a Deus nisso tudo (2Co.12:7-10).

 

É essa a atitude que um cristão deve ter quando se depara com o fato de que alguém considerado “menos espiritual” é mais atendido do que você que é “mais espiritual”. Não é murmurando. Não é reclamando. É glorificando! É assim que mostramos que estamos com Deus porque o amamos com um amor incondicional, e não porque ele “corresponde” materialmente. Mais do que isso, ao glorificarmos a Deus nas adversidades estamos mostrando que confiamos nele, pois ele nos prometeu a vida eterna, e por isso vale a pena “perder” essa vida, para ganhar a próxima (Mc.8:35,36).

 

 

Mas os personagens bíblicos, como José e Jó, passaram por tribulações e depois foram restaurados em condições muito melhores que antes. Por que comigo isso não acontece?

 

José foi liberto sim, mas só depois de muitos anos. Não sabemos quanto tempo demorou com Jó, mas alguns teólogos alegam que levou anos também, ou pelo menos alguns meses, e em uma situação muito pior do que qualquer cristão já passou nessa terra. Paulo foi liberto uma vez da prisão (em Atos 16), mas em outras vezes não foi. Ele era perseguido por todos os cantos e em todas as circunstâncias e mesmo assim permanecia firme no evangelho. Na última vez que ele foi preso ele disse que esperava escapar da boca do leão (da condenação de Nero), mas foi condenado e morto.

 

O autor de Hebreus, no texto que vimos anteriormente, passou vários casos de pessoas justas que não receberam as promessas de Deus enquanto ainda viviam. Muitos não receberam “alívio”, senão o alívio da morte. Não é certo usar o exemplo de José, que se tornou o segundo maior do Egito, como “prova” de que todo crente tem que ser liberto de todas as tribulações e recompensado ainda nesta vida. Se fosse assim, Paulo não teria dito que, se a nossa esperança se limitasse somente a esta vida, nós (cristãos) seríamos, “de todos os homens, os mais dignos de lástima” (1Co.15:19).

 

Isso porque nem todo servo de Deus foi liberto de suas tribulações e se tornou governador do Egito. José foi o único. Ele deveria ser a exceção, e não a regra! Muitos outros viveram toda a vida passando tribulações, e não foram recompensados aqui. Nunca se tornaram governantes de nações, nunca foram poderosos na terra, nunca obtiveram riquezas, nunca deixaram de serem perseguidos de alguma maneira. Isso significa que alguns cristãos podem receber certo “alívio” durante algum tempo, mas não todos, e nem para sempre. Não há uma promessa ou regra geral em relação a isso.

 

 

Eu acho que Deus é o responsável pelo fato de muitos caírem na fé e voltarem ao mundo, pois estão no chão por culpa dEle, pois um “sim” dEle iria mudar as suas vidas, iria torná-los mais contentes, mais alegres, iriam orar mais, ler mais, agradecer mais, buscar mais. Estou errado?

 

Deus não é culpado por nenhuma apostasia no mundo, chega a ser blasfêmia pensar nisso. Acontece que ele quer que as pessoas venham a ele pelo o que ele é, e não por aquilo que ele tem. Ele quer que as pessoas foquem na eternidade, e não na vida terrena. Ele nunca prometeu uma vida cheia de bênçãos e vitórias para quem nele crê. Não é e nem nunca foi propósito divino resolver todos os problemas terrenos das pessoas. Ele nunca disse: "siga-me e eu os farei uma geração de conquistadores nascidos para vencer".

 

Ao contrário: ele prometeu aflição, sofrimentos e muitas tribulações para entrar em Seu Reino. Se Deus curasse todo mundo e desse a bênção e a vitória material para todos, eles iriam continuar com Deus com uma visão errada da fé cristã, crendo em Deus assim como creem no Papai Noel: como alguém que tem a finalidade e obrigação de nos dar presentes.  

 

Tais pessoas que vieram para Cristo para resolverem seus problemas fazem bem em voltar para o mundo, pois Deus não quer interesseiros, mas adoradores – até nas mais difíceis situações da vida. É Deus peneirando para tirar o joio dentre o trigo, e não sendo o "culpado" por algum desvio na fé. É claro que ele poderia dizer "sim" para todos e todos continuariam com Cristo. Mas com que interesse? Somente para obter benefícios terrenos, com propósitos totalmente errados. Continuariam com Deus porque isso lhes traria vantagem terrena e material.

 

Deus não quer pessoas assim. Ele quer pessoas que abrem mão de suas vidas terrenas por uma vida eterna. Infelizmente os pregadores modernos colocaram na cabeça das pessoas que Deus tem que abençoar todo mundo que é fiel a Ele igual o Papai Noel tem que dar presentes a todos as crianças que forem boazinhas. E tais falsos profetas conseguem fazer uma lavagem cerebral tão grande nessas pessoas que, depois que elas se deparam com o verdadeiro evangelho que nada tem a ver com a teologia deles, é mais fácil elas pensarem que Deus falhou com elas do que que elas mesmas ouviram um evangelho falso e deturpado.

 

Pense, por exemplo, em um relacionamento entre um marido e uma mulher. O marido é rico, tem uma Ferrari, várias mansões, é multimilionário, têm casas na praia, jatinhos, SPA, clube, tem tudo do bom e do melhor e atende a todos os pedidos da esposa sem fazer qualquer ressalva. Assim, ele dá à sua esposa um cartão de crédito ilimitado, dando total liberdade para que ela compre o que quiser, quando quiser e da maneira que quiser. Mas, um dia, esse marido rico perde tudo e se afunda nas dívidas. Sua esposa então o deixa e arruma outro cara rico.

 

Pergunta: ela estava com esse marido porque o amava ou porque amava o que ele tinha a oferecer? É lógico que o amava só pelos bens materiais. Era uma interesseira. Com o Reino de Deus é a mesma coisa. Nós somos chamados de noiva de Cristo (Ap.19:7). Este período aqui na terra é como um teste para ver quem o ama por aquilo que ele é, e não por aquilo que ele tem a nos oferecer.

 

Da mesma forma que nenhum marido do mundo quer ter ao lado uma esposa interesseira que não o ama de verdade mas só está buscando os bens que ele possui, igualmente Deus não deseja compactuar com aqueles que o buscam visando aumentar riquezas, sair de dívidas, ter um bom emprego ou o carro do ano. Ele quer que aqueles que o seguem desejem isso por um amor puro, sem interesse, sem falsidade. Se estamos com Deus para resolver nossos problemas aqui na terra, estamos sendo tão “fieis” quanto aquela esposa do exemplo que acabamos de ver.

 

Em resumo: Deus não diz “sim” para todo mundo (ou seja, não responde sempre positivamente à oração de todos, lhes dando tudo o que desejam) porque isso atrairia muitos seguidores que só estariam na igreja por interesse, por amor próprio, que só são cristãos porque lhes convém, porque obtém vantagens terrenas nisso. Quando Deus diz “não” a alguns (ou muitos) de nossos pedidos – seja um não momentâneo ou um não eterno – ele está provando a nossa fé, para torná-la refinada pelo fogo (1Pe.1:7), e para formar crentes firmados no amor, e não na ganância.

 

Assim, da mesma forma que o fato de aquela esposa interesseira ter abandonado o marido nos momentos difíceis é uma prova incontestável de que ela não estava com ele por amá-lo, também os cristãos que largam Deus após passarem por frustrações e decepções na vida estão provando que só estavam antes com Ele porque estava dando tudo certo. Não foi por um amor incondicional, mas por interesse. É por isso que aquele que será salvo será quem esteve incondicionalmente com Deus, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, dando tudo certo ou desabando tudo – porque estão firmados no amor.

 

 

Li em um outro livro seu, chamado “A Verdade sobre o Inferno”, a exposição de mais de 150 versículos bíblicos que provam o aniquilamento futuro dos ímpios, ao invés de um tormento eterno[8]. Se isso é verdade, então eu creio que seria melhor que eu largasse tudo e voltasse ao mundo, já que eu vou morrer e ser aniquilado, ao invés de ficar sofrendo nessa vida ou de ser atormentado eternamente depois dela.

 

Em primeiro lugar, nunca foi dito que o inferno não existe, mas que existirá, no futuro. Também não foi dito que os ímpios não serão castigados. Eles serão de fato castigados. Seria uma baita de uma injustiça condenar alguém como Adolf Hitler a um aniquilamento direto sem passar por nenhum castigo, e fazer o mesmo com um índio de 12 anos que não conhecia a Jesus e foi condenado ao inferno.[9]

 

Mas seria muito mais cruel, desumano e implacável condenar tanto Hitler quanto o índio de 12 anos a um tormento eterno, sem fim, pelos séculos dos séculos. Além de a Bíblia não ensinar isso em lugar nenhum, isso também não faz parte do caráter de um Deus justo e amoroso, que não condenaria para uma eternidade de tormentos infinitos alguém que cometeu pecados finitos.[10]

 

Além disso, se o tormento é eterno para todos, Jesus estaria mentindo quando disse que o que tem muito conhecimento da verdade e é condenado levará “muitos açoites” (Lc.12:47), enquanto aquele que tem pouco conhecimento e é condenado levará poucos açoites” (Lc.12:48). Se o tormento é eterno, ou seja, infinito, sem fim, para todo o sempre, é óbvio que não pode ser considerado “pouco”, e muito menos haveria tal distinção entre o “muito” e o “pouco”, já que o tormento seria eterno para todo mundo indistintamente, e nada que é eterno pode ser relativizado.

 

Em outras palavras, um tormento eterno não pode ser muito para um e pouco para outro, precisamente porque é eterno, infindável, perpétuo. Portanto, o ensinamento bíblico – que também condiz com a moral divina – é que os ímpios serão castigados no “inferno” (geena) pelo tanto correspondente aos seus pecados, e só depois serão aniquilados[11]. Não é nem de um aniquilamento direto e muito menos de um tormento sem fim.[12]  

 

Se ainda há alguma dúvida sobre isso ser o mais justo e correto, basta pensarmos na analogia de um pai com um filho. Se seu filho o desobedece, você não vai pegar uma cinta e descer em cima dele para sempre. Você obviamente vai castigá-lo por algum tempo, isto é, pelo tanto correspondente aos seus erros. Se nem nós, meros seres humanos, somos capazes de castigar alguém a um tormento eterno, quanto menos Deus, que é muito mais justo e amoroso que nós.

 

Ele não é um deus sádico que pega uma cinta e bate no filho para sempre, que faz questão de conceder imortalidade a essa criatura só para que ela passe a eternidade inteira sofrendo, com a única finalidade de perpetuar o sofrimento. Deus castigará os ímpios até que eles paguem o último centavo (Lc.12:59; Mt.5:26), e depois irão para a segunda morte, a morte final e irreversível (Ap.20:14; 21:8), o completo fim da existência.

 

Robert Leo Odom discorreu sobre essa mesma questão usando outra analogia:

 

"Suponha, por exemplo, que o juiz de sua comarca sentenciasse um homem declarado culpado de assassinato a ser torturado continuamente dia e noite com água escaldante e ferros em brasa, a fim de mantê-lo sofrendo constantemente a mais torturante dor. O que os meios de comunicação teriam a dizer sobre isso? Qual seria a reação das pessoas em geral para com esse tipo de punição? Faz sentido dizer que o nosso Criador, que é um Deus de justiça e amor, poderia ser um monstro de crueldade pior do que o mencionado?"[13]

 

Temos que ter em mente aqui a notável diferença entre o sofrimento cristão e o sofrimento dos ímpios, porque o sofrimento do cristão é de caráter reformatório, isto é, para aperfeiçoar o próprio caráter do ser humano[14], mas o sofrimento dos ímpios não é de caráter reformatório (nenhum ímpio que estará sofrendo no inferno será aperfeiçoado ou terá seu caráter mudado para melhor!), mas meramente de castigo (i.e, para pagar um tanto correspondente a uma dívida), e por isso não há sentido em perpetuar um sofrimento que não tem qualquer finalidade senão o do próprio sofrimento.

 

Por isso o contraste bíblico é sempre entre vida eterna e morte eterna (Pv.19:16; 11:19; Jo.3:16; Rm.8:13; 6:23; 6:21,22; 2Co.2:15,16; Gl.6:8), e nunca entre vida eterna no Céu ou no inferno. A eternidade é um prêmio dado aos que vencerem, e não uma condição inata ao ser humano (1Tm.6:16).

 

Mas o fato de ser castigado por algum tempo – e não de aniquilamento direto – não deve ser a nossa motivação a buscar a Deus. De fato, muitos irão considerar isso pouco. Então vamos pensar da seguinte maneira: suponhamos que não exista nenhum tipo de castigo, nem eterno nem passageiro, que aguarde os ímpios após a morte. Será que, por isso, deveríamos abandonar Cristo e vivermos para o mundo? É claro que não. Os que pensam assim mostram que estão com Cristo com a motivação errada.

 

E este é um pensamento bastante recorrente, nem um pouco raro. Muitos cristãos só são cristãos porque tem medo do inferno, e não porque amam Jesus a tal ponto que decidem sacrificar suas vidas para estarem com ele para sempre. Para novamente citarmos um exemplo prático, pense na pessoa que você mais ama. Pode ser a esposa, o marido, um filho(a), amigo(a) ou qualquer parente. Imagine também que você está um longo tempo ser ver essa pessoa, e sem ter nenhum tipo de contato, nem mesmo virtual. Está completamente afastado dela.

 

Qual seria a sua maior vontade? Com certeza seria vê-la. Olhar nos olhos dela, abraçar, conversar, rir juntos, manter uma comunhão. Não seria necessário dizer: “se você não se encontrar com essa pessoa, eu vou te lançar no fogo do inferno”. Você naturalmente desejaria muito vê-la, faria de tudo para isso. Com Deus é a mesma coisa, mas em um nível muito maior. Isso porque Jesus disse que devemos amar a Deus em primeiro lugar (Mt.22:36-38), ou seja: muito mais do que essa pessoa que você pensou agora.

 

Então, deveríamos desejar estar com Deus mais do que tudo nessa vida. Deveríamos desejá-lo tanto que não seria necessário qualquer tipo de ameaça, muito menos de um tormento eterno, para desejá-lo. O desejaríamos simplesmente porque o amamos. Nada a mais é necessário. Estar eternamente com a pessoa que mais amamos já deveria ser mais que o suficiente. Deveria ser tudo o que realmente importa nesta vida. É por isso que o verdadeiro cristão vive em função de Cristo.

 

Mas muitos não pensam assim. Para eles, a motivação para continuar cristão é escapar do fogo do inferno. Tais cristãos estão fundamentados no medo, e não no amor. Se para manter alguém na linha é necessário a ameaça de um tormento eterno na presença de demônios terríveis e torturadores, então neste contexto Jesus se torna apenas um meio utilizável para escapar do mal. O objetivo e finalidade dessa “conversão” é fugir do inferno, e não Jesus. Por isso, se não existe esse tormento eterno, eles logo pensam que não vale mais a pena estar com Cristo!

 

Os que pensam assim não são verdadeiros cristãos, pois o verdadeiro cristão é aquele que cumpre o maior de todos os mandamentos, que é amar a Deus em primeiro lugar (Mt.22:36-38). E quem ama a Deus em primeiro lugar quer estar com ele acima de todas as coisas, mesmo se não existir nenhum tormento eterno do outro lado. Se é preciso crer no tormento eterno para estar com Deus, sinto lhe dizer, mas você não ama a Deus, você simplesmente teme o inferno. Você não é cristão por Jesus, mas por si mesmo, para salvar sua própria pele de um suposto tormento bem cruel e indesejável. Isso não é ser cristão.  

 

Jesus nunca disse: “Venham e sigam-me, porque se não seguirem lançarei todos vocês em um inferno eterno para serem atormentados para sempre!” Isso seria uma ameaça, e não um convite. Mas Deus não ameaça ninguém, ele apenas convida aquele que quer herdar uma vida eterna. Se o artifício do inferno fosse necessário, Jesus estaria na prática obrigando as pessoas a amá-lo. Seria como se eu convidasse você a um grande banquete na minha casa, mas depois te dissesse: “se você não for a este banquete, eu vou te atormentar para sempre, entendeu bem?”

 

Isso seria uma ameaça. Você provavelmente iria desejar ir a este banquete, mas não por minha causa ou pelo banquete, mas pela ameaça subsequente, pelo medo, pelo outro lado da moeda. Mas se eu o convido a um banquete na minha casa e digo: “vou fazer um banquete na minha casa; quem quiser vir, negue os seus compromissos neste dia e siga-me” – aí sim estaria convidando, como um cavalheiro, e aí sim aqueles que viriam ao meu banquete seriam os que realmente têm consideração por mim e creem que vale a pena se desligar de seus outros compromissos terrenos para seguir-me.

 

Como já vimos, Deus é um cavalheiro, ele não força ninguém a nada. Ele concedeu o livre-arbítrio exatamente para que não fôssemos robôs pré-ordenados a fazerem isso ou aquilo, sem vontade própria, sem liberdade pessoal. E ele nos chama para participarmos deste banquete do Reino de Deus, onde estaremos junto a ele e aos outros salvos, como Abraão, Isaque e Jacó (Mt.8:11), e, se quisermos participar deste banquete celestial, devemos desmarcar todos os demais compromissos que temos para segui-lo – negando a nós mesmos, negando a este mundo, negando os prazeres da carne, a ostentação dos olhos (1Jo.2:16), para participarmos dessa grande Ceia.

 

Assim sendo, o convite de Deus é:

 

“Aquele que vem a mim eu de modo nenhum lançarei fora, mas o ressuscitarei no último dia, para a ressurreição da vida eterna. Lá ele comerá da árvore da vida e beberá da fonte de água viva, que jorra para a vida eterna. Ali Deus enxugará de seus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, porque as primeiras coisas já serão passadas. Quem quiser me seguir para este lugar, negue a si mesmo, renuncie a esta vida terrena, tome a sua cruz e siga-me”

 

É lógico que nem todos aceitarão este convite. Muitos crerão que vale mais a pena ganharem esta vida e perderem a próxima, do que perderem esta vida para ganharem a próxima. Outros tentarão inutilmente conciliar ambas as coisas, tentando ganhar ambas as vidas, almejando entrar pela porta estreita seguindo o caminho largo. Inutilmente.

 

É interessante notar que as pessoas fazem loucuras para conseguirem aquilo que elas desejam nesta terra. Gosto de assistir o programa O Aprendiz, e me admiro quando vejo tantas pessoas dando o máximo ali dentro, vivendo para aquele fim, chorando amargamente quando são demitidas, como se a vida tivesse acabado ali.

 

Se isso ocorre com um simples Reality Show que serve para conquistar durante alguns anos aqui na terra um emprego de alto nível, quanto mais as pessoas deveriam dar o máximo delas para algo que importa para todo o sempre, para algo do qual depende toda uma eternidade com Deus, para um Juízo sem volta, para um veredicto final, para o julgamento das nossas vidas, quando nos veremos face a face com Ele e quando toda a nossa vida passará diante dos nossos olhos.

 

Mas, ironicamente, as pessoas dão muito valor e se esforçam muito pelo pouco, e não se esforçam quase nada por aquilo que há de maior importância, quando aquilo que está em jogo não são alguns anos, é a eternidade, e não é uma sala de reunião com Justus, mas o julgamento final com Deus.

 

Cristo lhe está fazendo um convite hoje, entre aceitar a vida eterna com a única condição de negar a esta presente vida, ou rejeitar o convite e perder essa vida eterna. Ele não vai forçar a conversão de ninguém, nem ameaçar com um tormento eterno aqueles que não quiserem segui-lo. Ele simplesmente deseja que as pessoas correspondam com ele em amor. Assim foi que Deus planejou desde o princípio. É uma questão de escolha, de atitude, de um amor não forçado ou imposto, mas livre. É entre aceitar ou rejeitar a vida eterna. Ou, para ser mais prático, é entre viver essa vida com algum sentido objetivo, ou desperdiçá-la vivendo sem sentido algum.

 

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

 

Por Cristo e por Seu Reino,

Lucas Banzoli.

 



[4] Quem quiser rir vendo o vídeo dessa obra-prima acesse: <http://www.youtube.com/watch?v=YhJDFa0e210>. Acesso em: 14/09/2013.

[5] O vídeo original deste trágico acontecimento pode ser conferido aqui: <http://www.youtube.com/watch?v=PvW738BT0nQ>. Acesso em: 14/09/2013.

[6] Não estou dizendo que todos os pastores que aparecem na TV são falsos profetas, pois sabemos que ainda existem alguns que estão lá não para pedir dinheiro, mas para pregar o evangelho Cristocêntrico. Por outro lado, é inegável que a maior parte dos falsos profetas sempre arruma algum jeito de aparecer na televisão, pois a maior exposição atrai maior arrecadação.

[7] Seria necessário um livro inteiro para refutar essa outra ideia deturpada em muitas igrejas, segundo a qual alguém sofre ou é prejudicado em função do erro de seus pais. Essa é uma doutrina espúria e espírita. De fato, são os espíritas – e não os cristãos – que creem que estamos aqui na terra pagando pelos erros de nossas vidas passadas, que existe um carma de cada um. A Bíblia diz exatamente o contrário. Ela ensina: “Aquele que pecar é que morrerá. O filho não levará a culpa do pai, nem o pai levará a culpa do filho. A justiça do justo lhe será creditada, e a impiedade do ímpio lhe será cobrada” (Ezequiel 18:20). Na verdade, todo o capítulo 18 do livro de Ezequiel mostra o quão absurda é a ideia de maldição hereditária, e o quão antibíblico que está sendo alguém que ensina isso. 

[8] O objetivo deste livro não é tratar do assunto da vida após a morte, pois isso já foi extensivamente abordado por mim em dois livros sobre o tema (“A Lenda da Imortalidade da Alma”, com 661 páginas, e “A Verdade sobre o Inferno”, com 145 páginas), com mais de 206 provas bíblicas exegeticamente analisadas, milhares de versículos expostos, uma aprofundada pesquisa nos escritos dos Pais da Igreja e na história judaica, além de um todo de mais de 1.100.000 caracteres empregados ao longo de vários anos de estudo sobre o tema que resultaram nestes livros. Por isso, não será feita uma abordagem teológica sobre a natureza do inferno – excetuando um breve comentário acerca disso – nem sobre versos bíblicos como Mateus 10:28; 25:46 ou Apocalipse 14:9-11; 20:10, que já foram exaustivamente analisados em meu outro livro. O que será feito aqui é apenas uma reflexão sobre a conclusão extraída naquela pergunta, que eu vejo que é um pensamento muito recorrente na comunidade evangélica, de que, se o tormento eterno não existe, não vale a pena buscar a Deus. É isso o que será abordado nas próximas linhas, e não uma abordagem teológica sobre a natureza do inferno. 

[9] Este é outro assunto polêmico que não é o foco deste livro. Eu não creio que todos os índios ou todos os que nunca ouviram falar de Jesus já estão condenados ao inferno e não poderão ser salvos. Deus julgará tais pessoas através do conhecimento obtido por elas, na medida daquilo que elas puderem entender. Todo ser humano no mundo possui uma Lei Moral em seu coração, que é a consciência que nos diz sobre o que é certo e o que é errado. Paulo fala sobre ela em Romanos 2:13-16, e diz que será com base nela que aqueles que não conheceram Jesus serão julgados. Mas é claro que isso não significa que todos os índios serão salvos, pois nem todos os índios seguem essa Lei Moral. Daí o exemplo do menino de 12 anos, que infringiu a Lei Moral e foi condenado, mesmo sem ter feito quase nada em comparação a Hitler. Sobre essa Lei Moral, recomendo a leitura de meu livro “As Provas da Existência de Deus”, onde eu argumento de forma muito mais extensa e elaborada sobre ela. 

[10] Até mesmo os próprios imortalistas reconhecem que o tormento eterno do inferno é algo que vai na contramão da consciência humana de moralidade. Se não fosse por isso, Geisler e Turek não teriam dito: “Nós certamente não gostamos daquilo que a Bíblia diz sobre o inferno. Gostaríamos que não fosse verdade” (GEISLER, NORMAN; TUREK, Frank. Não tenho fé suficiente para ser ateu. Editora Vida: 2006). Isso atesta que o próprio senso de moralidade presente na consciência humana contradiz a noção de um tormento eterno, mesmo para aqueles que creem que esse tormento eterno é “bíblico”.

[11] Uma lista de versículos bíblicos sobre isso você pode acompanhar em meu blog sobre o tema, neste link: <http://desvendandoalenda.blogspot.com.br/2013/08/152-versiculos-biblicos-de.html>. 

[12] Por mais que a maioria dos evangélicos ainda creia no tormento eterno, uma quantidade muito significativa de importantes eruditos e teólogos já abandonaram essa visão para crerem no ensinamento bíblico da vida somente em Cristo e aos salvos. Dentre eles, destaca-se o teólogo luterano Oscar Cullmann, um dos maiores especialistas em NT que já existiu; o pastor anglicano John Stott, o maior líder do movimento evangélico mundial no último século; e F. F. Bruce, o fundador de todo o entendimento evangélico moderno da Bíblia e considerado o maior erudito evangélico dos últimos tempos.

[13] Robert Leo Odom, Vida Para Sempre. Casa Publicadora Brasileira: 2006.

[14] Como vimos no capítulo 7 deste livro, quando abordamos “Por que sofrer?”

 

 

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