PAULO NÃO CITOU PEDRO PORQUE ESTAVA VIAJANDO

PAULO NÃO CITOU PEDRO PORQUE ESTAVA VIAJANDO 
 
Sim, meus amigos. Agora, a mais nova moda da “argumentação” católica para “refutar” o fato de que Pedro não era bispo de Roma porque o apóstolo Paulo nunca o citou por lá, nem mesmo lembrou-se de mandar saudações a ele na própria epístola aos romanos, sendo que ele saudou nominalmente outras 27 pessoas que ele se lembrou(!), é de que Pedro tinha ido viajar um pouquinho, e por isso Paulo não citava Pedro em lugar nenhum, seja quando escrevia em Roma ou para os romanos. 
 
Outra tola justificativa que serve como pretexto é a “argumentação” de que Paulo não saudou os romanos na carta aos romanos, mas os asiáticos! Sim, é isso mesmo o que você leu, não se assuste. Há certos “apologistas” católicos vagando por aí nos cantos da internet, divulgando que as 27 pessoas que Paulo saudou a escrever aos romanos não estavam em Roma, estavam na Ásia. E por que raios Paulo foi escrever aos romanos se ele queria enviar saudações aos asiáticos? 
 
Não seria mais fácil escrever aos cristãos da Ásia? Bom, questões como essas são muito difíceis de serem solucionadas para os “apologistas” católicos, parecem verdadeiros “dilemas” para eles. Para tomar como exemplo e ver como eu não estou de brincadeira, vejam essa carta que eu recebi de um leitor do site que me informou que um certo rapaz (que já cansou de ser refutado aqui) inventou essas pérolas, em seguida vejam a minha resposta a este leitor e por fim as minhas outras considerações, para vocês verem até que nível que a “apologia católica” foi capaz de chegar! 
 
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Carta Enviada: 
 
Olá, Lucas. Muito obrigado pela resposta, Lucas, leio bastante o seu site e é bem edificante. Li também o “Sã Doutrina”, o Rafael Rodrigues contando a maior marra que te refutou, mas fiz questão de ler ambos os comentários e vi que ele tem pouco argumento no aspecto bíblico, mandei um questionamento para o mesmo sobre a epistola de Paulo aos romanos em que o mesmo não menciona o papa na saudação final da carta, e adivinhe o que ele me respondeu? Pasme: ele disse que aquelas saudações não era para os cristãos de Roma mas sim da Ásia menor, reitera ele que Pedro não ficava só em Roma porque o mesmo era missionário, e que pelo fato de Paulo não mencionar Pedro não se pode usar o argumento do silencio para tal, isso para ele não serve de nada! Podemos com essa raça? Ele acha que não era necessário Paulo mencionar Pedro o "papa"! (Junior Ilhagrande, 05/08/2012)  
 
Minha Resposta: 
 
Olá, Junior. 
 
Realmente as refutações dos católicos carecem completamente de fundamento em inúmeras questões bíblicas. Aquilo que o Rafael chamou de "refutação" ao meu texto demonstra por si mesmo como a maioria deles não sabe interpretar um texto simples. Se ele não sabia nem sequer interpretar um texto meu, como irá querer interpretar as Sagradas Escrituras? E pior que nessa nem dá para apelar ao "Magistério Católico", visto que eles não dão as respostas para todos os seus apologistas em todas as questões, pelo contrário, eles se omitem nos pontos mais cruciais que desmentem a fé romana.  
 
É por isso que muitas vezes nos deparamos com respostas tão fracas que chegam a beirar o ridículo, como, por exemplo, dizer que Paulo só não citou Pedro em lugar nenhum da carta aos romanos porque Pedro "estava de viagem", sendo que não há qualquer evidência de que no exato momento que Paulo escrevia a carta Pedro estivesse viajando, e que Paulo poderia mandar saudações para ele do mesmo jeito, visto que quando Pedro "voltasse" a Roma ele leria a carta e veria as saudações de Paulo enviadas a ele.  
 
Já pensou se eu tenho um grande amigo na Bahia, aí eu envio saudações a vários amigos de lá e me esqueço bem exatamente deste maior amigo meu, ou faço de propósito de não enviar nenhuma saudação porque acho que "ele pode estar viajando"? Sinceramente, este nível de refutação só faz com que ele caia em ainda mais descrédito. Isso sem dizer que como é que Paulo iria saber que Pedro não estaria em Roma? Por msn? Orkut? Facebook?  
 
Ora, naqueles dias não tinha como saber se um apóstolo do outro lado do mundo (no Ocidente, em Roma) havia saído dar uma "viagem" para algum outro lugar temporariamente, e alguém no outro lado (no Oriente, onde Paulo pregava) ficar sabendo disso tão rapidamente. Acho que o Rafael Rodrigues deve pensar que eles se comunicavam por celular, só pode.  
 
O fato é que, de qualquer modo, a falta de saudações de Paulo a Pedro aos romanos e a total omissão da citação deste apóstolo ali é uma prova conclusiva contra o suposto primado de Pedro ali, e isso nem mesmo os maiores malabarismos católicos são capazes de contradizer tal fato.  
 
Pior ainda é a “argumentação” de que Paulo enviou saudações aos asiáticos e não aos romanos quando escreveu aos romanos. Sinceramente, essa era para ir pro CQC ou para algum show de Stand Up. De onde foi que ele tirou isso? Como é que os romanos iriam dar conta de enviar saudações para uma quantidade grande de pessoas que moravam no outro lado do mundo da época, sem nenhum meio tecnológico disponível para isso? Por que o próprio Paulo não enviou essas saudações aos da Ásia Menor, já que ele estava muito mais próximo deles do que os próprios romanos? Por que ele não escreveu aos asiáticos, se a intenção dele não era saudar nenhum romano? 
 
Sinceramente, aberrações teológicas como essas só servem para colocar a apologia católica ainda mais no fundo do poço. Sorte deles que nem todo apologista católico é tão fraquinho assim nas argumentações. Existem alguns mais inteligentes, mas são poucos. Torceremos para que estes cresçam para podermos um dia ter um debate mais sério com esta gente.
 
Um grande abraço e que Deus lhe abençoe! 
 
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Outras Considerações: 
 
Como eu percebi que esta fracassada tentativa de refutação católica não é exclusividade do Rafael Rodrigues, mas também de frustrantes e inexperientes blogueiros católicos que propagam essas piadas em seus sites (aliás, o próprio Rafael Rodrigues foi um daqueles que copiou essa pérola, não foi ele quem criou ela, o que evidencia que existe ainda mais gente que crê desta forma), resolvo dedicar um espaço maior para rebater ponto por ponto dessa linha argumentativa, embora saiba que de “argumentativo” não tem nada. 
 
1. Pedro estava viajando, por isso Paulo não o saudou. 
 
Como já foi dito na carta-resposta acima, o fato de alguém ter saído temporariamente de viagem não implica de modo algum que Paulo não pudesse saudar o seu companheiro. Se a Sé de Pedro fosse a Romana e Pedro ocupasse o episcopado da Igreja de Roma, então a “viagem” de Pedro seria meramente temporária, e ele certamente iria voltar em breve para lá.  
 
Então, ele leria a carta de Paulo e tomaria conhecimento de todas as saudações. Ou será que Pedro iria querer não ser saudado nem sequer quando voltasse da “viagem”? Eu moro em São José dos Pinhais/PR, mas tenho parentes próximos em São Paulo/SP. Se eu escrevo uma carta para os meus familiares que moram lá, eu faço questão de mencionar nome por nome, pessoa por pessoa, como Paulo fez aos romanos. Mas eu não paro para pensar: 
 
“Esse cara eu acho que pode estar viajando, então vou deixá-lo de fora das minhas saudações”! 
 
Pelo contrário! Eu faço questão de saudar todos os que são de lá, incluindo aqueles que podem estar viajando, mas que eu sei que irão voltar em breve e lerão as minhas saudações. Em outras palavras, o fato de Pedro estar ou não estar viajando é algo totalmente de menor importância que não muda em absolutamente nada o fato de que ele deveria ser saudado caso fosse o bispo maior de Roma.  
 
Como é que Paulo cita todo mundo, mas deixaria de fora bem exatamente aquele que seria o maior líder e autoridade dos cristãos que lá estaria como “bispo” ou “papa”? Isso é de tamanha difícil compreensão para os católicos que eles têm que apelar para argumentos baixos como esses. Em resumo, Pedro viajando ou não viajando deveria ser saudado do mesmo jeito caso fosse o bispo de Roma. 
 
Mesmo que ele estivesse viajando, isso não resolveria e nem amenizaria em absolutamente nada o problemão que os católicos têm pela frente. O fato do suposto “papa” e “bispo universal de Roma” não ser sequer mencionado, quanto menos saudado ao longo de toda a epístola de Paulo aos romanos, só não é um argumento para aqueles que já estão completamente cegos e já se entregaram às fábulas. 
 
O segundo ponto deste argumento é: “Como é que Paulo iria tomar conhecimento que Pedro estava viajando”? Isso poderia ser normal nos dias de hoje. Bastaria que Pedro enviasse um e-mail para Paulo, que eles conversassem por msn, que escrevesse em 140 caracteres do Twitter: "estou de viagem", ou que enviasse uma mensagem via facebook. Em questão de segundos, Paulo já saberia disso. Porém, em pleno século I a história era outra.  
 
Nada disso existia, e o único método de comunicação à distância era a correspondência por carta mesmo. Mas será que Pedro iria ter que enviar uma carta a Paulo apenas para avisá-lo que iria “sair de viagem”? Será que Pedro escreveria uma carta a Paulo somente para dizer: “Olha, Paulo, eu estou saindo de viagem hoje e vou pra bem longe, então trate de não me saudar caso escreva para os romanos"!
 
Ora, é claro que não! Se fosse assim, teríamos encontrado inúmeras “epístolas” bíblicas de apóstolo para apóstolo apenas avisando um ao outro que iria sair de viagem para tal e tal lugar.
 
No entanto, as cartas eram quase sempre direcionadas a comunidades locais para tratar de assuntos doutrinários e teológicos. Por mais que os apóstolos fossem amigos entre si, eles tinham um ministério missionário independente um do outro. Você não vê Paulo pedindo “permissão” a Pedro ou a qualquer outro para pregar o evangelho em algum lugar. Ao contrário, você vê Paulo dizendo:
 
“Mas Deus me separou desde o ventre materno e me chamou por sua graça. Quando lhe agradou revelar o seu Filho em mim para que eu o anunciasse entre os gentios, não consultei pessoa alguma.Tampouco subi a Jerusalém para ver os que já eram apóstolos antes de mim, mas de imediato parti para a Arábia, e tornei a voltar a Damasco” (Gálatas 1:15-17) 
 
Ou seja: quando Paulo partiu “de imediato” para a Arábia e depois para Damasco, ele não foi informar ou pedir permissão aos outros apóstolos, não subiu a Jerusalém para consultá-los, nem sequer foi vê-los! Então, fica óbvio que não existia uma regra na igreja primitiva que dizia que os apóstolos tinham que informar um ao outro quando fossem “sair de casa” e pregar o evangelho em outro lugar. Todos eram independentes, ninguém tinha uma “mãe” que tinha que tomar conhecimento de tudo e avisá-la antes de ir para algum lugar. 
 
Portanto, se Pedro foi mesmo sair de viagem temporariamente, ele certamente não teria antes escrito alguma carta enviada a Paulo apenas para notificá-lo disso. Ele simplesmente teria saído para pregar o evangelho e depois voltado. Provavelmente Paulo nem teria tomado conhecimento disso. Não há qualquer indício histórico de alguma carta trocada entre Pedro e Paulo para tratar de questões como essas. 
 
Logo, alegar que Pedro havia saído de viagem e que por conta disso Paulo não o saudou quando escreveu aos romanos, implica primeiramente em inferir de modo inteiramente arbitrário, empurrando uma afirmação sem sequer argumentar em favor dela, que é a presunção de que Paulo já saberia que Pedro não estava em Roma, o que não pode ser provado e ainda é bem improvável. E, mesmo que Paulo ficasse sabendo disso, não há nada que impedisse de Paulo escrever assim: 
 
“Saúdem a Pedro, o bispo dos bispos, quando ele voltar...”
 
Pronto, fim de discussão! Se Paulo soubesse que Pedro estava viajando e havia temporariamente deixado o território romano, ele poderia deixar saudações a ele da mesma forma, ou simplesmente deixado claro que era para saudá-lo quando ele voltasse. Porém, nem uma coisa nem outra aconteceram.  
 
E isso derruba essa tentativa de argumentação católica, que parte de um pressuposto arbitrário e especulativo, sem nenhuma evidência de que Pedro tivesse mesmo saído de viagem, para depois “concluir” algo mais absurdo ainda. Eles partem de uma premissa falha sem nenhuma prova ou uma única evidência em favor disso, e depois formulam em cima dessa especulação algo ainda mais infundamentado. Isso se chama “apologia católica”, amigos! 
 
Portanto, essa linha argumentativa não soluciona absolutamente nada; ao contrário: como vimos, só aumenta os problemas que eles têm pela frente!    
 
 
2. Paulo não saudou os romanos na carta aos romanos, mas mandou que eles saudassem os asiáticos. 
 
Essa segunda linha argumentativa, pelo menos se comprovada verdadeira, iria factualmente desmentir por completo as alegações protestantes, diferentemente da outra que não mudaria absolutamente nada de nada. Isso porque, se Paulo mandou que os romanos saudassem os asiáticos, então ele realmente não teria nenhuma obrigação de saudar Pedro, um romano. Mas será mesmo que Paulo enviou saudações aos asiáticos, e não aos romanos? 
 
Na verdade, este argumento é puramente apelativo e especulativo. Ele só foi criado para tentar desesperadamente resolver os inúmeros problemas que eles possuem quando se deparam com esta passagem. Se fosse em outra epístola qualquer, ninguém iria discutir o fato óbvio de que Paulo estava saudando as próprias pessoas da comunidade local a quem ele escrevia a carta.  
 
Porém, já que o episcopado de Pedro em Roma está sendo colocado em xeque-mate, eles tem que apelar para alguma coisa – por mais bizarra que seja, seja ela qual for! Então, eles se apegam a um único versículo para tentarem “provar” a tese deles. Trata-se deste aqui: 
 
“As igrejas da Ásia vos saúdam. Saúdam-vos afetuosamente no Senhor áqüila e Priscila, com a igreja que está em sua casa” (1 Coríntios 16:19) 
 
Paulo escreve dizendo que Áquila e Priscila tinham uma igreja na Ásia. Até aí, nada de mais. Mas eles juntam essa passagem com a saudação de Paulo aos romanos, onde ele diz: 
 
“Saudai a Priscila e a Áqüila, meus cooperadores em Cristo Jesus” (Romanos 16:3) 
 
Então, os “apologistas” católicos “ligam os pontos” e descobrem que Paulo mandou os romanos saudarem as igrejas da Ásia Menor, onde Áquila e Priscila estavam. Este é o método que eles chegam a essa brilhante “conclusão”. Porém, refutar isso é mamão com açúcar. Eles dizem que a Priscila e Áquila tinham uma igreja na Ásia. Porém, eles se esquecem de lerem o livro de Atos, onde Lucas escreve que Áquila e Priscila eram originalmente de Roma! 
 
“E, achando um certo judeu por nome Áqüila, natural do Ponto, que havia pouco tinha vindo da Itália, e Priscila, sua mulher (pois Cláudio tinha mandado que todos os judeus saíssem de Roma), ajuntou-se com eles” (Atos 18:2)
 
Notem que Áquila e Priscila eram da Igreja de Roma, na Itália. Eles só haviam saído de lá temporariamente, isso porque o imperador romano Cláudio havia mandado expulsar todos os judeus de Roma. Como Áquila e Priscila (assim como a maioria dos demais cristãos lá residentes) eram judeus, eles tiveram que sair de lá por força bruta e se estabeleceram em outro lugar, na Ásia, até que o decreto de Cláudio chegasse ao fim.  
 
Ora, o decreto de Cláudio durou de 41-54 d.C. Depois disso, os judeus estavam liberados para voltar lá, incluindo Áquila e Priscila. Paulo escreveu sua primeira epístola aos coríntios em Éfeso, onde ficou dois anos (At.18:11,18-23-19.1). Sendo que Paulo chegou em Éfeso em 54 d.C e ficou lá até 55 d.C, e a primeira epístola aos coríntios foi escrita ali, ela é datada nessa época entre 54-55 d.C. Ora, neste tempo o decreto de Cláudio não havia chegado ao fim, ou, se foi em 55 d.C, ele havia mal acabado de terminar.  
 
Neste período em que Paulo escreveu 1 Coríntios, Áquila e Priscila ainda estavam na Ásia Menor esperando o decreto acabar para poderem voltar à Roma, onde originalmente haviam se estabelecido. Mas quando Paulo escreveu aos romanos, em 58 d.C, o decreto de Cláudio já havia acabado e os judeus (incluindo os cristãos) já estavam liberados a voltar à Itália, incluindo Áquila e Priscila. 
 
Em outras palavras: Quando Paulo escreveu 1 Coríntios, Áquila e Priscila ainda estavam estabelecidos na Ásia por causa do decreto de Cláudio expulsando os judeus de Roma. Mas quando Paulo escreveu aos romanos, anos mais tarde, o decreto já havia chegado ao fim e Áquila e Priscila já puderam voltar pra casa. Foi por isso que Paulo enviou saudações a eles. Não por estarem ainda na Ásia Menor, mas porque já haviam voltado a Roma e poderiam receber as saudações de Paulo que escrevia aos romanos.  
 
Outro ponto muito curioso é o fato de que Paulo escreveu a sua epístola aos romanos em Corinto. Corinto era uma cidade que ficava na Grécia, localizada aproximadamente entre Roma e a Ásia, de acordo com o mapa geográfico da época. A cidade de Roma ficava a oeste de Corinto, enquanto que a Ásia ficava a leste de Corinto. Em outras palavras, Corinto ficava entre a Itália e a Ásia, como podemos ver pelo mapa bíblico do Novo Testamento: 
 
 
 
 
 
Paulo escrevia aos romanos em Corinto. Se ele realmente estivesse mandando os romanos enviarem saudações aos asiáticos, quando ele escreve “saúdem Áquila e Priscila” (a exemplo das demais saudações), ele estaria dizendo nada a mais nada a menos que aqueles romanos contornassem o mapa mundi da época, atravessassem a Macedônia, chegassem perto de Corinto (onde o próprio Paulo escrevia a carta!), e pegassem um navio direto para a Frígia, na Ásia! 
 
Será mesmo que o apóstolo Paulo seria tão maluco ao ponto de escrever uma carta aos romanos, e não saudar nenhum romano, ao contrário: mandar que estes saudassem os asiáticos, que viviam no outro lado do mundo da época, que saíssem do Ocidente para o Oriente, que contornassem a Macedônia, que pegassem o navio e entregassem as cartas de “saudações” a estes asiáticos?! 
 
Isso é completamente ridículo, mas é exatamente isso o que pretendem os “apologistas” católicos com estes argumentos fracassados. Eles dizem que Paulo não estava saudando os romanos, mas estava mandando os romanos saudarem os asiáticos (como se estes vivessem do lado de Roma!). Isso é um absurdo quando vemos que os asiáticos viviam no outro lado do mundo da época, e os romanos não poderiam dar conta de saudar cada uma das várias pessoas que Paulo escreveu na carta!  
 
Mesmo na suposição de que Áquila e Priscila continuassem na Ásia e que Paulo tenha escrito para os romanos saudarem eles, como é que os romanos iriam conseguir tal feito, visto que teriam que atravessar o mundo para atingirem tal feito? Para ter uma noção mais precisa das coisas, seria o mesmo que um europeu escrever uma carta para você aqui do Brasil, e além de não saudar nem você nem os demais brasileiros, ainda manda que os brasileiros enviem saudações aos chineses!  
 
Dá pra acreditar? Pois é, mas é isso aí o malabarismo que eles fazem para salvar a crença do episcopado de Pedro em Roma. Eles dizem que Pedro escreveu aos romanos, mas não saudou o seu bispo maior (Pedro), nem nenhum romano, mas mandou que os romanos saudassem cristãos que viviam no outro lado do mundo da época, sem nenhum tipo de tecnologia ou acessibilidade para isso! E depois querem que eu não caia nas gargalhadas com argumentos medíocres como esse, que até a Carla Perez inventa uma estorinha mais inteligente!  
 
E pior: Paulo escrevia em Corinto, que ficava mais próximo da Ásia Menor do que a distância que os romanos tinham em relação a eles. Como já foi demonstrado, Corinto ficava entre a Ásia e a Itália. Ficaria muito mais fácil e acessível, pela distância, que o próprio Paulo saudasse aqueles cristãos que viviam na Ásia do que dizer para os romanos rodarem o planeta para os saudarem! Por tudo isso e muito mais, os “argumentos” católicos não passam de uma piada digna de Stand Up, feita para enganar trouxas, ou eles mesmos.   
 
 
3. Paulo não precisava citar Pedro. Deixe Paulo ignorá-lo à vontade! 
 
Essa é a terceira e última tentativa frustrada e desesperada dos “apologistas” católicos em busca da tão sonhada “refutação” aos fatos incontestáveis demonstrados aqui. Parece que o próprio Rafael Rodrigues e seus comparsas percebem a fraqueza de suas manipulações criadas para enganar ignorantes, e então formulam uma espécie de “argumento final”, quando vissem que todos os outros argumentos fracassaram: basta dizer que Paulo não precisava ter citado Pedro e ponto final! 
 
Ora, esta última tentativa é tão frustrante que até o amigo que me enviou a carta ficou pasmado e ver tal atrocidade. Como é que Paulo iria se lembrar de saudar 27 pessoas, mas se esquecer bem exatamente do principal, do maioral, do bispos dos bispos, de Pedro?! Só mesmo no país das maravilhas de Alice que é capaz de um cidadão especular uma coisa dessas! É óbvio que Paulo não citou Pedro, não por ter se “esquecido” ou ter feito de “propósito”, mas simplesmente porque Pedro não era o bispo de Roma coisa nenhuma! 
 
Vejam quantas pessoas que Paulo se “lembra”, para depois se “esquecer” de Pedro: 
 
Pessoas lembradas  por Paulo aos romanos
Referência
Priscila
Romanos 16:3
Áquila
Romanos 16:3
Epêneto
Romanos 16:5
Maria
Romanos 16:6
Andrônico
Romanos 16:7
Júnias
Romanos 16:7
Ampliato
Romanos 16:8
Urbano
Romanos 16:9
Estáquis
Romanos 16:9
Apeles
Romanos 16:10
Aristóbulo
Romanos 16:10
Herodião
Romanos 16:11
Trifena
Romanos 16:12
Trifosa
Romanos 16:12
Pérside
Romanos 16:12
Rufo
Romanos 16:13
Mãe de Rufo
Romanos 16:13
Asíncrito
Romanos 16:14
Flegonte
Romanos 16:14
Hermes
Romanos 16:14
Pátrobas
Romanos 16:14
Hermas
Romanos 16:14
Filólogo
Romanos 16:15
Júlia
Romanos 16:15
Nereu
Romanos 16:15
Irmã de Nereu
Romanos 16:15
Olimpas
Romanos 16:15
 
 Em contrapartida, temos também este outro quadro interessante: 
 
Pessoas não  lembradas por Paulo e que a Igreja Católica diz que era bispo de lá
Referência
São Pedro, o papa
Em lugar nenhum
 
Em resumo, Paulo se lembra de mencionar 27 pessoas, a grande maioria das quais não se encontra em mais lugar nenhum da Bíblia, sendo simples anônimos, mas daquele que a Igreja Romana afirma que seria o mais importante, a pedra sobre a qual a Igreja estaria edificada, o príncipe dos apóstolos, o bispo dos bispos, o chefe dos apóstolos, o bispo universal, o papa, o ban ban ban, etc, etc, etc, que é Pedro... absolutamente nada!!!
 
E ainda dizem que não precisaria ser mencionado! Ora, eu creio que essa tentativa consegue ser ainda mais pífia do que a estória dos asiáticos. Isso evidentemente constitui-se em uma prova conclusiva de que Pedro não exercia qualquer ministério em Roma. Embora a Igreja Romana alegue tal fato para si mesma, e alguns dos servos do papa balancem a cabeça dizendo que sim (e para isso inventam os maiores malabarismos históricos se for necessário), o fato indiscutível é que Pedro não era bispo de Roma! 
 
Além disso, vale ressaltar também o fato de que não foi somente nessa epístola que Paulo “se esqueceu” de mencionar Pedro. Talvez Paulo tenha sido impulsionado por uma forte amnésia instantânea, abduzido por extraterrestres e de repente tenha se desligado do fato de que havia um “papa” ali em Roma (dotado com poderes sobrenaturais dignos de filme de ficção científica, tais como a infalibilidade, uau!), mas ele poderia se “lembrar” depois. Quando seria este “depois”? Bem, talvez poderia ser quando Paulo escrevia direto de Roma, citando os seus cooperadores ali naquela cidade. Porém, mais uma vez Paulo se esquece de Pedro, quando diz: 
 
“Procure vir logo ao meu encontro, pois Demas, amando este mundo, abandonou-me e foi para Tessalônica. Crescente foi para a Galácia, e Tito, para a Dalmácia. Só Lucas[1] está comigo. Traga Marcos com você, porque ele me é útil para o ministério. Enviei Tíquico a Éfeso (...) Procure vir antes do inverno. Êubulo[2], Prudente[3], Lino[4], Cláudia[5] e todos os irmãos enviam-lhe saudações. O Senhor seja com o seu espírito. A graça seja com vocês” (2 Timóteo 4:9-12, 21,22) 
 
Nessa última carta de Paulo escrita em Roma, já na sua segunda prisão (67 – 68 d.C), Paulo cita cinco nomes de pessoas que estavam com ele, mas não cita Pedro em momento nenhum. Pelo contrário: dos cinco, apenas um deles estava mais próximo dele, que era Lucas. Algum católico poderia alegar que Pedro estava antes, mas de repente saiu “de viagem” (sim, é a mesma desculpinha esfarrapada que já deram sobre a epístola aos romanos, como vimos acima).  
 
Mas aqui essa desculpa também não vale, pois Paulo também cita nominalmente aqueles que o abandonaram ou que saíram de viagem, e também não menciona Pedro em momento nenhum! Ele cita Demas, Crescente e Tito, mas Pedro é novamente omitido. Em outras palavras, Pedro nem estava em Roma, nem havia saído de lá para “viajar”!
 
E, como se não bastasse isso, Paulo também escreve outra epístola de Roma e novamente deixa Pedro de fora dos mencionados: 
 
Tíquico[1] lhes informará todas as coisas a meu respeito. Ele é um irmão amado, ministro fiel e cooperador no serviço do Senhor. Eu o envio a vocês precisamente com o propósito de que saibam de tudo o que se passa conosco, e para que ele fortaleça os seus corações. Ele irá com Onésimo[2], fiel e amado irmão, que é um de vocês. Eles irão contar-lhes tudo o que está acontecendo aqui. Aristarco[3], meu companheiro de prisão, envia-lhes saudações, bem como Marcos[4], primo de Barnabé. Vocês receberam instruções a respeito de Marcos, e se ele for visitá-los, recebam-no. Jesus, chamado Justo[5], também envia saudações. Estes são os únicos da circuncisão que são meus cooperadores em favor do Reino de Deus. Eles têm sido uma fonte de ânimo para mim. Epafras[6], que é um de vocês e servo de Cristo Jesus, envia saudações. Ele está sempre batalhando por vocês em oração, para que, como pessoas maduras e plenamente convictas, continuem firmes em toda a vontade de Deus. Dele dou testemunho de que se esforça muito por vocês e pelos que estão em Laodicéia e em Hierápolis. Lucas[7], o médico amado, e Demas[8], enviam saudações” (Colocensses 4:7-14) 
 
Paulo não cita Pedro como estando com ele em Roma, e ainda por cima diz também que Tíquico, Onésimo, Aristarco, Marcos e Jesus chamado Justo eram os únicos da circuncisão que estavam com Paulo em Roma. Aqui nem mesmo dá para dizer que é um “argumento do silêncio”, pois o mesmo apóstolo Paulo declara sobre Pedro que este era um apóstolo da circuncisão: 
 
“Pois Deus, que operou por meio de Pedro como apóstolo aos circuncisos, também operou por meu intermédio para com os gentios. Reconhecendo a graça que me fora concedida, Tiago, Pedro e João, tidos como colunas, estenderam a mão direita a mim e a Barnabé em sinal de comunhão. Eles concordaram em que devíamos nos dirigir aos gentios, e eles, aos circuncisos(Gálatas 2:8,9) 
 
Notem que Pedro era considerado um “apóstolo da circuncisão” pelo próprio Paulo, mas este mesmo Paulo escreve dizendo que, em Roma, havia somente cinco da circuncisão junto com ele, e não menciona Pedro! E, para piorar, ele afirma que aqueles cinco eram os únicos da circuncisão, o que demonstra de modo inequívoco que não havia ninguém mais além daqueles citados. Portanto, Pedro é simplesmente excluído porque de fato não era bispo dos romanos coisa nenhuma. 
 
 
-Considerações Finais
 
Embora não fosse nem um pouco necessário eu perder meu tempo para refutar argumentos tão infantis e amadores, formulados por jovens “apologistas” inexperientes, que por sua vez copiaram as fábulas de outros “apologistas” amadores, e assim por diante... tive que dedicar um artigo mais elaborado sobre esta tese católica, pois já cansei de ler mensagens vindas de católicos que propagam essas mesmas lendas e outras ainda mais ridículas do que essas – até onde vai a imaginação humana.
 
Tenho que confessar que eu fico impressionado em ver até onde vão os limites da imaginação humana. Alguns apologistas católicos são sérios candidatos a substituírem Steven Spielberg na ficção científica, embora Spielberg tenha ideias mais reais. De qualquer forma, está aí um bom manual sobre como refutar um católico quando você passar para ele os fatos acima, de que Paulo nunca se lembrava de citar Pedro nem de saudá-lo, seja quando escrevia de Roma ou quando era para os romanos. 
 
E, se alguém tiver conhecimento de alguma outra objeção, ainda que seja mais alucinante ainda que essas acima, por favor, escreva-me! Isso irá me divertir e ainda poderá render um bom artigo.  
 
Paz a todos vocês que estão em Cristo.
 

 

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Por: Lucas Banzoli.
 
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