DEVEMOS GUARDAR O SÁBADO?
Uma questão muito discutida dentro do meio cristão é com relação a guarda de determinados dias da semana, os quais não se pode realizar nenhum tipo de trabalho, é um dia de descanso. É o caso do Sábado, em algumas Igrejas, e do Domingo, em outras. A guarda obrigatória do Sábado era uma ordenança válida apenas para o povo de Israel, como um cerimonial da sua saída do Egito (veja Êxodo 31:12-17). Além disso, a guarda do Sábado é ordenança da Lei Mosaica, que já foi abolida (cumprida) em Cristo Jesus, dando assim início a NOVA ALIANÇA, que dá fim as ordenanças cerimoniais:
Romanos 6:14 – “Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça”
Romanos 10:4 – “Porque Cristo é o fim da lei para a justificação de todo aquele que crê”
Gálatas 5:18 – “Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei”
Hebreus 8:8 – “Porque, repreendendo-os, lhes diz: Eis que virão dias, diz o Senhor, Em que com a casa de Israel e com a casa de Judá estabelecerei uma Nova Aliança... Dizendo Nova aliança, envelheceu a primeira. Ora, o que foi tornado velho, e se envelhece, perto está de acabar”
Romanos 7:4 – “Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a lei pelo corpo de Cristo, para que sejais de outro, daquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que demos fruto para Deus”
Efésios 2:14,15 - "Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um; e, tendo derrubado a parede da separação que estava no meio, a inimizade, aboliu na sua carne a lei dos mandamentos na forma de ordenanças, para que dos dois criasse em si mesmo um novo homem, fazendo a paz"
2 Coríntios 3:6 - "O qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica”
Não estamos mais debaixo da lei, mas sim debaixo da graça, debaixo de uma NOVA ALIANÇA que Cristo fez conosco, não pela letra, mas pelo Espírito, “envelhecendo a primeira”. A Lei Moral, contudo, continua vigorando até hoje (como por exemplo amar ao próximo, honrar pai e mãe, não cobiçar, não matar, etc). Os sabatistas usam como argumento a fim de sustentar a guarda obrigatória do Sábado dizendo que esta é uma “Lei Moral” e, por isso, não foi abolida. Será mesmo? Isso é o que veremos a seguir:
SÁBADO: LEI MORAL OU CERIMONIAL?
A seguir doze razões pelas quais a guarda do Sábado é uma ordenança cerimonial, e não moral:
1.Seria a guarda do sábado um preceito moral quando o próprio Deus declarou ser a sua guarda abominável aos seus olhos?
Isaias ,1.13 - “Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação e as luas novas, e os sábados, e a convocação das assembléias; não posso suportar iniquidade, nem mesmo a reunião solene.”
2. Seria a guarda do sábado um preceito moral quando a sua guarda ficava subordinada à circuncisão? A lei de Moisés estabelecia que a circuncisão ocorresse no oitavo dia do nascimento da criança do sexo masculino (Lv 12.3). Se esse oitavo dia caísse num sábado, o sábado podia ser violado, para que a circuncisão fosse realizada. Como podia um preceito moral, segundo os sabatistas, ficar subordinado a um preceito cerimonial ou ritual?
João 7.22-23 - “Pelo motivo de que Moisés vos deu a circuncisão (não que fosse de Moisés, mas dos pais), no sábado circuncidais um homem. Se o homem recebe a circuncisão no sábado, para que a lei de Moisés não seja quebrantada, indignais-vos contra mim, porque no sábado curei de todo um homem?”
3. Seria a guarda do sábado um preceito moral considerando que os sacerdotes no templo violavam o sábado para celebrar holocaustos e sacrifícios exigidos pela lei, ficando sem culpa?
Mateus 12.5 - “Ou não tendes lido na lei que, aos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado, e ficam sem culpa?”
4. Seria a guarda do sábado um preceito moral quando sua guarda era comparada à violação de um preceito ritual como o caso de Davi que comeu os pães da proposição reservados exclusivamente aos sacerdotes?
Mateus 12.4-5 - “Não tendes lido o que fez Davi, quando teve fome, ele os que com ele estavam? Como entrou na casa de Deus, e comeu os pães da proposição, que não lhe era lícito comer, nem aos que com ele estavam, mas só aos sacerdotes.”
5. Seria a guarda do sábado um preceito moral quando os judeus, para quem o sábado foi dado, não retrucaram a Jesus quando estabeleceu o paralelo entre a acusação dos judeus de que os discípulos de Jesus estavam colhendo espigas e comendo-as o que, segundo eles, não era lícito fazer no sábado, com o exemplo de Davi que comeu os pães da proposição? Poderia um preceito moral ficar subordinado a um preceito cerimonial ou ritual (comer os pães da proposição)?
Mateus 12.1-3 - “Naquele tempo passou Jesus pelas searas, em um Sábado; e os seus discípulos, tendo fome, começaram a colher espigas, e a comer. E os fariseus, vendo disseram-lhe: Eis que os teus discípulos fazem o que não é lícito fazer num sábado”?
6. Seria a guarda do sábado um preceito moral considerando que Jesus curou o paralítico postado à beira do tanque de Betesda e ordenou que ele carregasse a sua cama num dia de sábado?
João 5.8-11 - “Jesus disse-lhe: Levanta-te, toma o teu leito, e anda. Logo aquele homem ficou são; e tomou o seu leito, e andava. E aquele dia era sábado. Então os judeus disseram àquele que tinha sido curado: É sábado, não te é lícito levar o leito. Ele respondeu-lhes: Aquele que me curou, ele próprio disse: Toma o teu leito, e anda.”
7. Seria a guarda do sábado um preceito moral quando Paulo compara a guarda do sábado como algo que poderia invalidar o seu trabalho em favor dos gálatas?
Gálatas 4.9-11 - “Mas agora, conhecendo a Deus, ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir? Guardais dias, e meses, e tempos, e anos. Receio de vós, que não haja trabalhado em vão para convosco.”
8. Seria a guarda do sábado um preceito moral considerando que Paulo anunciou todo o conselho de Deus e não deixou nada do que fosse útil ensinar aos cristãos e nunca mandou guardar o sábado?
Atos 20:20-27 - “Como nada, que útil seja, deixei de vos anunciar, e ensinar publicamente e pelas casas.” “Porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus.”
9. Seria a guarda do sábado um preceito moral quando Paulo afirma que não faz diferença se alguém guarda um dia e se outro guarda outro pois tudo isso é coisa indiferente?
Romanos 14:5,6 - “Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente. Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz e o que não faz caso do dia para o Senhor o não faz.”
10. Seria a guarda do sábado um preceito moral considerando que Paulo declarou que as coisas passageiras da lei, como a guarda do sábado semanal, deveriam ser abandonadas pelos cristãos?
Colocenses 2:14-17 - “Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós cravando-a na cruz. Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados. Que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo.”
11. Seria a guarda do sábado um preceito moral considerando que em razão da desobediência Deus, ele anuncia a fim de todos os sábados prescritos na lei, inclusive o sábado semanal?
Oséias 2.11 - “E farei cessar todo o seu gozo, as suas festas, as suas luas novas, e os seus sábados, e todas as suas festividades.”
12. Seria a guarda do sábado um preceito moral considerando que Deus poria em esquecimento a guarda desse dia – o sábado semanal – em decorrência da desobediência do povo de Israel? Um preceito moral poderia ser posto em esquecimento?
Lamentações 2.6 - “E arrancou o seu tabernáculo com violência, como se fosse a de uma horta; destruiu o lugar da sua congregação; o SENHOR, em Sião, pôs em esquecimento a festa solene e o sábado...”
A vista de tudo isso, a guarda do Sábado é um preceito cerimonial (abolido) ou moral (que vale até hoje)? A resposta óbvio que fica é que é um preceito CERIMONIAL, abolido com a morte de Cristo, colocando em vigor a Nova Aliança, onde o Sábado não entra:
Mandamento |
Antigo Testamento |
Novo Testamento |
1.º |
Êxodo 20:2-3 |
I Coríntios 8:4-6;Atos 17:23-31 |
2.º |
Êxodo 20:5,6 |
I João 5:21 |
3.º |
Êxodo 20:7 |
Tiago 5:12 |
4.º |
Êxodo 20:8-11 |
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5.º |
Êxodo 20:12 |
Efésios 6:1-3 |
6.º |
Êxodo 20:13 |
Romanos 13:9 |
7.º |
Êxodo 20:14 |
I Coríntios 6:9-10 |
8.º |
Êxodo 20:15 |
Efésios 4:28 |
9.º |
Êxodo 20:16 |
Colossenses 3:9;Tiago 4:11 |
10.º |
Êxodo 20:17 |
Efésios 5:3 |
COLOCENSSES 2:16 – O FIM DO SÁBADO
“Ninguém, pois, vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa de dias de festa, ou de lua nova, ou de sábados, que são sombras das coisas vindouras; mas o corpo é de Cristo” (Cl.2:16,17)
Para fugir à evidência de Cl.2:16-17, onde Paulo se refere ao Sábado semanal como integrante das coisas passageiras da Lei que terminaram com a morte de Cristo na cruz, os sabatistas costumam argumentar que a palavra “Sábado” não se refere ao sábado semanal, mas aos anuais ou cerimoniais de Lv.23. O que não é verdade, pois os sábados anuais ou cerimoniais já estão incluídos na expressão “dias de festa”. Esta indicação mostra positivamente que a palavra SABBATON, como é usada em Cl.2:16, não pode se referir aos sábados festivos, anuais ou cerimoniais.
Comparando com Oséias 2:11:
“E farei cessar todo seu gozo, as suas festas [cada ano], as suas luas novas [cada mês], e os seus sábados [cada semana], e todas as suas festividades”
Agora, retornemos a Colossenses 2:14-17: “Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós cravando-a na cruz. E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo. Portanto ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa [cada ano], ou da lua nova [cada mês], ou dos sábados [cada semana], que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo.”
POR QUE O DOMINGO?
Ok. O Sábado foi abolido como ordenança cerimonial na qual não se pode realizar trabalho algum. Mas por que razão a maioria dos cultos em Igrejas Evangélicas são realizados no domingo?
Porque a Bíblia nos mostra que os primeiros cristãos, da Igreja Primitiva, tinham o domingo como dia de culto:
“E, depois dos dias dos pães ázimos, navegamos de Filipos, e em cinco dias fomos ter com eles a Trôade, onde estivemos sete dias. E no primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos para partir o pão, Paulo, que havia de partir no dia seguinte, falava com eles; e prolongou a prática até à meia-noite.” (Atos 20:6-7)
“Ora, quanto à coleta que se faz para os santos, fazei vós também o mesmo que ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que não se façam as coletas quando eu chegar.” (1 Coríntios 16:1-2)
Também a ressurreição de Jesus e o dia de Pentecostes aconteceram em um domingo, e não em um sábado.
Vale ressaltar que domingo é o dia de culto, e não de guarda. Com o fim da lei cerimonial, a observância obrigatória de qualquer dia é abolida, e qualquer pessoa que guarda algum dia se faz em vão, pois Cristo nos libertou da observância de certos dias como parte da escravidão da lei. É por isso que Paulo escreve aos Gálatas:
Gálatas 4
1 Ora, digo que por todo o tempo em que o herdeiro é menino, em nada difere de um servo, ainda que seja senhor de tudo;
2 mas está debaixo de tutores e curadores até o tempo determinado pelo pai.
3 Assim também nós, quando éramos meninos, estávamos reduzidos à servidão debaixo dos rudimentos do mundo;
4 mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo de lei,
5 para resgatar os que estavam debaixo de lei, a fim de recebermos a adoção de filhos.
6 E, porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai.
7 Portanto já não és mais servo, mas filho; e se és filho, és também herdeiro por Deus.
8 Outrora, quando não conhecíeis a Deus, servíeis aos que por natureza não são deuses;
9 agora, porém, que já conheceis a Deus, ou, melhor, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir?
10 Guardais dias, e meses, e tempos, e anos.
11 Temo a vosso respeito não haja eu trabalhado em vão entre vós.
Guardar dias, meses, tempos ou anos, seja eles quais forem, é voltar a servidão debaixo dos rudimentos do mundo (v.3), mas com Cristo Jesus não estamos mais debaixo do jugo da lei, e não precisamos mais voltar outra vez aos rudimentos fracos e pobres (v.9), entre os quais estão a guarda de dias, meses, tempos ou anos (v.10). Cristo nos fez livres desta obrigação, de modo que agora nós não somos mais servos, mas herdeiros de Deus (v.7), e Paulo diz que se os gálatas guardam algum dia, o seu trabalho havia sido em vão (v.11)!
O Sábado foi ABOLIDO, e não transferido para o domingo! Também na epístola de Paulo aos Romanos, ele escreve:
“Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente. Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz e o que não faz caso do dia para o Senhor o não faz.” (Romanos 14:5,6)
Paulo afirma que não faz diferença se alguém guarda um dia e se outro guarda outro pois tudo isso é coisa indiferente. Ninguém é proibido de guardar algum dia, embora Paulo deixe claro que isso seja totalmente desnecessário a luz da Nova Aliança (Gl.4:10,11; Cl.2:16; Rm.14:5,6), mas ninguém também é obrigado, de maneira nenhuma, a observar qualquer dia que seja. “Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente”!
Devemos nos apresentar ao Senhor como “sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o culto racional” (Rm.12:1), e não a observância obrigatória de algum dia em que não podemos realizar trabalho algum.
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Por: Lucas Banzoli.
Material de Apoio: http://www.cacp.org.br/debates/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=1067&menu=15&submenu=1
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