Eu vou tentar ao máximo resumir aqui mais de 1.200 páginas escritas em meus três livros sobre o tema (sem contar o que já escrevi em artigos, cartas-resposta, debates, etc). Se o leitor quiser uma abordagem mais completa, basta baixar o e-book dos livros ou comprar a versão impressa dos mesmos (clique aqui para mais informações). O material que será aqui exposto é um resumão dos livros "A Lenda da Imortalidade da Alma", "A Verdade sobre o Inferno" e "Os Pais da Igreja contra a Imortalidade da Alma". No entanto, para não deixar o artigo demasiadamente longo, preferi deixar de fora a parte que trata sobre a duração do inferno e expor somente o conteúdo relativo ao estado intermediário, e nos próximos dias publico um novo artigo tratando apenas do inferno.
• Possuímos uma alma?
Todo o paganismo (espiritismo, religiões afro, hinduísmo, catolicismo romano, etc) está fundamentado na tese de que o ser humano possui dentro de si um elemento imaterial e imortal chamado de “alma”. Essa tal alma funcionaria como um fantasminha dentro do indivíduo, saindo do corpo na morte, tal como nos filmes de Hollywood e nos livros de Alan Kardec. No entanto, biblicamente a alma não tem nada a ver com isso. No relato da criação da natureza humana, que é o que melhor e mais claramente expressa o sentido primário de cada elemento, vemos que o homem “tornou-se” uma alma, e não que ele “obteve” uma:
“E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem tornou-se alma vivente” (Gênesis 2:7)
O homem, portanto, não “tem” uma alma dentro de si; ao contrário, ele é uma alma! A “alma” é o que o homem se tornou após Deus ter soprado em nós o fôlego da vida (espírito); logo, ela é o ser humano por completo, ou seja, um corpo animado pelo espírito (fôlego de vida). Um corpo sem espírito está morto (Tg.2:26), porque o espírito é o que anima o corpo, ou seja, o que o mantém vivo. Enquanto o espírito está no corpo, há sangue correndo pelas veias, um coração batendo, um cérebro funcionando... ou seja: você é uma “alma vivente”.
Na morte, este fôlego de vida volta para Deus, que o deu (Ec.12:7), e o corpo sem a animação do espírito torna-se como qualquer objeto inanimado e sem vida. Por isso é dito que o ser humano veio do pó, e ao pó voltará (Gn.3:19). Quando o espírito volta a Deus, o corpo perde seu princípio ativo e nos tornamos almas mortas, em vez de “alma vivente”. É por isso que a Bíblia fala mais de cem vezes explicitamente na morte da alma (veja aqui e aqui). Podemos exemplificar a função do corpo, do espírito e da alma da seguinte maneira:
LÂMPADA + ELETRICIDADE = LUZ
LÂMPADA – ELETRICIDADE = SEM LUZ
OXIGÊNIO + HIDROGÊNIO = ÁGUA
OXIGÊNIO – HIDROGÊNIO = SEM ÁGUA
PÓ DA TERRA + FÔLEGO DA VIDA = ALMA VIVENTE
PÓ DA TERRA – FÔLEGO DA VIDA = ALMA MORTA
A lâmpada é como o corpo e o fôlego de vida é como a eletricidade. Enquanto há eletricidade na lâmpada, há luz. Mas se desligarmos o interruptor e a eletricidade deixar de circular na lâmpada, não há mais luz. Ela não vai para uma outra dimensão, simplesmente cessa de existir, acaba. Da mesma forma, a água é a combinação de oxigênio e hidrogênio. Se você tiver os dois, há água, mas apenas um dos dois (isoladamente) não é água. Também não há alma “vivente” sem a junção do corpo com o fôlego de vida. Quando o fôlego deixa o corpo, a alma vivente passa a ser uma alma morta – o que explica as centenas de passagens bíblicas que falam explicitamente na morte da alma.
• Qual o estado atual dos mortos?
Indiscutivelmente, um estado sem vida, sem existência, sem consciência, sem atividade. É a visão realista bíblica que muitos tentam negar com malabarismos eisegéticos dos mais variados tipos.
Salomão escreveu:
“Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, para eles não há mais recompensa, mas a sua memória fica entregue ao esquecimento. Também o seu amor, o seu ódio, e a sua inveja já pereceram, e já não têm parte alguma para sempre, em coisa alguma do que se faz debaixo do sol” (Eclesiastes 9:5-6)
Claro, vamos falar que Salomão dizia apenas que os mortos não sabem de nada do que ocorre “debaixo do sol”, mas que o que ele estava querendo dizer na verdade era que os mortos sabiam tudo do que ocorre “no lado de lá”. O problema é que poucos versos adiante ele fala do “além” (no hebraico, “Sheol”), e diz que ali também não há obra, nem projetos, nem conhecimento e nem sabedoria nenhuma!
“Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque no além, para onde vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma” (Eclesiastes 9:10)
Então no “além” também não há nada, exceto um estado de completa inconsciência e inatividade. Fica ainda mais duro salvar a consciência pós-morte à luz de um texto em que o autor diz ainda que homens e animais possuem o mesmo espírito (ruach, no hebraico), e que por essa mesma razão o destino de ambos era o mesmo na morte:
“Porque o que sucede aos filhos dos homens, isso mesmo também sucede aos animais, e lhes sucede a mesma coisa; como morre um, assim morre o outro; e todos têm o mesmo espírito, e a vantagem dos homens sobre os animais não é nenhuma, porque todos são vaidade. Todos vão para o mesmo lugar; todos foram feitos do pó, e todos voltarão ao pó” (Eclesiastes 3:19-20)
A diferença é que para os homens ainda há a ressurreição na volta de Jesus, fazendo da morte um fim temporário, enquanto para os animais a morte é um fim permanente. É por isso que a ressurreição é um tema tão recorrente – especialmente no Novo Testamento, quando a realidade da nossa ressurreição passou a estar garantida pela ressurreição de Cristo (1Co.15:20).
Quando o espírito se vai, o que ocorre com os pensamentos, que os imortalistas garantem que é função da alma? Continuam subsistindo em outro mundo? Não para o salmista, pelo menos. Para ele, na morte os pensamentos perecem:
“Quando o espírito deles se vai, eles voltam ao pó, e naquele dia perecem os seus pensamentos” (Salmos 146:4)
E os mortos, louvam a Deus? Isso responde:
“Pois não pode louvar-te o Sheol, nem a morte cantar-te os louvores; os que descem para a cova não podem esperar na tua fidelidade. Os vivos, somente os vivos, esses te louvam como hoje eu o faço; o pai fará notória aos filhos a tua fidelidade” (Isaías 38:18-19)
“Os mortos não louvam o Senhor, nem os que descem à região do silêncio” (Salmos 115:17)
Se os mortos estivessem conscientes, a primeira pessoa que eles se lembrariam seria de Deus. No entanto...
“Na morte não há lembrança de ti. E no Sheol, quem te louvará?” (Salmos 6:5)
E a alma que está próxima do momento da morte? Ela está para partir para um outro mundo no além, ou simplesmente para a cova? Vejamos...
“Sua alma aproxima-se da cova, e sua vida, dos mensageiros da morte” (Jó 33:22)
“Ele resgatou a minha alma, impedindo-a de descer para a cova, e viverei para desfrutar a luz” (Jó 33:28)
“Foi para minha paz que tive eu grande amargura; tu, porém, amaste a minha alma e a livraste da cova da corrupção, porque lançaste para trás de ti todos os meus pecados” (Isaías 38:17)
O que habitaria no “lugar do silêncio” após a morte é o somente o corpo ou também a alma?
“Se o Senhor não fora em meu auxílio, já a minha alma habitaria no lugar do silêncio” (Salmos 94:17)
Por que o salmista não disse que a alma estaria no lugar de altos louvores no Paraíso, ou de sofrimento e gritarias do inferno? Porque é óbvio que para ele o destino da alma na morte era o mesmo do corpo: a sepultura, lugar de silêncio.
E Davi, está no Céu?
“Porque Davi não subiu aos céus, mas ele mesmo declara: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita” (Atos 2:34)
Certo. Mas e os heróis da fé?
“Ora, todos estes que obtiveram bom testemunho por sua fé não obtiveram, contudo, a concretização da promessa, por haver Deus provido coisa superior a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados” (Hebreus 11:39-40)
Qual era essa promessa, que os heróis da fé ainda não obtiveram, mas somente a terão em conjunto com os vivos na volta de Jesus?
“Todos estes ainda viveram pela fé, e morreram sem receber o que tinha sido prometido; viram-nas de longe e de longe as saudaram, reconhecendo que eram estrangeiros e peregrinos na terra. Os que assim falam mostram que estão buscando uma pátria. Se estivessem pensando naquela de onde saíram, teriam oportunidade de voltar. Em vez disso, esperavam eles uma pátria melhor, isto é, a pátria celestial. Por essa razão Deus não se envergonha de ser chamado o Deus deles, pois preparou-lhes uma cidade” (Hebreus 11:13-16)
Estão “buscando” a pátria celestial, ou já estão nela?
“...os que assim falam mostram que estão buscando uma pátria” (v. 14)
Afinal, se já estivessem na pátria celestial, o verso 16 não diria que Deus lhes “preparou” uma cidade, mas sim que eles já tomaram posse dela. No entanto, a cidade ainda está “preparada” para o dia em que os que morreram a possuirão. Quando isto se dará? Jesus responde:
“Quando o Filho do Homem vier em sua glória, com todos os anjos, assentar-se-á em seu trono na glória celestial. Todas as nações serão reunidas diante dele, e ele separará umas das outras como o pastor separa as ovelhas dos bodes. E colocará as ovelhas à sua direita e os bodes à sua esquerda. Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Venham, benditos de meu Pai! Recebam como herança o Reino que lhes foi preparado desde a criação do mundo” (Mateus 25:31-34)
E de novo:
“Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também” (João 14:2-3)
As moradas estão “preparadas”, mas só serão ocupadas pelos discípulos quando Jesus voltar para nos levar para junto dele. E – veja só que coincidência – este é exatamente o mesmo momento da ressurreição dos mortos:
“Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança. Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com ele. Dizemo-vos, pois, isto, pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras” (1ª Tessalonicenses 4:13-18)
Note ainda que o apóstolo não consola os tessalonicenses (que tinham entes falecidos) com a mensagem de que eles “já estão na glória”. Ao contrário, como todo e qualquer bom holista, ele os consola unicamente com a esperança da ressurreição. A própria mensagem sobre nós “não precederemos os que dormem” (v.15) não tem sentido nenhum se eles já estão no Céu. Neste caso, não haveria o temor de que nós (os vivos) entrássemos por primeiro (sem eles), pois todo mundo já saberia que os mortos já estariam lá, há muito mais tempo, nos esperando. Este temor não teria absolutamente nenhum sentido de ser caso os tessalonicenses (e Paulo) cressem na imortalidade da alma. Paulo teria simplesmente respondido que os mortos já estão com Cristo, e assim dissipado qualquer dúvida.
• O que ocorreria com os mortos, se não houvesse ressurreição?
Para os imortalistas, a alma de quem já morreu já se encontra no Céu e ficaria lá para sempre se não existisse ressurreição. Mas como há ressurreição, então na volta de Jesus ela precisa deixar o Céu, se religar novamente ao corpo e então retornar ao Céu, desta vez novamente dentro de um corpo. Nem perderei tempo dizendo que essa fabulosa religação de corpo e alma não aparece em parte nenhuma da Bíblia, e que é totalmente ilógico ressuscitar alguém que já está no Céu. Isso é óbvio. Mas o problema é bem maior que esse, pois para Paulo a ressurreição não era um mero detalhe, mas o centro da coisa. Sem a realidade da ressurreição, não haveria vida póstuma, não haveria eternidade na glória, não haveria literalmente nada!
Se essa ressurreição não existisse, ficaríamos no estado de morte (sem vida) por todo o sempre, e é por isso que Paulo disse:
“Se os mortos não ressuscitam, ‘comamos e bebamos, porque amanhã morreremos’” (1ª Coríntios 15:32)
Por que ele sugere levar uma vida hedonista, “comer, beber e depois morrer”, se não houvesse ressurreição? Porque sem ressurreição não haveria nada após a morte. Não existiria vida póstuma (1Co.15:18-19), e consequentemente qualquer coisa que fizéssemos em vida seria irracional, sem sentido objetivo. Paulo jamais teria dito isso caso ele pensasse que sem a ressurreição nós estaríamos vivos para sempre do mesmo jeito no Céu, só que desencarnados, em forma de alma incorpórea e imortal.
É óbvio que, para Paulo, a esperança de obter uma vida póstuma no futuro se dava na ressurreição. Se ela existe, vale a pena viver intensamente na terra e lutar pela fé. Mas, se ela não existe, então “comamos e bebamos, porque amanhã morreremos”. A esperança quanto à realidade de uma vida póstuma não consiste na suposta possessão de uma alma imortal dentro do corpo, mas em ressuscitar dos mortos no último dia (Rm.8:23-24; At.26:6-8; 24:15; 23:6).
Na concepção de Paulo, o sistema era o seguinte:
É por isso que se você tira o terceiro quadro (a ressurreição) o que ocorreria seria a perpetuação do segundo (estado pós-morte). Como Paulo entendia que este estado entre a morte e a ressurreição era um estado sem vida consciente, então a perpetuação deste estado significaria a cessação de existência para sempre, e neste caso “os que dormiram em Cristo já pereceram” (1Co.15:18), e ele teria lutado com “feras” em Éfeso à toa, sem razão (1Co.15:32).
Em meu artigo "Imortalidade da Alma ou Ressurreição dos Mortos?" eu desenvolvo este pensamento em torno da lógica de Paulo em 1ª Coríntios 15, resumida na tabela abaixo:
O QUE ACONTECERIA CASO A RESSURREIÇÃO NÃO EXISTISSE
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PARA OS IMORTALISTAS
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PARA O APÓSTOLO PAULO
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Os mortos ficariam desencarnados para sempre
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Os que dormiram em Cristo já pereceram – 1Co.15:18
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Existiria uma vida póstuma em forma de “espírito incorpóreo”
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A nossa esperança se limitaria apenas a esta presente vida – 1Co.15:19
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Deveríamos dar o máximo pela nossa salvação pois as nossas almas ficariam para sempre no Céu do mesmo jeito
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O melhor a fazer seria viver a vida hedonisticamente, “comamos e bebamos, para que amanhã morramos” – 1Co.15:32
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Valeria a pena ficar em perigo pois as nossas almas ficariam para sempre no Céu do mesmo jeito, embora sem um corpo físico
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Estaríamos correndo perigo totalmente à toa – 1Co.15:30
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Na ressurreição a alma imortal se religa ao corpo morto
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Pessoas são mortas, pessoas são vivificadas na volta de Cristo – 1Co.15:22,23
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A morte é vencida quando a alma imortal vence a morte sendo liberta da prisão do corpo
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A morte só é vencida por ocasião da ressurreição dos mortos – 1Co.15:55
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Nós já detemos a imortalidade na forma de uma alma imortal implantada em nosso ser
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A imortalidade é uma possessão futura, a qual só alcançaremos com a ressurreição dos mortos – 1Co.15:51-54
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• Quando possuiremos a imortalidade?
Para os imortalistas, nós já somos possuidores da imortalidade no presente momento, na forma de uma alma imortal supostamente implantada dentro do nosso corpo. No entanto, a Bíblia é explícita ao dizer que só Deus possui a imortalidade:
“O único que possui, ele só, a imortalidade; que habita em luz inacessível, a quem homem algum jamais viu, nem é capaz de ver. A ele honra e poder eterno. Amém” (1ª Timóteo 6:16)
A imortalidade só será possuída pelos justos quando ressuscitarmos dentre os mortos, na volta de Jesus:
“Eis que eu lhes digo um mistério: nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta. Pois a trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados. Pois é necessário que isto que é corruptível se revista de incorruptibilidade, e isto que é mortal, se revista de imortalidade. Quando, porém, o que é corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal, de imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: ‘A morte foi destruída pela vitória’” (1ª Coríntios 15:51-54)
É justamente por não possuirmos a imortalidade no presente momento que nós precisamos buscar a imortalidade, e ninguém “busca” alguma coisa que já se possui:
“Ele dará vida eterna aos que, persistindo em fazer o bem, buscam glória, honra e imortalidade” (Romanos 2:7)
A própria presença da “árvore da vida” no Jardim do Éden já é em si mesma uma prova indiscutível contra a imortalidade da alma. Se Deus já tivesse colocado uma alma imortal no homem, por que raios teria posto uma árvore da vida no meio do jardim, que servia justamente para trazer imortalidade (Gn.3:22), ou seja, para fazer a mesma coisa que supostamente a “alma imortal” já fazia? Não está claro como a luz do dia que a imortalidade não era uma possessão natural presente no homem, mas estava condicionada à obediência a Deus, da qual o homem se apartou, atraindo para si o inverso, ou seja, a mortalidade?
• Considerações Finais
Já vimos que, na montagem do homem (criação), Deus sopra o espírito em nosso corpo, tornando-nos almas viventes, e que na desmontagem (morte) este espírito volta a Deus, o corpo retorna ao pó e voltamos a ser almas mortas. Portanto, na remontagem (ressurreição) o que ocorre é que Deus sopra novamente o espírito em nossa carne ressurreta, e, assim, tornamo-nos novamente “almas viventes”. Este é o conceito de ressurreição que aparece ao longo de toda a Bíblia, e que confronta fortemente a ilusão imortalista de que a ressurreição seja a religação entre corpo e alma.
Em síntese:
Para ilustrar a relação entre corpo, alma e espírito, pense no notebook. Não o seu notebook do ano, mas este meu notebook velho e com bateria viciada, que não funciona nem meio segundo sem o cabo de energia. Se eu tirar agora o cabo, ou se ele ocasionalmente se desconectar do notebook, o notebook desliga na mesma hora, e ele só volta a ligar quando eu recolocar o cabo. É só com o cabo conectado ao notebook que eu consigo acessar os arquivos que estão nele – inclusive isto que agora escrevo.
Este cabo que tem como função alimentar o notebook e torná-lo ativo é como o espírito, que tem como função tornar o corpo vivo, consciente. Quando eu tiro o cabo da tomada, não há mais nada ligado. O cabo sozinho não tem os programas do computador (se tivesse, o computador não seria nem necessário!). Da mesma forma, quando o espírito se separa do corpo, não há mais vida. O espírito não é o seu verdadeiro “eu”, mas é como o cabo, que ao ser desconectado do notebook não leva informações sozinho. A informação só existe quando há a interação entre o cabo e o notebook, ou entre o espírito e o corpo.
O notebook é como o corpo. Enquanto o notebook está alimentado pelo cabo de energia, ele está ligado. Mas se o cabo for desconectado, o notebook desliga e passa a ser somente um pedaço de metal. Da mesma forma, quando o espírito deixa o corpo na morte, o corpo continua sendo corpo, mas inativo (sem vida). A alma, por sua vez, é como os programas e as informações que estão no notebook. As informações estão ali se você tiver unido o cabo ao notebook. Senão, o computador desliga e as informações só são recuperadas quando alguém voltar a ligar o cabo ao notebook. Da mesma forma, a alma só volta a viver quando Deus soprar novamente o fôlego de vida em nosso corpo, nos ressuscitando.
O meu cabo de energia não é emprestado, mas suponhamos que seja, para o bem da analogia. O espírito que nós temos não é “nosso” propriamente dito, mas vem de Deus – é “o sopro do Todo-poderoso, que me concede vida” (Jó 33:4). Ele está conosco como um “empréstimo”, mas veio de Deus e voltará para Deus (Ec.12:7). A vida consciente só existe quando há a junção de corpo e espírito (que é igual a uma “alma vivente”), assim como meu notebook só liga se houver a conexão entre o cabo e a entrada do computador.
Se eu só tiver o notebook (corpo), não consigo acessar os arquivos (alma). Se eu só tiver o cabo (espírito), também não consigo. Só há alma viva quando há a junção de espírito e corpo. Sem essa junção, há apenas morte – o inverso de vida. Quando o cabo (espírito) volta ao seu dono original (Deus), meu notebook (corpo) desliga (morre), e junto com ele todas as suas informações (alma), até que novamente o cabo seja religado ao computador (ressurreição).
Sendo assim, afirmar que a alma permanece viva depois da morte e que leva consigo consciência e personalidade para a vida no além, é simplesmente tão absurdo e disparate quanto seria se alguém dissesse que um notebook não precisa de bateria para funcionar, ou que o cabo de energia sozinho já seja suficiente para acessar os arquivos sem o computador, ou então que quando o notebook quebra não é preciso consertá-lo para acessar os arquivos que estão nele, porque você não precisa de um computador para acessar aquilo que está dentro do computador!
O que você pensaria de alguém que dissesse que quando um computador quebra não é preciso religá-lo para acessar os arquivos, mas que os arquivos automaticamente deixam o computador e aparecem na sua frente em perfeitas condições, como se você nem precisasse do notebook para acessar os arquivos? É deste jeito que a Bíblia considera absurdo pensar que a alma possa sobreviver conscientemente à parte do corpo, tornando inútil a ressurreição.
É por isso que é tão inconcebível a vida fora do corpo, assim como é inconcebível que se acesse um arquivo do computador enquanto o computador está desligado. É por isso que “ligar o computador” (ressuscitar dos mortos) é tão fundamentalmente importante – porque, sem isso, ele ficaria desligado para sempre. Os arquivos podem ser guardados em um pendrive, mas não podem ser acessados até que alguém coloque o pendrive em um computador. Deus tem um “pendrive” com o “backup” de toda a nossa memória, caráter, personalidade e de tudo aquilo que faz você ser você, e haverá um dia em que Ele colocará esse pendrive em um notebook novo, sem defeito, consertado e reformado, tornando novamente acessíveis os arquivos do computador.
Este é o dia da Sua vinda em glória, em que ele ressuscitará nosso corpo mortal, tornando-o imortal, incorruptível e glorioso, momento no qual voltaremos à vida e à existência que antes tínhamos perdido. Essa é a verdadeira esperança do cristão, o apogeu de todo o Novo Testamento, o firme fundamento que foi tão esquecido com o passar do tempo, quanto mais a imortalidade da alma foi entrando na Igreja. A ressurreição só existe porque a vida fora do corpo é impossível. Se fosse possível, a ressurreição não apenas seria desnecessária, mas também perderia o sentido. É porque a vida precisa de um corpo que vivemos em um corpo e ressuscitaremos em um corpo.
• Refutações
Não vou me alongar aqui refutando a quase uma dúzia de objeções imortalistas extraídas de um punhado de textos pincelados e tirados do contexto. São os mesmos de sempre, e mesmo depois de nós refutarmos devidamente argumento por argumento eles nunca refutam nossa contra-argumentação e depois sempre voltam com as mesmas falácias, pensando que vencem pelo cansaço. Por isso, embora já batidos e refutados, argumentos como os expostos na tabela abaixo frequentemente voltam à tona a cada vez que este tema é colocado em pauta. Mas basta clicar no link correspondente no lado direito da tabela para conferir a refutação:
TEXTO
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RESPOSTA
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Parábola do rico e Lázaro
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O ladrão da cruz e o “hoje”
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Partir e estar com Cristo
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Moisés vivo no monte da transfiguração
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As “almas” debaixo do altar
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Não temam aqueles que não podem matar o corpo, mas não a alma
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Os “espíritos” em prisão
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Significado de Sheol/Hades
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Levar cativo o cativeiro
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Um espírito não tem carne e osso
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No corpo ou fora do corpo
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“Samuel” aparecendo a Saul em En-Dor
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Deus de vivos, não de mortos
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A existência de dois juízos (particular e geral)
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O bicho que não morre
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O fogo eterno
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O “castigo eterno” de Mateus 25:46
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Apocalipse e o tormento eterno
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O lago de fogo
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Paz a todos vocês que estão em Cristo.
Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (www.lucasbanzoli.com)
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