“Nossa oração é que vocês sejam aperfeiçoados” (2 Coríntios 13:9)
Muitas pessoas se perguntam sobre “por que estamos aqui”. Essa é a pergunta-chave que envolve não somente essa atual geração, como também com praticamente todas as que já passam por essa terra. A pergunta: “com que objetivo estamos aqui?” bate na cabeça de muitas pessoas. Alguns simplesmente a ignoram, outros a desprezam, outros buscam dedicar a vida inteira para correr atrás dessa resposta e outros inventam as teorias mais mirabolantes na tentativa de não deixar lacunas para essa pergunta; mas, de fato, muitos poucos chegam a oferecer uma resposta satisfatória para essa questão.
Uma única coisa as pessoas não podem negar realmente: Que essa questão não existe! Todos somos envolvidos por ela, querendo ou não, gostando ou não. Independente do grau no qual nos relacionamos com ela, todos sabemos que ela existe e que constitui uma peça fundamental na qual não apenas os teólogos, mas também filósofos, psicólogos e anônimos de todas as partes buscam oferecer resposta. Como cristãos, estamos acostumados a responder essa pergunta da forma mais clássica o possível: “Para salvar as almas pecadoras”; “Para glorificar a Deus”; “Para evangelizar toda criatura”; ou então: “Para viver uma vida em Cristo e para Cristo”.
Todas essas respostas são verdadeiras, e eu não estou de modo algum tentando negá-las. Mas existe ainda um dos pontos mais fundamentais que muitas pessoas se esquecem na hora de responder a essa pergunta: “Para crescer”! Sim, de fato, é o crescimento o maior objetivo do mundo material, algo que acontece da maneira mais natural o possível. Nascemos, crescemos e morremos. Este quadro acontece com praticamente todas as pessoas, ou pelo menos com aquelas que chegaram à fase de crescimento ainda em vida. Por mais que alguém negue, crescer é um dos maiores objetivos da vida. As pessoas querem crescer em prosperidade, crescer materialmente, crescer financeiramente, crescer em posição social, crescer em classe, crescer, crescer, crescer...
Uma única coisa pode vir à mente: Por que tanto essa obsessão por crescimento? Por que as pessoas simplesmente não ignoram isso e tentam viver um padrão de vida voltado ao regresso? Por que elas não vivem com o objetivo de regredir financeiramente, regredir em escala social, etc? Simplesmente porque existe em nós um padrão que clama por crescimento. No mundo espiritual o que ocorre é a mesma coisa. Nós fomos feitos criaturas de Deus para crescermos espiritualmente e nos tornar filhos eleitos de Deus. Fomos feitos para crescer espiritualmente, superar obstáculos e desafios cada vez maiores, vencermos as tentações, andarmos por sobre as águas. Não estou dizendo que não temos que ter limites. É evidente que existe um limite no qual nenhum de nós deve ultrapassar.
Por exemplo, todos nós podemos querer constituir uma família um dia, mas é errado cobiçar a família e a casa do próximo! Esse deve ser um crescimento no sentido que não sirva para a nossa própria vanglória e que não sirva de pedra de tropeço para o nosso vizinho. Tendo em vista isso, é inegável que crescer espiritualmente é um dos maiores objetivos que nós temos como cristãos. A partir daqui, vamos tentar compreender como que na visão cristã ocorre o crescimento espiritual. Enquanto um pecador está no pecado, ele nem sequer existe para o reino espiritual. Não estou aqui falando que ele não está sujeito à guerra e batalha (o que todos – cristãos ou não-cristãos – estão sujeitos, querendo ou não), o que eu estou dizendo é que ele ainda não vive para Cristo, ou seja, é um morto espiritual:
“Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos” (João 3:14)
“Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida” (João 5:24)
Em outras palavras, enquanto você vivia no pecado, você estava morto - você nem mesmo existia! Quando você aceita a Jesus e tem um arrependimento genuíno e produz frutos que revelam o seu verdadeiro arrependimento, você passa a ficar vivo. Mas não fique tão feliz assim (apesar de isso já ser uma boa notícia), porque você agora é um bebezinho (lembre-se sempre que estamos falando de “verdades espirituais para os que são espirituais” – 1Co.2:13!). Você agora é como um bebezinho, que acabou de nascer:
“Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo” (João 3:7)
“Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (João 3:3)
Quando você se converte mostrando um arrependimento verdadeiro, passando da morte para a vida (passou a estar vivo), não pense que você já nasce bem adulto ou velho. A nossa idade natural não tem absolutamente nada a ver com verdades espirituais. Você nasce no Espírito da mesma maneira que você nasce pelo mundo: bebê! Você agora é uma “nova criatura” (2Co.5:17), que “nasceu de novo” (Jo.3:3; Jo.3:7). Agora pense: o que é que um bebê precisa? R= De mamadeira, de leite! É exatamente isso o que a Bíblia nos mostra quando nascemos de novo:
“Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino” (Hebreus 5:13)
“Com leite vos criei, e não com alimento sólido, porque ainda não podíeis, nem tampouco ainda agora podeis” (1 Coríntios 3:2)
“Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite, e não de alimento sólido” (Hebreus 5:12)
Infelizmente, tem muitos “nascidos de novo” que se contentam apenas com isso: com o leite! Não querem ou não conseguem crescer, permanecem como bebês para sempre! De fato, é exatamente isso o que veio a acontecer com a igreja de Corinto (1Co.3:2) e com os hebreus (Hb.5:12). Pelo tempo, o autor diz que eles já deveriam ser mestres, mas eles ainda não tinham deixados de serem bebês que precisavam de leite! Mas é bom também declarar que este “leite” não é algo ruim; pelo contrário, é algo necessário, é algo útil para um bebê. Afinal, é algo que todo nascido de novo precisa, porque é desta maneira que se cresce para um alimento sólido.
“Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo”(1 Pedro 2:2)
O problema não é ter leite, pois ele é necessário para crescermos a fim de possuirmos o alimento sólido; o problema é se contentar somente e sempre com o leite e não querer (ou não conseguir) crescer para o alimento sólido, se tornar um adulto, um forte na fé. Se você crescer bastante, você pode até vir a se tornar um gigante da fé! (ver Hebreus 11,12). Mas, como todas as crianças naturais tem que saírem do leite, assim também todas as crianças espirituais tem que se libertar dele e crescer. Afinal, esse é o objetivo de todas as pessoas, tanto das naturais como das espirituais!
Como você pode saber se você é uma pessoa morta, uma criança, ou um gigante da fé? Simples, basta olhar para a sua própria vida. Você coloca o Reino de Deus acima de todas as demais coisas, ora, jejua, louva, vai à igreja, e lê a Bíblia, todas essas coisas regularmente? Parabéns, você já pode considerar-se um adulto da fé, “sem ter que se comparar com ninguém” (Gl.6:4). Se você tem um verdadeiro amor para com Cristo e transborda este amor em obras [ações, frutos] de justiça por você praticadas, vivendo em amor e santidade, tendo domínio próprio, humildade e forças para vencer o pecado e as tentações, estes são sérios sinais de que você já é um adulto (ou até um gigante) da fé!
Mas se você não ora regularmente, não abre a Bíblia diariamente, tenta viver uma vida de santidade (mas não consegue), acha que ir uma vez por semana na igreja é motivo de soltar rojões, e coloca o Reino de Deus em segundo, terceiro, ou quarto lugar na sua vida, então tenha em vista que você ainda não passa de uma criança na fé e que precisa de aperfeiçoamento e maturidade espiritual; não fique tão triste por isso, mas tenha em mente que a sua negação de mudança tem por consequência a morte. E se você dá lugar ao diabo, vive em ira e discussões, está tão preocupado com as coisas da vida que acha que Deus tem que dar um tempo pra você, não tem uma vida diária de constante oração, e coloca o Reino de Deus perto da zona do rebaixamento, então você não tem que se preocupar com a sua salvação, porque você nem salvo é – está morto!
E infelizmente o diabo consegue fazer com que muitas pessoas fiquem satisfeitas e felizes com o leite espiritual, e não crescem, e depois fica muito mais fácil depois para matá-las e tirá-las do Reino. Pessoas assim não perseveram, “ouvem a mensagem do Reino e não a entende, o maligno vem e lhe arranca o que foi semeado em seu coração” (Mt.13:19), reclamam e murmuram contra Deus a tal ponto que o povo israelita no deserto são “heróis da fé” perto deles, “não tem raiz em si mesmo, permanecem por pouco tempo; quando surge alguma tribulação ou perseguição por causa da palavra, logo a abandonam” (Mt.13:21), não tem um verdadeiro e legítimo amor para com Deus e “a preocupação desta vida e o engano das riquezas a sufocam, tornando-a infrutífera” (Mt.13:22), se Deus acabar poupando esta geração ele terá que se desculpar pelo o que ele fez com Sodoma e Gomora!
É necessário, pois, que sejamos maduros, íntegros, crescidos, gigantes da fé, que já saíram do leite e foram para o alimento sólido. Se você se acostumar com o leite, você não terá forças para resistir às tentações da carne e, querendo ou não, gostando ou não, será presa fácil dos “dardos inflamados do maligno”(Ef.6:16). Você terá bases pouco consistentes, e será como o homem que construiu a sua casa sobre a areia, “desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda” (Mt.7:27).
Sair do leite implica em crescer para a salvação:
“Como crianças recém-nascidas, desejem de coração o leite espiritual puro, para que por meio dele cresçam para a salvação” (1 Pedro 2:2)
Ou seja, são as pessoas maduras que são salvas. Se conviver e se acostumar ao leite espiritual fosse o suficiente para a salvação, então Pedro não teria escrito que, após o leite espiritual, deveríamos crescer para, aí sim, sermos salvos. Afinal, se o leite fosse o suficiente para a salvação, então nós não deveríamos crescer para sermos salvos, pois já estaríamos salvos! Ora, o propósito pelo qual fomos designados de antemão por Deus foi para que fôssemos iguais ao seu Filho, Jesus Cristo:
“Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Rm.8:29)
E o Filho não era uma pessoa imatura, pelo contrário, é o Rei dos reis e Senhor dos senhores (Ap.19:16), que foi igual a nós em todos os aspectos (Hb.2:17), contudo, não cometeu pecados (Hb.4:15). É com relação a este Jesus, o Cristo, que devemos ser comparados. Devemos ser a imagem dele e, se não formos a imagem dele, então segue-se que nós não fomos de antemão conhecidos por Ele (pré-ciência), e segue-se também que não somos filhos, mas apenas criaturas, dignas da ira de Deus que há de se consumar do final dos séculos, pois “aquele que afirma que permanece nele, deve andar como ele andou”(1Jo.2:6).
Não devemos nos comparar com nós mesmos, pois “quando eles se medem e se comparam consigo mesmos, agem sem entendimento” (2Co.12:10). Devemos que nos comparar com Jesus, “crescendo em tudo naquele que é a cabeça, Cristo” (Ef.4:15). Se nós ainda não chegamos à plenitudade de Cristo, ainda que temos que crescer! Isso explica o porquê da oração de Paulo: “nossa oração é que vocês sejam aperfeiçoados” (2Co.13:9). Paulo não se contentava que os seus discípulos ficassem apenas com o leite; ele queria que eles crescessem – crescessem para a salvação!
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Por: Lucas Banzoli.
Extraído de meu livro: "Como Vencer o Pecado".
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